terça-feira, 29 de setembro de 2009

Novamente, a pontualidade

Hoje o nosso professor de Foreign News Reporting passou um raspanete aos alunos que chegaram "atrasados". Que assim não pode ser, dizia ele, que só desculpava desta vez. Olhei para o relógio: eram 9h em ponto. Lancei-lhes um olhar de solidariedade.
Acho que percebi: se a aula começa às 9h é suposto estarmos lá antes para que às 9h esteja tudo sentado e o professor comece a falar. Estranho país.

A piada da semana

À noite já não há condições para manter um pensamento claro. As palavras enrolam-se na língua e quando damos por isso está tudo a rir porque dissemos "earthcake" em vez de "earthquake".

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Nos limites da ética

Ontem ouvia o Governo Sombra, enquanto me preparava para finalmente dormir uma noite decente, quando me deparei com a primeira verdadeira discussão no programa. João Miguel Tavares (JMT) defendia o DN dizendo que a divulgação do tal email entre jornalistas do jornal Público fazia sentido pois era informação de interesse público. Pedro Mexia (PM) indignou-se e disse mesmo que ia deixar de lhe chamar jornalista. JMT defendeu-se afirmando que era uma hipocrisia e que se a informação pertencesse a qualquer outra classe profissional ninguém se importaria.
Bom... talvez tenha razão quando diz que ninguém se importaria, mas não deixa de estar errado publicar correspondência privada. E acima de tudo, seria importante que o DN revelasse a sua fonte, pois ainda resta a dúvida sobre como tiveram acesso a tal email.
Não estou a acompanhar o caso com muita atenção porque basicamente não consigo. Há demasiadas coisas a acontecer e sinto saudades dos jornais de papel - a minha capacidade de leitura na internet reduz-se a escassos minutos. Se por um lado gostaria de estar em Portugal neste momento de aceso escândalo jornalísitco, também é verdade que tudo isto me desilude. O país já tem tantos jornais e revistas mauzinhos, como é que os dois melhores se vão meter nesta chafurdice?

Precisa-se...

... tema de tese. Aceitam-se sugestões.

domingo, 27 de setembro de 2009

Humor britânico?

Ler último ponto da lista


Já a pontualidade britânica, não é mito

O post-graduate center tem uma noite de cinema por semana. Basicamente é ir lá ver um filmezito com a malta. Era às 19h (sim... pfff!). Às 19h o filme já estava a começar.
I rest my case.

sábado, 26 de setembro de 2009

A arte de bem receber

Eu já sabia que as ideias pré-concebidas que temos dos vários países são uma tanga inútil. Ainda assim, ia jurar que os britânicos eram pessoas a atirar pó antipático. Assumi isso como verdadeiro e vinha preparada.
Nada podia estar mais longe da verdade. Aqui as pessoas são tão simpáticas que por vezes nem sei reagir. São sempre extremamente sorridentes e educadas, mas não é só isso. Preocupam-se. Se não sabem a resposta vão à procura de quem saiba. Recentemente andei perdida pelo campus em busca do International Office. Este espaço mudou de localização recentemente e pouca gente sabia onde estava. A certa altura, depois de seguir algumas indicações, encontrei-me numa rua que me pareceu ser a certa mas ainda assim não consegui ver o dito office. Decidi perguntar a um senhor que vinha a sair de um edifício. Eis o que aconteceu: ele não sabia onde era nem ser o que era o International Office; ainda assim disse-me "espere só um minuto, eu vou lá acima pesquisar na net e já lhe digo". E assim foi. Descobriu onde ficava e disse-me. Tudo com um sorriso. Agradeci encarecidamente e ele pareceu surpreendido.
Basicamente toda a gente é assim. Um dia decidi perguntar se era uma coisa britância ou galesa. "Welsh, I guess", responderam-me estes felizes nacionalistas.
Não sei se é verdade ou não, mas sei que em Portugal não é assim. E isso fez-me sentir um bocadinho envergonhada.

Wales, the happy country

Sabemos que o sistema de ensino é totalmente diferente do português quando um membro do staff universitário diz numa aula "You lucky sausages".
Chamemos-lhe "informal teaching", just for the heck of it.

