terça-feira, 25 de novembro de 2008

O Desafio

Bem, eu não ia aderir a isto (até porque vi uns resultados infelizes), mas confesso, sou uma influenciável.
A Tracey já reservou o Bob, o Rui os Beatles, o Arrumadinho o Sérgio Godinho e a Pipoca o Frank Sinatra. Tudo boas escolhas. Tentem adivinhar a minha:

1) És homem ou mulher? Essa muída
2) Descreve-te: Sonhadores Inatos
3) O que as pessoas acham de ti? Frágil
4) Como descreves o teu último relacionamento: O Centro Comercial fechou
5) Descreve o estado actual da tua relação: Vermelho redundante
6) Onde querias estar agora? No Bairro do Amor
7) O que pensas a respeito do amor? Encosta-te a mim
8) Como é a tua vida? Olá, tenho que ir andando
9) O que pedirias se pudesses ter só um desejo? Dá-me lume
10) Escreve uma frase sábia: "Enquanto alguns fazem figura/ Outros sucumbem à batota/ Chega aonde tu quiseres/ Mas goza bem a tua rota"

O homem do Vôo Nocturno

P.S Para quem não sabe, o desafio é responder às perguntas com nomes de músicas de um artista que gostemos.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Os 10%

"Imaginem que todos os gestores públicos das setenta e sete empresas do Estado decidiam voluntariamente baixar os seus vencimentos e prémios em dez por cento. Imaginem que decidiam fazer isso independentemente dos resultados. Se os resultados fossem bons as reduções contribuíam para a produtividade. Se fossem maus ajudavam em muito na recuperação.
Imaginem que os gestores públicos optavam por carros dez por cento mais baratos e que reduziam as suas dotações de combustível em dez por cento. Imaginem que as suas despesas de representação diminuíam dez por cento também. Que retiravam dez por cento ao que debitam regularmente nos cartões de crédito das empresas. Imaginem ainda que os carros pagos pelo Estado para funções do Estado tinham ESTADO escrito na porta. Imaginem que só eram usados em funções do Estado. Imaginem que dispensavam dez por cento dos assessores e consultores e passavam a utilizar a prata da casa para o serviço público. Imaginem que gastavam dez por cento menos em pacotes de rescisão para quem trabalha e não se quer reformar. Imaginem que os gestores públicos do passado, que são os pensionistas milionários do presente, se inspiravam nisto e aceitavam uma redução de dez por cento nas suas pensões. Em todas as suas pensões. Eles acumulam várias. Não era nada de muito dramático. Ainda ficavam, todos, muito acima dos mil contos por mês. Imaginem que o faziam, por ética ou por vergonha. Imaginem que o faziam por consciência. Imaginem o efeito que isto teria no défice das contas públicas. Imaginem os postos de trabalho que se mantinham e os que se criavam. Imaginem os lugares a aumentar nas faculdades, nas escolas, nas creches e nos lares. Imaginem este dinheiro a ser usado em tribunais para reduzir dez por cento o tempo de espera por uma sentença. Ou no posto de saúde para esperarmos menos dez por cento do tempo por uma consulta ou por uma operação às cataratas. Imaginem remédios dez por cento mais baratos. Imaginem dentistas incluídos no serviço nacional de saúde. Imaginem a segurança que os municípios podiam comprar com esses dinheiros. Imaginem uma Polícia dez por cento mais bem paga, dez por cento mais bem equipada e mais motivada. Imaginem as pensões que se podiam actualizar. Imaginem todo esse dinheiro bem gerido. Imaginem IRC, IRS e IVA a descerem dez por cento também e a economia a soltar-se à velocidade de mais dez por cento em fábricas, lojas, ateliers, teatros, cinemas, estúdios, cafés, restaurantes e jardins.
Imaginem que o inédito acto de gestão de Fernando Pinto, da TAP, de baixar dez por cento as remunerações do seu Conselho de Administração nesta altura de crise na TAP, no país e no Mundo é seguido pelas outras setenta e sete empresas públicas em Portugal. Imaginem que a histórica decisão de Fernando Pinto de reduzir em dez por cento os prémios de gestão, independentemente dos resultados serem bons ou maus, é seguida pelas outras empresas públicas. Imaginem que é seguida por aquelas que distribuem prémios quando dão prejuízo. Imaginem que país podíamos ser se o fizéssemos.

