domingo, 30 de setembro de 2007

Dia Mundial do Coração


Afinal sempre há gays no Irão...

O jornal espanhol El País fez uma reportagem muito interessante, deixo aqui um excerto que vale a pena ler:

"Entonces, yo no existo?", exclama incrédulo M., un gay acomodado de Teherán ante la afirmación de que "en Irán no tenemos homosexuales" pronunciada por el presidente, Mahmud Ahmadineyad, en la Universidad de Columbia el pasado lunes. "Lo que debiera hacer es informarse antes de hablar para no meter la pata como con el Holocausto", añade Taha, de los pocos gays iraníes que ha aceptado hablar con este diario. La discreción es la norma de supervivencia en un Estado cuyo código penal establece la pena de muerte para quien mantiene relaciones homosexuales. Algo que también ocurre en países aliados de EE UU como Pakistán, Arabia Saudí o Yemen.
"Ahmadineyad sólo tiene que darse una vuelta cualquier tarde-noche por el parque Daneshju para descubrir que en su país sí que hay homosexuales", sugiere un estudiante universitario. El Daneshju es uno de los típicos lugares de encuentro gay de Teherán. Quizá el más democrático. A diferencia del centro comercial Jam-e Jam, donde el ambiente pijo hace que sus camisetas ceñidas y sus cejas arregladas pasen desapercibidas, en el parque confluyen chicos tanto del norte rico como del sur más modesto. A menos que alguno se muestre extremadamente cariñoso, la policía no suele intervenir.
Como en el caso de los heterosexuales, la República islámica considera inmoral cualquier muestra pública de afecto. De acuerdo con la moral que institucionalizó la revolución islámica de 1979, toda relación fuera del matrimonio heterosexual es ilícita y punible.
(...)

Quem quiser ler mais é só ir a: http://www.elpais.com/articulo/internacional/Ser/homosexual/pais/Ahmadineyad/elpepuint/20070930elpepiint_3/Tes

Venha a polémica!

P.S. Para quem não sabe "EE UU" são os Estados Unidos

(Espero que o espanhol não tenha causado dificuldades na leitura)

-------------------------------------------- " ---------------------------------------

Entretanto pus-me a ler o público e decidi vir acrescentar mais qualquer coisa.
Aqui vai um excerto de uma reportagem excelente da jornalista (também excelente) Alexandra Prado Coelho, que falou com diversas pessoas sobre esta questão dos homossexuais no Irão. Já que este é o segundo país do mundo onde se fazem mais operações de mudança de sexo:

"O número de operações de mudanças de sexo é, sem dúvida, mais elevado do que no resto do mundo, porque é a única forma de um homossexual viver livremente no Irão sem medo de ser perseguido", confirma, numa conversa com o P2 por e-mail, Kiarash Vasigh, da Homan (Iranian Gay, Lesbian, Bisexual and Transgender Organization) de Los Angeles. "Quando digo "livre", quer dizer que serão tolerados pelo Governo, mas, mais importante do que isso, pela sociedade iraniana e até pela própria família. Outra razão para as operações de mudança de sexo serem tão comuns tem a ver com o facto de serem subsidiadas pelo Governo e de existir um decreto religioso que as autoriza para pessoas que tenham "desvios sexuais"!"

sábado, 29 de setembro de 2007

O relógio de Chávez

Não queria acreditar. Hugo Chávez quer atrasar os relógios da Venezuela 30 minutos, porque não quer que o seu país siga o "esquema horário ditado pelo imperialismo americano". O presidente anunciou esta intenção durante um discurso que durou oito horas.
Acho que sim, deviamos fazer isso em Portugal, mas a nível regional. Cada distrito tinha uma hora diferente. Assim quando fossemos de férias "cá dentro", podiamos ter a experiência de adaptação aos fusos horários, o que dava todo um outro glamour à viagem. Com os diferentes sotaques que temos por aí, até parecia que estávamos no "estrangeiro". Quem não tem cão caça com gato ;)