Nightlife

Toda a gente sabe que os britânicos comem cedo. Aqui na minha residência fizeram um jantar aberto a todos e foi às 17h45. Sim, 17h45. Mas como estudantes internacionais, é fácil contornar isso, basta cozinhar mais tarde (nos pubs a comida deixa de ser servida às 21h).
Mais difícil de contornar é a nightlife. Já fui a festas às 20h, 19h, 18h e até 17h. É bizarro. Às vezes ainda é de dia e eu não percebo se devo pôr roupa "de sair" ou não. No entanto, confesso que esta coisa de sair cedo até me agrada, se não for à hora do lanche ou assim. Na verdade, com este ritmo é perfeitamente possível sair em dias de semana. No máximo dos máximos à 1h está tudo em casa, e já é uma noitada do caraças. Pub crawl (uma espécie de rali das tascas em pubs) começa às 20h, por isso à meia noite já temos a barriga cheia de festarola (e cerveja).
Tenho uma amiga chamada Maya, que namora com um rapaz chamado Zohrab*. Já posso começar a escrever o meu romance.

* Não faço ideia de como se escreve

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

E já agora











Cardiff Bay

Há dias maus, muito maus, bons ou mais ou menos. E depois há os dias maravilhosos. Hoje acordei e tinha pessoas à minha espera. Entrei num autocarro turístico em frente do incrível castelo e aprendi que remonta ao tempo dos romanos mas quase tudo o que podemos ver foi construído no século XIX. Aprendi também que a cidade vivia da exploração de minas de carvão, por isso há muitas estátuas "millionaire coal men". Fiquei a saber que há quatro universidades em Cardiff e que o habitantes estão extremamente orgulhosos da recuperação que foi feita na zona da baía. Provei fudge e queijo britânico. Andei de barco e vi o Millenium Stadium. Passeei no parque, junto ao rio Taff e depois jantei comida indiana caseira. Aprendi mil coisas sobre a Índia e ensinei a perfeita pronunciação do meu nome - não sei se funcionou.
Percebi que começo a dizer as coisas com um certo sotaque.
Good day. Really good day.









sábado, 19 de setembro de 2009

Orgulho

Em três dias já me disseram muitas vezes que falo "a very good english". Isso deixa-me muito feliz. O que eles não sabem é que depois de uma sessão de falatório venho para o meu quarto e desmaio de cansaço.

Gostei de ler...

... hoje no Guardian (sim, eu agora é só jornais britânicos), o comentário Why I threw the shoe. Vale a pena.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Primeiras impressões

Hoje acordei com este som:


Demorei algum tempo a descobrir os autores de tal coaxar, mas apanhei-os

Parece que vivem no jardim da minha residência
Esta residência
Bom, mas eu não entro pela porta principal. Para chegar ao meu quarto tenho que passar por esta portinha....

Mas não é só no meu jardim que há destes estranhos pássaros. Encontrei-os também no Alexander Garden, um grande jardim em frente da Universidade


Este jardim também tem banquinhos giros, com frases, como no filme

Deste jardim vê-se também a torre da Câmara Municipal
E cá está ela, a Universidade!


Fiz uma tour pelo campus e vi um pormenor no topo da escola de jornalismo, diferente dos outros edifícios
Só hoje dei uma volta pelo centro da cidade, mas ainda não visitei a sério, e muito menos fui à Baía. Mas irei, claro. É esperarem por mais fotos ;)







quarta-feira, 16 de setembro de 2009

$#%"&! pós quizzes

Sou grande fãs das sagas do Poirot. Não sei se já li todas as suas aventuras mas li muitas. Hoje dei conta que o Guardian tem um quizz sobre Agatha Christie - a propósito do aniversário da escritora promoveram a "Agatha Christie week". Chegada à sexta pergunta sem saber nenhuma resposta desisti. Diabos, sou uma fã sem nível nenhum.
Quis deitar-me no sofá, por isso agarrei numa série de folhas do meu pai e fui pôr em cima da mesa. Eram dos alunos, uns textinhos, talvez sobre o que fizeram nas férias e o que esperam deste ano lectivo, não sei. Do sofá para a mesa li um por graça, apenas umas linhas. Fiquei preocupada porque a autora era do 10º ano e este verão foi ver a Hanna Montana ao cinema.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Reencontros com o passado

Eu até sou uma pessoa com tendência para a nostalgia. Ainda assim evito alguns reencontros com o passado por recear o que vou encontrar. Hoje tive um desses encontros e foi estranho. Foi estranho perceber que somos tão diferentes, eu tão ávida por mudanças, ela tão receosa delas. Foi estranho quando ela disse que detestou a faculdade e tem muitas saudades da escola - quando eu achei a escola um local "ok" mas onde eu era estranha e as pessoas eram parvinhas.
Não foi mau, mas também não foi bom. Voltei a ser a sonhadora que quer o mundo vs a pés na terra que quer estabilidade e uma família.
Este limbo entre o passado, de onde fugi a sete pés, e o presente, causa-me tonturas. Vou mas é fazer malas.