Imaginem que país seremos se não o fizermos."

Mário Crespo

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Pornografia Infantil, NÃO

Se o Bush criou o Eixo do Mal com países, os bloggers também podem renovar o conceito. Porque jamais o Mal (assim com maiúscula) foi exclusividade de uma nação, uma raça, uma língua ou uma religião. Essa coisa do Mal existe nos indivíduos, e nunca saberemos ao certo se resulta de uma distorção cerebral, ou de uma alma defeituosa. Ok, podre.
O que sabemos é que o esse Eixo passa por estas palavras: angels, lolitas, boylover, preteens, girllover, childlover, pedoboy, boyboy, fetishboy ou feet boy.
São os termos mais usados na pesquisa de pornografia infantil. Hoje a blogosfera adere a uma campanha para trocar as voltas a quem escreve estas palavras nos motores de busca. O objectivo é "entupir os motores de busca com os nossos posts para que no dia de hoje, o dia D, este crime tenha uma barreira a mais".
Para mais esclarecimentos ir a http://margemdeerro.blogspot.com/2008/11/pornografia-infantil-no.html

"Porque os blogs não têm de ser só “diários egocêntricos”.
Hoje vi o primeiro Pai Natal pendurado do ano. Era daqueles pequeninos, a sair de uma varanda, à estilo enforcado.
Tive medo.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Suspender a democracia

Não se pode fazer reformas contra as próprias classes profissionais, disse Manuela Ferreira Leite. Quer dizer, até se pode, mas não em democracia, corrigiu. "Até não sei se a certa altura não é bom haver seis meses sem democracia, mete-se tudo na ordem e depois então venha a democracia".
Na verdade isso da democracia é um empecilho. Livrem-se disso.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Em relação aos protestos dos professores

Ultimamente tenho ouvido algumas opiniões bastante levianas sobre os protestos dos professores em relação à avaliação. Que não querem fazer nada, que querem passar impunes, que querem ter um estatuto diferente dos outros trabalhadores.
Primeiro que tudo, há que perceber que a escola não é uma empresa e não pode ser tratada como tal. Mas isso é a minha opinião pessoal.
Os motivos porque me oponho a essa avaliação são vários e bastante bem fundamentados, mas nada originais, e já foram amplamente explicados por muitos especialistas, por isso não os vou repetir.
O que quero dizer a essas pessoas que falam à boca cheia sobre assuntos sobre os quais pouco percebem é: não vos parece bastante arrogante rotular de "preguiçosa" a esmagadora maioria de uma classe trabalhadora completamente heterogénea? Um contestação como esta nunca se viu. O número de manifestantes nas ruas atingiu recordes e desafio-os a encontrar um professor que esteja de acordo com a situação. Não quererá isto dizer que de facto alguma coisa está mal? Talvez devessem parar e escutar. Seria sensato.

sábado, 15 de novembro de 2008

Long time no see

Há momentos em que me atrapalho com a minha própria condição de ser humano:

- Olá! Há quanto tempo!
- Pois é! Estás boa?
- Sim, e tu?
- Também
- Está a ser giro o concerto, não está?
(não é nada disto que quero dizer, mas não consigo dizer mais nada)
- Sim, estou à espera de Deolinda.
- Ah, eu também, nunca vi.
(sorrisos, silêncio)
- Estás bem?
(quero mesmo saber se estás bem, quero que saibas que podes contar comigo sempre. Eu sei que às vezes sabe bem falar com alguém de fora, que nos oiça como se fosse a primeira vez. Liga-me um dia destes)
- Sim... Cortaste o cabelo!
- Tu também! Está giro! Não tinha certeza se eras tu, mas estás igual, és inconfundível.
(nunca me esqueci de ti. E claro que vi logo que eras tu, mas tive medo de não saber o que dizer, de parecer insensível, ou de parecer demasidado sensível...)
- Que giro encontrarmo-nos.
- Sim! Bem, vou voltar para ali.
- Beijinhos! Temos combinar qualquer coisa!
- Sim!