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Insólitos

Um dos meus maiores receios verificou-se: a uma semana de acabar com este horário desumano, encontrei um amigo no cais sodré. Eram 6:10 da MANHÃ e eu preparava-me para percorrer o caminho entre o comboio e a rádio. Enrolada num caschecol de lã desapropriado para a época do ano, mas apropriado para a hora escandalosa, atravesso a passadeira e cruzo-me com o Vasco! Tinhamos ambos uma expressão abananada, mas a minha era de sono!! Ele ainda ia para casa... Que deprimente!

O segundo insólito está relacionado com a saída espalhafatosa do Santana Lopes da entrevista da Sic Notícias. Deve ser a primiera vez na vida que concordo com ele, interromper uma entrevista política com o Mourinho a chegar ao aeroporto (total fait-diver, ele nem tinha nada para dizer) não tem sentido nenhum. Eu também teria vindo embora. No entanto, não deixa de ter graça vê-lo a espernear, tipo bebé a fazer birra. As manchetes sobre o caso têm citado a frase "O país está doido" mas para mim a parte mais gira é quando ele faz beicinho e diz "eu vim com sacrifício pessoal!" e "não vou continuar a entrevista, o país tem de aprender!". Toma! Depois de sair foi amuar para o cantinho.

Em último lugar, um insólito infeliz. Ontem estava a ler uma crónica sobre a novela "Caso Esmeralda" que dizia que a criança tem sido esquecida e a história gira toda em torno dos pais (adoptivos e biológicos). Não tenho opinião sobre a decisão, é um caso muito delicado, de facto. Mas há uma coisa que me parece escandalosa e tem sido pouco referida: o pai biológico pediu a guarda da criança quando ela tinha 1 ano. Como é que é possível que a justiça não considere casos destes de máxima urgência? Então agora que a miúda tem quase seis anos é que decidem? Não deveria ser obrigatório resolver estas disputas em seis meses?? Se o tribunal defende os interesses da criança, parece-me óbvio que seria melhor entregá-la ao pai biológico quando ela ainda era pequenina. Ou não entregar, mas deixar o caso encerrado rapidamente. Se alguém percebe de direito, por favor explique-me isto.

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Boys and Girls

"All the way back in history, now a girl thinks is a mystery/ we spend our lives cruising the bars/ the venus girls and the men from mars/ so in all this time did u ever think/ do the girl see red when a man sees pink?"

O mundo já não é azul e cor-de-rosa. Os papéis invertem-se, misturam-se. As meninas já não bordam, os rapazes já não caçam. O mundo é mais democrático, todos podem ser tudo. Então porque é que todos querem ser "azuis"?
É um fenómeno que me intriga... As raparigas querem ser como os rapazes, mas eles não querem ser como elas. As meninas orgulham-se de contar que brincavam com carrinhos, e não escondem um sorriso quando dizem aos amigos que eram "assim meio maria rapaz". Gostam de jogar futebol e beber para além da conta. Gostam de dizer que ouviam Metallica aos doze anos. É bom exibir isso tudo. No entanto... os rapazes não andam por aí a gritar aos ventos que quando eram pequenos do que gostavam mesmo era das barbies, de saltar á corda, desenhar vestidos e ouvir Onda Choc.
Afinal, há ou não "coisas de rapariga" e "coisas de rapaz"?