Off, please

Alguém me diz onde fica o botão para desligar a minha cabeça? Assim não consigo dormir.

domingo, 13 de setembro de 2009

Os encantos do miradouro de São Pedro de Alcântara.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

As coisas boas da vida

Uma pessoa anda toda sentimental porque a contagem decrescente acelera, e depois acontece isto. 23 pessoas à mesa (22? 24? já não sei) no melhor jantar do ano. Eu não sabia, a sério que não, que uma despedida merecia prendas. As melhores prendas de sempre. Hoje sentei-me na cama e olhei para elas, uma a uma. Esbocei o maior e mais sentido sorriso de sempre, pois agora levo comigo a certeza que por aqui há muita gente a torcer por mim.
A este jantar foram os que nunca vão e os que vão sempre. A este jantar que se prolongou por Lisboa fora, estiveram velhos e novos amigos, uns sóbrios, outros um tanto embriagados, que brindaram em rimas com óculos de sol.
Neste jantar prometeram estar na primeira fila quando eu for receber o meu primeiro prémio jornalísitco e garantiram-me que ia ganhar um Pullitzer. Compararam-me a Hemingway, Picasso e Chatwin. Para atingir estes objectivos fui dotada de tudo o que é essencial: canetas, lápis, moleskines. Os melhores lápis, canetas e moleskines que uma pessoa pode receber.
Agora já não estou preocupada que o meu quarto em Howgarts tenha as paredes despidas. Tenho fotos e capas de jornal personalizadas para pendurar. Tenho dedicatórias para ler vezes e vezes sem conta. Tenho amigos. Obrigada.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Às tantas uma pessoa põe-se a pensar que deveria cometer mais actos impensados. Uma loucura por amor ou assim. Essas coisas estúpidas, absolutamente estúpidas, que se fazem nos filmes e por vezes na vida real. Talvez fosse bom.

A expressão é "elefante branco" e não "cavalo"

Estou emocional, não há como evitar. O sono falta, as listas acumulam-se. Tenho a sensação de que tenho de dizer as coisas que tenho para dizer ou perderei a oportunidade.
Tenho imenso, imenso medo. Não por todas as mil razões que poderia ter, mas apenas por uma. Uma razão que é filha ilegítima da nossa objectividade, da nossa racionalidade matemática. A razão que todos comentam atrás das nossas costas mas que nós ignoramos estoicamente. Esse motivo que faz o coração encolher ao tamanho de uma ervilha e que leva os fracos a fraquejar ainda mais. Aos fortes, como nós, leva-nos a engolir em seco, dar as mãos e esperar pelo melhor.
*figas*

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Nove dias

Começo a ter a real noção de que vou embora. Começo a sentir aquele aperto e sei que só vai ficar pior. Hoje apercebi-me que já só me resta um fim-de-semana em Portugal.

Don Hewitt

Depois de Walter Conkrite, Don Hewitt, o pai do 60 Minutos morreu este ano, em Agosto. Deu décadas da sua vida ao programa que criou e vivia com paixão. Universalmente reconhecido como um programa de jornalismo de excelência, 60 Minutos esteve no ar mais tempo que Seinfeld. Continua a ser um programa de referência.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Hahahaha!



"Aposto que ainda tem metade do lábio superior por bronzear!"

(via 31 da Armada)

sábado, 5 de setembro de 2009

Medíocres para chegar ao topo?

"(...) Durão Barroso tornou-se numa figura tragicómica. Já quase ninguém o tem em grande conta. Na verdade, há agora muita gente que o critica e espalha calúnias maliciosas acerca das suas tentativas desesperadas para conseguir o apoio dos seus antigos defensores. Um destes, a chanceler alemã Angela Merkel, que em tempos o ajudou a conseguir a nomeação, ridiculariza-o agora por recorrer tantas vezes a ela. Membros do gabinete da ministra sueca dos Assuntos Europeus, Cecilia Malmstrom, também fizeram comentários depreciativos sobre Barroso.
Este deixou de ter qualquer autoridade significativa, se é que alguma vez a teve. A questão que se coloca é saber por que motivo os líderes europeus o escolheram? E por que razão troçam agora dele e o deixam cair, como se a sua posição fosse meramente acessória e não um cargo proeminente dentro da UE, uma grande potência económica? A razão é óbvia, diz um dirigente da Europa do Sudeste: a UE agarra-se a este homem, conhecido pela sua fraqueza, por razões de conveniência e porque a procura de uma alternativa iria provavelmente desencadear maiores conflitos.
Na verdade, políticos como Angela Merkel e o Presidente francês, Nicolas Sarkozy, valorizam a sua superioridade em relação ao Presidente da Comissão Europeia. Se fosse um dos seus pares, um homem como o francês Jacques Delors, que dirigiu a Comissão entre 1985 e 1995 com um misto de ambição e panache, e que foi justamente alcunhado de «Sr. Europa», a UE não seria o tipo de organização que os grandes países conseguem controlar em benefício próprio."