Faço figas para que saibam de todas as coisas que não digo mas quero dizer.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Esse facto?

Gostei especialmente do meu horóscopo hoje, no Global Notícias:

"Esse facto provocará em si alguma falta de autoconfiança. Sentir-se-á particularmente apaixonado."

Ou alguém se enganou no copy/paste, ou o Miguel de Sousa (o astrólogo) referia-se à sandes que comi ao almoço, que de facto me deixou desconfiada.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Ele não gosta nada de sair à noite

Só hoje consegui acabar de ler a entrevista da Pública ao Santana Lopes.
Há uma parte em que o jornalista Paulo Moura lhe faz algumas perguntas sobre a imagem que ele tem de homem que anda sempre em festas, facto que ele nega veementemente.
Há uma resposta que achei particularmente hilariante:

O que fez ontem, por exemplo?
Ontem fui conversar com um amigo meu, fomos para ao pé do rio, como faço muitas vezes. Fui ao Piazza di Mare, ao Caffeine. Mas a maior parte das noites não saio [que coincidência ter-me perguntado logo pela única noite em que saí!]. Ao fim-de-semana saio com a pessoa com quem vivo e com os meus filhos. Vou a Sesimbra. Sábado fui almoçar a Serpa. Agora: não me apanham em festa nenhuma. Olhe, sábado tenho uma festa de anos. É uma festa com muita gente, enfim, tenho e ir. [Então mas não tinha dito que nunca o apanhavam em festas?] Mas por mim, não vou. Sei que a minha imagem é ao contrário, mas não há nada a fazer. Agora, se me perguntar: vai a recepções de embaixadas? Não, não vou. No outro dia fui à do Brasil, no dia da independência [Mas afinal, vai ou não vai?]. O embaixador foi muito simpático, disse que gostava muito que eu fosse. E fui [Foi só porque insistiram!]. Nesse dia fui a três cerimónias: essa, a entrega do prémio da Fundação Champalimaud e outra no Espaço Chiado [Para quem não ia a nenhuma...]. Tinha obrigação de ir. Era da sobrinha do rei de Espanha, que eu conheço [tenho amigos na realeza!]. Lançava um produto e convidou-me. Cumpri a minha obrigação e fui-me embora. Porque eu desisti de ir a festas.

Os Amigos

Se há coisa que um jornalista aprende desde cedo é que nada é estanque. E se o mundo muda, também mudam os amigos.
Tal como devemos rever o pódio do filme e da música preferidos, convém fazer updates mentais do/a melhor amigo/a e de quem se encontra na guestlist a que chamamos "os meus amigos".
Um dia disseram-me "nunca se sabe quando vais conhecer um amigo para toda a vida". Nunca mais me esqueci disso. Passei a questionar mais os lugares cativos para a bancada dos super-amigos, para a dos colegas, dos conhecidos, dos mais-ou-menos-amigos (estilo não-lhes-contava-dramas-existênciais). A lista muda e nem sempre é fácil admiti-lo. Damos títulos a quem já passou o prazo de os merecer, e excluímos quem na verdade já faz parte das nossas maiores simpatias. É como quando continuamos a dizer que banda X é a nossa preferida apesar de não a ouvirmos há mais de um ano.
Façam-se updates ousados. Reciclem-se as agendas telefónicas e o speed-dial.
"Nunca se sabe quando vais conhecer um amigo para toda a vida".