Isto não é uma pergunta retórica, eu de facto questiono-me. Porque eu também me irrito quando me abrem a porta ou me impedem de levar coisas pesadas. Isso é tarefa masculina? Eu quero ser capaz de fazer isso tudo. Mas não será ofensivo se uma rapariga se comportar assim com um rapaz? Tipo "deixa-me puxar a cadeira para te sentares"?
Pois bem, eu confesso: quando era pequena queria ser uma princesa. Oh Deus, que fora de moda! Eu não contava a ninguém, ou iam gozar comigo na aula de ginástica, onde eu já era tão má (às vezes ainda oiço a voz esganiçada da minha professora "Inês Santxiiiiinhoooo, passa á bolaaaa! [sim, ela era brasileira. Não sei como é que não iniciei aí um percurso xenófobo]). Eu queria marcar golos como o André, mas ele não queria saltar ao elástico como eu (ok, eu não fazia isso muito bem, também...mas ele não queria aprender, de qualquer forma).

Diz-se que os homens são de Marte e as mulheres de Vénus. Se calhar não é verdade. Se calhar é. Se calhar até é bom. Então porque é que parece que queremos todos ser marcianos?

Eleições no PSD

Já que está tudo a falar nisso, também me vou pronunciar.
Esta campanha tem sido ridícula. Se juntarmos os dois caramelos ao Alberto João Jardim, temos qualquer coisa digna de um programa infantil com baixo orçamento.
Mas não me vou alongar, porque depois o Pedro começa a dizer que se eu não voto no PSD não tenho que estar a mandar bitates (esta é a minha adaptação à tese "se não és católica não podes criticar a igreja").

Isto para não dizerem por aí que é só mumumu. Há aqui muita discussão construtiva!

Mas adiante, só vou dizer uma coisa: ontem o Menezes, na troca tão elegante de galhardetes com o Marques Mendes, tocou no ponto essencial! Chamou-lhe "pequeno ditador". A ofensa não podia ferir mais o adversário. Para mim, só por esta já ganhou as eleições. Nem é pelo "ditador", claro, mas é sem dúvida pelo "pequeno". Porque o Marques Mendes, coitado, com aquele metro e meio já em biquinhos dos pés, é a imagem chapada do boneco do contra-informação, mais centímetro, menos centímetro.

Ganda noia, ó chefe!

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Bolhas nos pés

Escolho sempre os sapatos errados. Sandálias quando chove, botas quando faz sol. Os sapatinhos de veludo ensopam em água, os pés ficam gelados com o vento frio. E doem, com as formas novas a fazer feridas na pele. Mas continuo a usá-los, encho os pés de pensos na esperança de não sentir picar.
Nessas alturas quero sempre descalçar-me e passear assim pela cidade. Apesar dos vidros e do lixo e das coisas perigosas que povoam os passeios e o alcatrão. Mas tu nunca me deixas tirar os sapatos. Só se houver relva, que é fofinha e segura. E os meus pés enchem-se de manchas vermelhas, os pensos caiem e eu reclamo. Mas no fundo, nessa altura, já não me doem. Porque tu disseste que podíamos comer um gelado em vez do passeio. Porque te riste do meu olhar desiludido, fitando os sapatos novos em folha. Achas-me graça.
E nessa altura já nada me doí. Posso ir até ao castelo a pé. Podemos ir ver a cidade das nuvens. Eu digo que não, mas já é só fita.

domingo, 23 de setembro de 2007

Marcel Marceau, o mimo

Morreu Marcel Marceau, o mimo mais famoso do mundo.
Para dizer a verdade, eu não o conhecia, mimos não é muito a minha onda. Mas achei curiosa uma antiga declaração dele sobre a arte mimética (?):

«In mime, Marceau said, gestures express the essence of the soul's most secret aspiration. "To mime the wind, one becomes a tempest. To mime a fish, you throw yourself into the sea." »

E esta, hein?

