terça-feira, 1 de setembro de 2009

"Isto não é um jornal para o país inteiro"

Voltei a dar uma oportunidade ao i - jornal onde, aliás, eu poderia trabalhar, com um blog com este nome. O jornal lançou o seu centésimo número, capa gira, bora lá. Achei muito melhor do que era ao início (se é que se pode falar de "início" num jornal tão jovem).
Li-o mas guardei-o porque tinha curiosidade de ler uma entrevista ao director, Martim Avillez Figueiredo, a jeito de balanço do jornal. Já se sabe que estas coisas são sempre uma fanfarronice, mas não deixei de ter curiosidade.
Nessa entrevista encontrei uma declaração interessante. "A nossa preocupação é fazer um jornal para as pessoas, para o nosso público. Isto não é um jornal para o país inteiro. Não somos um jornal que vai buscar público ao Correio da Manhã, somos um jornal para pessoas interessadas, que querem saber mais sobre os assuntos".
Ora finalmente alguém o diz. É muito politicamente incorrecto dizer que não se pretende um jornal "popular", mas a verdade é que os jornais mais interessantes, mais arrojados, mais relevantes em termos dos temas abordados, não são populares. Uma pessoa é logo acusada de snobismo quando diz isto, mas eu cá acho que cada um no seu lugar. Acredito que um jornal pode ser popular sem ser imoral (apesar de fugir muito facilmente), mas não devemos tentar mascarar todas as publicações como "próximas do povo". Para quê? Depois acontecem coisas como o DN, a tentar ser uma espécie de bissexual do jornalismo: dá para os dois lados.
Vou voltar a comprar o i. Gosto de imaginar que os jornalistas não vão comprometer o que acham interessante e importante para dar, em vez disso, "o que as pessoas querem ler" - a famigerada frase, que só por si nem tem nada de errado, mas com a entoação que sempre a acompanha dá-me arrepios na espinha.

P.S. Aproveito para dizer que nessa dita entrevista também é dito que 22% dos leitores do i não liam qualquer jornal. E nisto eu já não acredito.

1 comentário:

Francisco Maia disse...

ja estava na altura de alguém o admitir. Os jornais são para gente inteligente, não para o povo.

A populaça também é analfabeta, não se importa que escrevam snobismos sobre ela.

;) (que tal estas afirmações para um pequeno ditador?)