Para o Pedro

Nobody can tell you
There's only one song worth singing
They may try and sell you
Cause it hangs them up
To see someone like youuuuuuuuuu

But you gotta make your own kind of music
Sing your own special song
Make your own kind music
Even
if
nobody
else
sings
alooooooooooong

You're gonna be nowhere
The loneliest kind of lonely
It may be rought going
'Cause to do your thing is the hardest things to dooooooooo

But you gotta make your own kind of music
Sing your own special song
Make your own kind music
Even
if
nobody
else
sings
aloooooooooooong

So if you cannot take my hand
(paraparapapapapa)
And if you must be going, I'll understaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaand

You gotta make your own kind of music
Sing your own special song
Make your own kind music
Even
if
nobody
else
sings
alooooooooooooooooooooong
!!!!!!!!

Agora não digas mais que te roubei a música.

domingo, 9 de novembro de 2008

Pequenos ditadores

Todos nós já nos cruzámos com um: nas finanças, no centro de saúde, nas repartições públicas ou na polícia. Abusam do pouco poder que têm e muitas vezes maltratam quem lida com eles. A maioria das vezes somos apanhados de surpresa e submetemo-nos a esses caprichos de pequeno Hitler. Só depois nos apercebemos e amaldiçoamos a passividade: para a próxima, prometemos, dizemos-lhe das boas.
O problema é quando o pequeno ditador nos testa a paciência diariamente. Aí, meus amigos, o drama é outro. O desafio é conseguir equilibrar entre morder a língua vezes suficiente para não tornar o ambiente insuportável e fazer valer a nossa opinião, para que não nos tome por carneiro.
Podemos imaginar que seremos tão diplomáticos, tão eloquentes, tão compreensivos, que o nosso interlocutor se vai render às evidências. Imaginamos até uma interessante troca e opiniões, em que acabamos bem cotados na escala da consideração. Sim, podemos imaginar isso tudo. Se não nos calhar na rifa um daqueles espécimes que nasceram não com o rei, mas com o imperador na barriga. Só com uma cesariana mesmo.
Ao apercebermo-nos da clareza dos factos, a mente enche-se de notas mentais que apelam à calma, ao estado zen, à mais plácida indiferença. Postura que alterna com piadinhas mentais e ironias cruéis. "A partir de hoje não vou ligar, não vou provocar, não vou responder". Sou o Gandhi cá do sítio.
Mas quando o pequeno ditador exprime barbaridades em catadupa a língua ganha um formigueiro. E há um momento em que pensamos "vou só atirar com esta, mas não respondo a retaliações". Qual quê! Não vão nessa, é o meu conselho. A resposta vem tão rápida que nem vamos ter tempo de evocar imagens de prados e música à "Oceano Pacífico". Quando damos por nós já é tarde demais. As palavras já saíram e são indisciplinadas: indignadas e ofendidas, não querem saber de mais ordens, apenas querem repor a justiça.
Com o caldo entornado, arrependemo-nos. E logo a seguir não, porque era merecido. E logo a seguir sim, porque era dispensável. E logo a seguir não, porque temos que impor respeito. E logo a seguir sim, porque, como todos dizem, "não vale a pena".
O problema é que ignorar os delírios dos pequenos ditadores faz-me sempre sentir que compactuo com eles. Se uma pessoa, digamos, disser "Aqui nunca se vai contratar um preto porque detesto pretos"* e eu não disser nada, sinto-me um verme humano.

O bom senso é uma coisa muito difícil de utilizar.

* frase fictícia, apenas a título de exemplo. Sim, eu conheço os meus leitores, já estavam com ideias.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Machismo

Venho aqui recuperar um tema que já deu pano para mangas: o machismo. Isto porque esta semana li um artigo no Courrier que diz que Portugal é uma sociedade profundamente machista. Deixo uns excertos:

"A liberdade sexual é «para as estrangeiras», porque «uma mulher portuguesa como deve ser não sai com um rapaz sem o conhecer bem, e só sai à noite se o namorado for com ela. Ver um grupo de amigas num bar, à noite, é uma imagem terrível», afirma Ana, juíza de 35 anos, que não sai à noite. «Sou juíza numa cidade pequena e, se me virem por aí, deixam de me respeitar», explica".