A utopia

Inês Pedrosa está prestes a lançar o seu novo livro "A eternidade e o desejo", um romance que tem por cenário "um Brasil ritualista e excessivo", e onde cabem passagens de Padre António Vieira. Numa entrevista a Pública , Inês Pedrosa responde à pergunta "Quais são as suas utopias?". Subscrevo por completo a resposta:

"...As minhas utopias são quotidianas, é trabalhar todos os dias. A minha utopia principal é a que tinha o Padre António Vieira, é que a palavra possa movimentar a cabeça das pessoas e fazê-las agir de outra maneira. Acredito no poder transfigurador da palavra, transfigurou-me aquilo que li e aquilo que leio, portanto pode transfigurar os outros. Acredito que todos somos políticos e temos responsabilidades políticas quotidianas. Na forma como vivemos, nas escolhas que fazemos..."

Resta saber se as utopias podem tornar-se realidade, ou estão condenadas ao seu estatuto de inatingível.

sábado, 22 de setembro de 2007

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Palavra "arguido" pode tornar-se a nova "saudade"

«Até agora, apenas uma palavra da língua portuguesa não tinha tradução para mais nenhuma língua do mundo, a famosa palavra "saudade", mas ultimamente diversos linguistas alertaram que uma nova palavra portuguesa, intraduzível, poderá fazer-lhe companhia. "De facto, a palavra 'arguido' começa a ser ouvida na boca de cada vez mais estrangeiros e, tal como a palavra 'saudade', também define algo quase intangível e difícil de explicar", afirmou o linguista Alberto Pimenta, da Universidade Nova de Lisboa. "O que é a 'saudade'? Sentir falta de alguém? Sim, mas também se pode ter 'saudade' do futuro, como tão bem expressou Fernando Pessoa. E o que é um 'arguido'? Um suspeito? Sim. Porém, um 'arguido' é também uma pessoa que, apesar de estar a ser acusada de um crime, deveria estar contente por ser 'arguido', porque apenas essa estranha condição lhe concede um monte de direitos elementares a que o simples 'suspeito' aparentemente não tem direito. 'Arguido' é, portanto, algo de indefinível, intraduzível, etéreo, profundamente português", concluiu o linguista. De referir que segundo alguns especialistas, "arguido" é a terceira, e não a segunda palavra portuguesa intraduzível, uma vez que ainda não foi encontrada qualquer correspondência, em qualquer língua indo-europeia, para a palavra "barda-merda"».

Cortesia do Inimigo Público ;)

O concerto do Palma


Hora de ponta. O metro entupia e as pessoas empurravam-se para passar. Apressadas, correm sempre para algum lugar.
Mas desta vez havia também pessoas sentadas nas escadas, encostadas aos corrimões, apertadas nos cantinhos que sobravam. Todos sem pagar bilhete. Todos em bicos dos pés em direcção às luzes cor de rosa e ao fumo inebriante.
Deixei-me ficar atrás, longe da multidão. Os olhos alternavam entre as cancelas do metro e o palco enevoado. Velhos rabujentos passaram no corredor de fitas vermelhas e brancas, resmungando de cara feira contra aquela agitação contagiante. Dava para adivinhar as ofensas desactualizadas abafadas pelo som: "vadios", "galdérios", "vão trabalhar!". Havia também os que viravam a cabeça enquanto se afastavam da festa. "Que pena ser a estas horas...!". Que bom para mim.
Queria cantar, gritar, saltar, dançar. Mas não se faz coisas dessas sozinho. O telemóvel na mão sempre a postos. As palavras saíam da minha boca, cantadas numa surdina envergonhada que se foi esquecendo de onde estava.

"Só por existir
Só por duvidar
Tenho duas almas em guerra
E sei que nenhuma vai ganhar"

Tanta gente parada num sítio de passagem. Olhos para o alto, sorrisos no rosto. O ar estava cheio de música partilhada.