Ralf Beste, Klaus Brinkbaumer, Manfred Ertel, Rudiger Falksohn, Hans-jurgen Schlamp, in Der Spiegel, via Courrier Internacional

Suicídios de coelho

Mórbido mas hilariante. Há na Fnac: Bunny Suicides, de Andy Riley




quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Vamos a votos

Agora que estou prestes a mudar-me devo:
a) Cancelar a minha assinatura do Courrier Internacional
b) Mudar a morada para Gales e pagar mais devido aos portes (o "mais" é relevante, mais do dobro)
c) Manter a assinatura como está e deixar as revistas vir para Portugal

Info relevante: pago a revista ao ano e está paga até Fevereiro

Um momento de revelação

"Existem dois tipo de pessoas. As que acordam todas picadas por mosquitos e as que, mesmo ao lado, perguntam, com o corpo intacto: quais mosquitos? Durante anos, as razões desta verdade empiricamente comprovada foram um mistério universal, mas agora os cientistas da Universidade de Rothamsted, no Reino Unido, podem ter descoberto uma explicação: o nível de stresse". Ou seja, "É dos stressados que os mosquitos gostam mais".
Alexandre Soares, in i

Post da praxe

Apesar de já ter o counter há algum tempo, só hoje experimentei ir ver as palavras chave que as pessoas usam para vir aqui parar. Eu sei que toda a gente faz isto, mas não consigo resistir em deixar-vos uma selecção das palavras mais bizarras:
- jogo do pontinho que assusta as pessoas (há imensas pesquisas com esta frase escrita de várias formas... alguém me pode explicar que jogo é este?)
- trabalho sobre jesus
- doi na primeira vez
- mulheres que calçam 40
- manchas vermelhas nos pes
- dói ir ao dentista?
- não metodico

terça-feira, 1 de setembro de 2009

"Isto não é um jornal para o país inteiro"

Voltei a dar uma oportunidade ao i - jornal onde, aliás, eu poderia trabalhar, com um blog com este nome. O jornal lançou o seu centésimo número, capa gira, bora lá. Achei muito melhor do que era ao início (se é que se pode falar de "início" num jornal tão jovem).
Li-o mas guardei-o porque tinha curiosidade de ler uma entrevista ao director, Martim Avillez Figueiredo, a jeito de balanço do jornal. Já se sabe que estas coisas são sempre uma fanfarronice, mas não deixei de ter curiosidade.
Nessa entrevista encontrei uma declaração interessante. "A nossa preocupação é fazer um jornal para as pessoas, para o nosso público. Isto não é um jornal para o país inteiro. Não somos um jornal que vai buscar público ao Correio da Manhã, somos um jornal para pessoas interessadas, que querem saber mais sobre os assuntos".
Ora finalmente alguém o diz. É muito politicamente incorrecto dizer que não se pretende um jornal "popular", mas a verdade é que os jornais mais interessantes, mais arrojados, mais relevantes em termos dos temas abordados, não são populares. Uma pessoa é logo acusada de snobismo quando diz isto, mas eu cá acho que cada um no seu lugar. Acredito que um jornal pode ser popular sem ser imoral (apesar de fugir muito facilmente), mas não devemos tentar mascarar todas as publicações como "próximas do povo". Para quê? Depois acontecem coisas como o DN, a tentar ser uma espécie de bissexual do jornalismo: dá para os dois lados.
Vou voltar a comprar o i. Gosto de imaginar que os jornalistas não vão comprometer o que acham interessante e importante para dar, em vez disso, "o que as pessoas querem ler" - a famigerada frase, que só por si nem tem nada de errado, mas com a entoação que sempre a acompanha dá-me arrepios na espinha.

P.S. Aproveito para dizer que nessa dita entrevista também é dito que 22% dos leitores do i não liam qualquer jornal. E nisto eu já não acredito.

Pronto, é oficial

Aderi à febre do Senhor Palomar.

A casa de livros

Completamente deliciada com este texto.