De seguida vem a opinião de um homem que diz que «uma rapariga que conhece na noite é para diversão» e não serve para casar.
O artigo centra-se muito, também, nos baixos números de mulheres na política, em cargos altos de empresas ou de professoras universitárias. E claro, no drama da violência doméstica, usando o exemplo de um homem que matou a mulher e teve a pena reduzida para quatro anos por se considerar que tinha havido "violação dos deveres conjugais".
Estas últimas questões são óbvias, infelizmente. Mas é no que toca à "esfera social", onde, diz o artigo, "Portugal exibe um machismo mais preocupante" que as dúvidas me assaltam.
Não acho que socialmente as coisas sejam assim, como no exemplo citado. Se me vierem dizer que o País é mais machista no interior, nas pequenas cidades, até posso acreditar. Desde que não me venham com essa do "País real", porque Lisboa e Porto (e com certeza muitas outras cidades) também são o País real e a minha experiência é tão válida como a de uma senhora em Freixo de Espada à Cinta. Se não se pode dizer que Lisboa representa Portugal, também não se pode dizer que as aldeias rurais é que definem a sua essência.
Com isto não quero dizer que não há machismo. Quando os chamados "homens das obras" gritam "ó boa" (para não estar a dar exemplos menos próprios) e a sociedade aceita isso como sendo uma coisa "normal", isso é machismo do mais nojento. Quando troco de passeio na rua porque sei que vou ser assediada, e entendo isso como parte do dia-a-dia, só posso assumir que o machismo existe.
Mas custa-me entrar naquela conversa muito revoltada, quando nunca senti que uma oportunidade me era vetada por questões de género. Um grupo de amigas num bar, à noite, nunca foi mal visto. Nem raparigas sairem sem o namorado. Nem ficar com má fama por sair à noite. Portugal não é isso. O meu Portugal, pelo menos, não é.

Bom, mas o motivo porque estou a escrever o post é exactamente porque esta questão não é clara. Há demasiadas nuances. O artigo que citei foi escrito, curiosamente, por um jornal espanhol. Não são os espanhóis tão machistas quanto os portugueses? Ainda se fosse um jornal sueco, eu percebia que um enviado especial sentisse um contraste.
Peço a todos que deixem um comentário com a vossa opinião. Principalmente quem mora, morou ou conhece bem a vivência de outros países.

Afinal, somos machistas ou não? E: não serão as próprias portuguesas culpadas de muitas das situações referidas? Não são muitas vezes elas que se afastam de determinadas profissões por considerarem ser "um trabalho de homens"?
"Não posso viver com alguém que não possa viver sem mim" - Nadine Gordimer, escritora

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Rescaldos

“No relvado, nas avenidas envolventes, a multidão reagia com euforia. "Isto é emocionante e lindo e extraordinário. Esta é a essência do nosso país: um lugar onde tudo é possível", comentava Nathan, estudante da Roosevelt University. Na hora em que a vitória de Obama foi confirmada, a maior parte dos jornalistas também levantava os braços. "Será que devíamos tentar entrevistar os jornalistas a chorar?", questionava-se uma correspondente internacional.

(...)

Judith Helfand, uma documentarista de Nova Iorque, viajou até Chicago para "viver a história" com os seus novos amigos do Southside, um dos bairros mais desfavorecidos da cidade e onde Obama iniciou a sua carreira de activista comunitário. Judith conhece bem o lugar, onde tem passado dias e dias, na sequência do seu trabalho: um filme sobre a onda de calor que assolou Chicago no Verão de 1995 e que matou 739 pessoas nas zonas pobres da cidade."Vê-los no parque, estes adolescentes de brincos brilhantes nas orelhas, de lágrimas nos olhos, a abraçarem-se de felicidade, a discutirem a distribuição dos votos e os desafios do Presidente e o que eles esperam que seja a América do futuro, reconciliou-me com o meu país", explicava a documentarista. "As implicações disto serão tremendas", continuava. "Há milhões de crianças que vão agora olhar para Obama e identificar-se com ele. Vão ficar mais tempo na escola, vão estar mais envolvidas. Acredito que teremos um país muito melhor no futuro por causa do que fizemos aqui esta noite", terminava.”