"Só por ter dois sóis
Só por hesitar
Fiz a cama na encruzilhada
E chamei casa a esse lugar"

Já não estou sozinha. Mergulhamos na multidão, como quem salta da prancha da piscina. Empurra, empurra. Não vejo nada, muito menos vê a Fátima. Onde é que ele está? Eu conheço esta voz, esta gargalhada contagiante que responde a um comentário abafado. Esta voz que canta por cima do coro das outras. Que nos fez cantar a rir, com a convicção de quem quer afrontar o mundo:

"Se eu fosse compositor compunha em teu louvor um hino triunfal
Se eu fosse crítico de arte havia de declarar-te obra prima à escala mundial
Mas eu não passo de um homem vulgar, que tem a sorte de saborear
esse teu passo inseguro e o paraíso no teu olhar"

É aquele, está ali! De rabo de cavalo? Bem... foi para mudar, se calhar. Não, não, é aquele!! Também não, aquele é um "garoto" diz a Fátima. Onde está, onde está?
Quando se apagaram as luzes vimo-lo de raspão. O cabelo quase branco em desalinho, olhos de louco, dedos descontrolados que batem genialmente nas teclas do piano. Voz de vôo nocturno.

Lá fora o céu era um cobertor cor-de-rosa-laranja. De CD na mão desci a rua até ao comboio.

"Enquanto houver estrada pra andar, a gente vai continuar, enquanto houver estrada pra andar
Enquanto houver ventos e mar, a gente não vai parar
Enquanto houver ventos e mar..."

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

English, please!

Se precisarem de uma piada para animar o dia, deixo uma sugestão: liguem a Sky News e oiçam os ingleses a dizer "José Mourinho" e "arguido". É genial. Afinal eles também podem ser bimbos ;)
Páginas para a frente, páginas para trás. O livro tem letras miudinhas e ás vezes as folhas caiem. E eu penso "se calhar ali estava a resposta". Mas nas que caiem nunca está a resposta. Se caiem é porque devem cair. Espero.
A busca incessante pela nota de rodapé que vai salvar as nossas vidas, é uma jornada que nunca termina. Munidos de lupa e lanterna de foco potente, espiolhamos letrinha a letrinha. "Eu vou ser jornalista e vou salvar o mundo. Vou contar às pessoas aquilo que eles não sabem, fazê-las mais felizes, mais informadas, mais conscientes. Vou comovê-las, interessá-las, motivá-las". Vou?
Onde, quando, como, para quê, porquê? (foi uma boa adaptação).
Vou ser brilhante ou mediocre? Vou ser mais um nome apagado em textos mais ou menos, ou um nome que salta a letras gordas? Vou ter um "lugar ao sol" ou vou descobrir que não sirvo para aventuras jornalisticas? Irei eu, fazer a diferença?
Nas letrinhas do livro gordo só encontro pontos de interrogação, salteados de projectos e "quem me dera". Desejos de chegar mais longe.
Os calendários perderam o relógio e não se movem á velocidade da minha cabeça. Os mapas dobraram-se muitas vezes, chocalhados e agitados, colocando o mundo inteiro mais longe do abraço apertado que lhe quero dar.
PORQUE É QUE EU NÃO ESTOU NA MINHA CAMINHA A DORMIR???

