quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Pronto, voltei!

Olá gente! Consegui sentar-me em frente do computador (agora um mac daqueles peso pluma) e espero que este seja o recomeço do blog.
Já passou mês e meio e então não sei bem por onde pegar para contar novidades. Terão que ser mesmo lugares comuns:
Macau é um sítio tirado de um livro de histórias. Eu podia dizer que aqui tudo é em miniatura, mas estaria a deixar de fora uma grande parte da cidade (ou para ser precisa, desta Região Administrativa Especial de Macau, RAEM): os casinos. No que toca ao jogo, Macau é maior que Las Vegas. Sabiam? Não vos sei dizer quantos há mas são umas boas dezenas. E são tal qual nos filmes: os maiores, os mais dourados, os mais exagerados, os mais luxuosos. Jogar é proibido na China Continental e por isso os turistas vêm para cá aos molhos, trazendo prosperidade económica aqui ao burgo.
Aliás, uma coisa estranhíssima para quem vem agora da Europa é este cheiro a esperança que se sente, são as notícias de crescimento económico sempre maior que no ano anterior. A China, e Macau em particular, está cada mais rica. Aqui as coisas fazem-se. Como é mesmo o ditado? "Deus quer, o homem sonha, a obra nasce"? Pronto, é mais ou menos assim, com uma aura mais capitalista - sim, que aqui pouco sobra do comunismo.
Mas estava eu a dizer, além dos casinos e de tudo o que os rodeia (corrupção, vício, prostituição), Macau tem aquele lado muito Alfama, muito bairrista, muito pequeno que eu adoro.
Claro que esse lado que eu mais gosto também traz desvantagens, como as baratas, o caos urbanístico, a sujidade, a confusão. Mas são coisas, com excepção das baratas, às quais rapidamente nos afeiçoamos.
Aqui o comércio é quase todo local, o que é adorável, tudo o que andamos sempre a defender para Lisboa, mas pouco prático para quem trabalha 12 a 14 horas por dia. Dava jeito uma loja onde se pudesse ir e comprar tudo de uma vez e onde houvessem coisas assim mais estilosas. Para isso é ir a Hong Kong (ainda não fui). Não entendam isto como uma queixa, no entanto. Eu adoro que assim seja, mesmo que às vezes não seja tão eficaz como gostaria.
Claro que há toda a questão da língua. Não, as pessoas não falam inglês e não, também não falam português. E eu além de "m'goi" (obrigado e com licença) não sei muito. Os meus amigos de cá sabem mais mas também nada por aí além. A coisa faz-se com muita mímica e algum chinglês. E boa vontade.
Fazer amizade com chineses, infelizmente, é muito complicado. A começar pela língua, claro. Mas também há mesmo uma maneira de estar muito diferente e uma abertura muito menor da parte deles. Lá no jornal damo-nos muito bem com a jornalista chinesa, mas tem-se ficado por aí.
Macau é um sítio muito especial, muito misturado. É China mas é muito diferente, foi Portugal mas não é nada europeu. Aqui há calçada portuguesa, pastéis de nata e todos os nomes das ruas estão escritos em português. Tudo o que é oficial ainda é em português e todas as conferências de imprensa têm tradução - até 2049 a língua portuguesa continuará a ser a oficial, juntamente com o chinês, são as regras do período de transição pós transferência de Macau para a China.
Aqui fala-se o cantonês, que não é bem língua mas também não é dialecto e que eu acho muito mais giro que o mandarim.
É muito única, muito tradicional, muito moderna, muito castiça esta Macau. É feita de postais e eu já tirei fotos para dar e vender.
A comida é deliciosa e não, não se comem cães nem gatos. Mas come-se tartaruga - este foi para mim o maior choque gastronómico (não comi nem vou comer). O tapau (take away) impera e é bomzito mas enjoa. O bom, bom, é ir a um restaurante. Além da comida ser óptima é toda uma experiência porque o conceito de restaurante é bastante diferente, muito tasca, muito 'messy'. Claro que também há restaurantes ditos 'normais' e muitos hiper luxuosos mas esses, principalmente os últimos, pouco ou nada me atraem.
Ah, e para não vos maçar muito neste primeiro post, finalizo com um esclarecimento muito importante: macaenses não são as pessoas de Macau. E dizer isso gera todo um problema diplomático. Macau é China, as pessoas de Macau são chinesas. Os macaenses são um grupo étnico, são os descendentes da mistura entre chineses e portugueses. As famílias macaenses em têm todo um estatuto e árvore genealógica. Quem é de cá até identifica os apelidos. Os macaeses na generalidade falam português e têm um look muito particular que vem dessa mistura. A maioria são muito giros.
E agora vou entregar-me à difícil tarefa de escolher umas fotos para postar.

2 comentários:

Silly Little Wabbit disse...

Finalmente!!! :D
Então mas... e os tampões?

Fátima disse...

oh =) como eu devorei este post. quero fotos de macau!