Rita Siza, in Público


Dá um arrepio, não dá?

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

The audacity of hope

Perdi a paciência para cépticos e velhos do Restelo. Vale a pena acreditar.
Hoje o mundo acordou mais optimista. Os líderes mundiais mais polémicos abriram a porta ao diálogo: Putin, Chavez, Castro, Abbas, Olmert. Vamos começar uma nova era. Deixemo-nos de "bomb bomb bomb". Pode desiludir? Pois pode. Mas porque não ter esperança?

domingo, 2 de novembro de 2008

A grande entrevista a MFL



Não consegui resistir. "Eu não estou a perceber a sua pergunta, palavra de honra".
Parece-me bem a ideia de mergulhar Santana em alcatrão e cobri-lo de penas.

O anúncio que adoro



Publicidade que me faz feliz :)

Peixes sem guelra também vivem dentro de água

A capacidade de adaptação das pessoas é fascinante. Chegamos a um lugar novo, de malas e bagagens, e é claro: este não é o meu lugar. Oscilamos entre o low profile e a simpatia excessiva. O que é que vou fazer com estas pessoas? Nunca vou conseguir ser como elas. Somos peixes fora de água, que abrem a boca aflitos em busca de ar. Até que decidimos entrar na água. Não conscientemente. Vamos entrando. Molhando os pés (as barbatanas, aliás) até estarmos submersos.
E nessa altura é tudo mais fácil. Não é que não se notem menos aqueles "problemas". Mas aprendemos a contorná-los e a entrar naquela dança social. Sabemos fazer uma piada amigável com aquela "miúda mimada", dar uma resposta mais certeira ao "rapaz convencido". Aprendemos o ritmo. Sabemos que ir à maquina do café é sinónimo de perguntar se mais alguém quer. Sabemos que a directora se interessa por Sintra, e a colega de trás tem um bebé acabadinho de sair do forno. Alguns vão sendo quase amigos. E os dias passam mais despercebidos, menos alerta. Já não chegamos a casa a amaldiçoar o mundo. Aprendemos as regras.
Às vezes observo pessoas assim, como eu, fora do seu habitat. Fico sempre fascinada como se moldam. Parece que mudam o interruptor quando passam portas. "Modo trabalho", "modo família", "modo namorado", "modo família do namorado", "modo amigos daqui", "modo amigos dali". Lá no meio há uma identidade nossa que convém manter sólida. Que escapa de vez em quando, num suspiro zangado ou numa exclamação entusiasmada fora de contexto. O nosso eu desadaptado a escapar do protocolo.
Lá por sermos peixes debaixo de água não quer dizer que tenhamos guelras.

O fim do sonho americano?

Ouvir como os EUA estão em crise é coisa que me deprime. Claro que é mais importante que Portugal esteja em crise, mas vejamos, Portugal sempre esteve em crise. Está sempre em crise. E os portugueses estão sempre preocupados. Por isso não é um choque, é um estado de permanente angústia.
Mas a verdade é que - seja mito ou não - sempre acreditei no sonho americano. Que apesar de tudo os EUA eram ainda um país de oportunidades. Onde o mérito pessoal era apreciado, e onde os forasteiros podiam ser alguém. Viva o melting pot e o self made man. Num qualquer momento de revolta ainda podia pensar "qualquer dia vou para américa e depois vão ver como vão ouvir falar de mim!haha!". Quando leio reportagens atrás de reportagens sobre desemprego, filas para ajuda alimentar, casas ao abandono porque não havia dinheiro para as pagar, cai-me aquela tristeza de estar a presenciar o fim da "terra das oportunidades". Hoje li na Única a seguinte frase de uma portuguesa que vive nos EUA: "Não venham. Para quê deixar o nosso país? Isto já não é a America".

O que é então?

sábado, 1 de novembro de 2008

As maravilhas do Centro Pompidou

P.S. Para quem não percebeu, as duas fotos são da mesma estátua, de ângulos diferentes.