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

RR - 8:32

Bom Dia!
A esta hora alguns (!) de vós, menos afortunados, estarão a dar os primeiros bocejos da manhã. Som insuportável do despertador, acender a luz da mesinha de cabeceira às apalpadelas, abrir os olhos lentamente... pisca, pisca... onde estou? Ah... sei...
Lamento imenso. Passei por isso há 3 horas e meia.
A esta hora agarro carinhosamente o copo de plástico onde se agita o café da máquina dos 35 cêntimos. Nunca antes dei tanto valor a este líquido fumegante e amargo. No fundo eu sei que é uma festa no cabelo metafórica do deus do soninho. Assim com diminutivo, porque o soninho é para ser tratado com muito amor.
Para não variar ainda não fiz nada de jeito... tirando um pivot que, por acaso, até foi sobre um tema importante, nada de tempo, incêndios ou acidentes na estrada. Era sobre novas medidas do presidente Sarkozy. Medidas más, pois claro. Infelizmente fiquei retida na redacção a ouvir atentamente a Antena 1, e não pude ir verificar se o meu texto foi ou não totalmente alterado, cortado, arruinado. Nem sequer pude enviar o meu espião (o estagiário Filipe) porque ele também ficou aqui a ouvir a TSF. Hoje estamos muito atentos à concorrência.
Ah, mas o dia será emocionante, sim! Tenho uma "reportagem" (gosto de lhe chamar assim para me sentir melhor...mas na verdade eu não reporto nada. O termo da coisa é "serviço", mas sendo que este vai ser numa esquina, acho uma expressão um tanto infeliz...). Vai ser qualquer coisa sobre "Apresentação do Programa de Identificação e Eliminação dos Pontos Negros da Cidade de Lisboa". Um show. Logo hoje que eu, para quebrar a total ausência de vida social dos últimos tempos, tinha combinado "coisas". Os pontos negros estão marcados para o meio-dia... o que quer dizer que hoje faço horas extraordinárias. Mas nada está perdido, á última da hora podem enviar o Filipe... o que ainda é PIOR. Prefiro ir do que ficar por incompetência.
Ai, já estou apaixonada por este blog! Além de me permitir fingir estar extremamente ocupada, deixa-me desabafar. Mesmo que ninguém leia, já valeu pela terapia pessoal. (O Pedro deve estar a chamar-me nomes feios do outro lado do computador lol).
E com isto são 9h e tenho que ir ouvir a concorrência outra vez. Ao menos fico informada.

Aviso: há dias melhores, isto não é sempre assim! Eu gosto é de me queixar.

terça-feira, 18 de setembro de 2007

Chinatown

Vamos lá começar com a conversa séria.

Maria José Nogueira Pinto, que não sei como parece que tem a seu cargo a zona da Baixa-Chiado (ainda agora foi eleito e o António Costa já anda nestas aventuras?), achou que boa ideia mesmo era fazer uma chinatown onde ficassem todas as lojas chinesas, esses espaços comerciais que toda a gente detesta mas onde ninguém se escusa de comprar umas pechinchas.
Ora, já sabemos que os chineses são muito sociais e é notório o quão integrados estão na sociedade portuguesa. Ou então, definitivamente, NÃO.

Há tempos tive a oportunidade de entrar em contacto com vários estudantes estrageiros a viver em portugal. Fiz uma reportagem sobre isso, e fiquei surpreendida com a quantidade de alunos provinientes de outros países que estão nas escolas portuguesas. E também com a diversidade enorme de nacionalidades, seguramente mais de 20 na maioria das escolas. Falei com eles, filmei-os, assisti às aulas, falei com os professores. Cada um com o seu sotaque e aspecto de "forasteiro". Búlgaros, ucranianos, turcos, brasileiros, romenos, moldavos, uma lista interminável. Uns mais tímidos, outros mais espevitados, todos responderam às perguntas, deram opiniões, lançando os já esperados olhares curiosos para a camara.
Mas de quem eu nunca me vou esquecer é do Yilin. Um rapaz de 17 anos, chinês, que chegou a portugal com a família sem saber uma palavra de português. Com o apoio da escola foi aprendendo umas palavras, que adquiriram uma importância incrível, já que permitiram que se tornasse responsável por tudo o que implicasse comunicação na sua familia. Com o seu português de criança de 3 anos, o Yilin pagava contas, faltava às aulas sempre que alguém precisava de ir ao médico, fazia compras, ajudava o irmão na escola... era a voz de 4 pessoas.
Para falar comigo fez um esforço notoriamente grande. Pediu-me uns minutos antes de gravar e ficou calado, olhos fixos na mesa, numa clara tentativa de organizar o discurso. Pôs um sorriso e falou do primeiro dia de aulas, em que não percebeu nada do que se passava, mas agora já ia percebendo "mais ou menos".
Mais tarde a professora mostrou-me uma composição que o Yilin escreveu sobre o início das aulas em portugal. Era um texto atabalhoado, que podia ter sido escrito por uma criança da escola primária, e onde contava como se sentou na última mesa da sala e ninguém se quis sentar com ele. A aula era com a directora de turma, mas ela "falava falava" e ele não percebia nada do que ela dizia. Ninguém lhe tentou explicar. Nesse dia e nos seguintes o Yilin andou sempre sozinho. Acha que os colegas têm medo de falar com ele porque não o percebem. Mas ele gostava de fazer amigos, conta. O Yilin teve que aprender tudo do início, desde o alfabeto, mas não lhe é concedido nenhum estatuto especial, ele tem de cumprir o mesmo que os outros alunos do 11º ano.

E agora eu digo, vamos isolar estas famílias em guetos?

Vale a pena ler a crónica de Rui Tavares, ontém, no Público:
"...Há gente que minimiza a questão dizendo que «os chineses não se importam». Não sei em que dados se baseiam. Mas a pergunta aí passa a ser: o facto de uma comunidade aceitar "guetizar-se" torna a "guetização" desejável? Imaginemos quais seriam as reacções se a comunidade em causa fosse, por exemplo, de muçulmanos. Que tal fazer uma IslamTown em Lisboa? Que diriam as mesmas pessoas que acusam os muçulmanos de não quererem "integrar-se"? "

E pronto, já está. Manifestem-se.

Não há estrelas no céu

Não há estrelas no céu a dourar o meu caminho
Por mais amigos que tenha sinto-me sempre sozinho
De que vale ter a chave de casa para entrar
Ter uma nota no bolso pr'a cigarros e bilhar?

A primavera da vida é bonita de viver
Tão depressa o sol brilha como a seguir está a chover
Para mim hoje é Janeiro, está um frio de rachar
Parece que o mundo inteiro se uniu pr'a me tramar!

Passo horas no café, sem saber para onde ir
Tudo à volta é tão feio, só me apetece fugir
Vejo-me à noite ao espelho, o corpo sempre a mudar
De manhã ouço o conselho que o velho tem pr'a me dar

Vou por aí às escondidas, a espreitar às janelas
Perdido nas avenidas e achado nas vielas
Mãe, o meu primeiro amor foi um trapézio sem rede
Sai da frente por favor, estou entre a espada e a parede
Não vês como isto é duro, ser jovem não é um posto
Ter de encarar o futuro com borbulhas no rosto

Porque é que tudo é incerto, não pode ser sempre assim
Se não fosse o Rock and Roll, o que seria de mim

A primavera da vida é bonita de viver
Tão depressa o sol brilha como a seguir está a chover
Para mim hoje é Janeiro, está um frio de rachar
Parece que o mundo inteiro se uniu pr'a me tramar!

Não há-á-á estrelas no céu...


(quem escreve assim não é gago..!)

domingo, 16 de setembro de 2007

Aleluia!

Pronto, acabaram-se as resmunguices! Agora já tenho o Blog e não há desculpas.
Neste primeiro post espera-se que o blogger (hahaha sou um blogger!) deixe claro os propósitos deste espaço virtual, bem sei... mas não faço a mais pálida ideia do que aqui vai ser escrito. São páginas brancas para entreter os dedos...e os olhos, espero =)
Prometem-se peripécias "estagiárias", esse estatuto temporário que desconfio não ser assim tão breve como isso. Prometem-se ainda comentários mais ou menos comovidos, mais ou menos irritados, mais ou menos maravilhados sobre... hmmm... veremos.
Agora tenho que voltar para a redacção da renascença, pôr o meu melhor ar estagiário e contribuir para esse mundo informativo que é o instituto de meteorologia, a BT ou até a Protecção Civil!
O "Aleluia" é para condizer com a Renascença hahaha (ai se alguém lê isto!)

Ah, e o "i" pode ser de Inês ;)