quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

A minha mãe deixa-me louca. Não, mas não é aquela coisa "ai a minha mãe às vezes é tão chata que me deixa louca". É mesmo de perder a cabeça.
No entanto, em momentos de claridade vejo uma coisa: sou a pessoa de quem mais a minha mãe gosta no mundo. Eu sei. E também sei que a vida lhe bateu.
Talvez a minha mãe perceba mal as minhas crises existenciais, mas é muito boa a consolar. Mesmo quando eu não sei explicar porque estou tão "assim". E por isso lhe agradeço.

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Um dia eu...

... vou fazer couchsurfing.
E hoje que uma encomenda chegou no correio pensei que se eu acreditasse no destino, podia dizer que ele me está a dar uma dica. Talvez eu esteja a dizer adeus a um amigo e olá a outro, com o mesmo nível de gás nitroso no cérebro. Seria justo.

A alma inteira num só filme

Where The Wild Things Are. Sublime.

JMT

Foi-se embora um dos meus colunistas preferidos, acabando uma das poucas coisas que ainda valia a pena ler no DN. João Miguel Tavares escreveu a sua última crónica.

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Só para dizer que voltaram os meus acentos. Não fiz absolutamente nada.
Milagre de Natal?
Quando me dizem que os pasteis de Belem "nao sao nada de especial" confesso que a minha imagem dessa pessoa nunca mais e a mesma.
Acho que se oiço mais uma vez que a questao do casamento homossexual "nao e uma prioridade" e que "deviamos estar preocupados com o desemprego" tenho um colapso nervoso. Haja hipocrisia! Se sao contra digam isso claramente. Mas entao la porque ha muito desemprego nada mais se trata no pais?? Olha assim sendo nao tinhamos museus, porque convenhamos, o problema do desemprego nunca se vai resolver e enquanto trabalhamos nisso tornamo-nos umas pequenas bestas.
Agora e tao boa altura como outra qualquer. Ao menos que alguma injustiça se resolva. Se nao todas, ao menos uma.

Cursos

As pessoas nao sao os cursos que tiraram, claro. Mas ha qualquer coisa nelas que e. Eu verei sempre o mundo como um conjunto de historias e acharei sempre que nao ha nada mais interessante que as pessoas. De resto os jornalistas pouco se definem, pois um dia fazem isto, outro aquilo. Um dia estudam aves marinhas, no outro a guerra do golfo. Sao camaleoes curiosos. Querem historias.
Eu quero saber o que entusiasma as pessoas. As melhores historias estao sempre ai, quando ouvimos as paixoes da boca dos apaixonados. E entao, muitas vezes vemos os cursos nas pessoas. A linguagem que usam, aquilo que nunca abdicariam e aquilo que acham irrelevante. E eu anoto tudo isto mentalmente e sempre acho algo interessante. Os cinemas, os saude, os biologia, os pintura, os economia, os ciencia, os historia, os linguas. Os musica. Ai, os literatura. Mergulho as minhas pontinhas de conhecimento nas suas aguas saborosas.
A unica coisa que nao percebo e, de facto, o fascinio pela Matematica.

Tambem nao podemos perceber tudo, nao e?

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Um tipo normal

(o texto que se segue nao incluira acentos)

Todos nos temos, acho, pessoas que idolatramos. Que achamos que sao extraordinarias. Sao geralmente pessoas que nao estao connosco e a sua memoria engrandece-as, porque lembram um momento feliz. Esta semana estive com a minha pessoa. Quantas vezes nao pensei "so X me perceberia agora" ou "com X e que me divertia a seria", "X era o meu melhor amigo". Sim. Era. Mas X mudou, eu mudei. De personalidade, cidade e principalmente de vida. A vida e lixada, porque nao para para esperarmos por ninguem.
Bom, la estive com X. Foi giro, gostei de o ver. Foi uma tarde bem passada. Mas entre nos ja nao ha segredos, so papeis com po. E ele e apenas um tipo normal. Nao. X continua a ser meio maluquinho, a dizer coisas desconcertantes, a rir daquela maneira destrambelhada e a ter aquele aspecto meio caixa, meio sino. Mas nisto tudo, e um tipo normal. Tem uma vida normal. Normal e bom.
E agora, depois da tarde bem passada por ruas lisboetas, fechei a minha porta. Com pena, confesso. Era bom ter aquele amigo tao unico, tao especial, um irmao de guerras, lagrimas, e dos melhores momentos de sempre. Por outro lado, era um engano. Eu ja nao sou eu, ele ja nao e ele. Logo, nos somos apenas mais um par de amigos, com vidas e prioridades. Ja nao nos ofendemos porque agora somos educados demais para isso.
X voltou para a sua cidade e eu brevemente voltarei para a minha. Talvez passe um ano, talvez dois, ate voltar a ouvir falar dele. E X nunca, nunca lera este post.

Sem acentos

De um momento para o outro, puff, foram-se todos os acentos do meu computador. Se algu´´em (eu disse) souber resolver, ´´e partilharem essa informaç~~ao. Obrigada.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Os Operários do (nosso) Natal

Hoje decidi recuperar o velhinho vinil dos Operários do Natal onde costureiras, lenhadores, pasteleiros, carteiros e vendedores de brinquedos trabalham muito por pouco dinheiro, para fazerem o nosso Natal. Voltei a rir às gargalhadas com o melhor disco de músicas infantis de sempre, agora acompanhado daquele ruído de vinil velho (mas carismático). A minha mãe explicou-me que não comprou os Operários quando eu era pequena, como eu pensava, mas quase dez anos antes, em 1974.
Curiosamente, hoje o Público abre com uma excelente reportagem sobre os trabalhadores dos supermercados, que trabalham 10 horas por dia, por vezes sem tempo para ir sequer à casa de banho, não fazem greve por ter medo de serem despedidos (e são) e ganham ordenados miseráveis.
Assim, e pegando na minha música preferida dos Operários, a Costureira, que diz "Quando pegares ao colo na tua linda boneca, aperta-a bem ao peito e a seguir dá-lhe um beijinho, é como se desses um beijo a esta costureira que transformou trabalho em bonecos e carinho", proponho que este ano pensemos nos modernos operários do Natal. Quem sabe mesmo na senhora da peixaria do continente, que cortou centenas de postas de bacalhau num turno de nove horas. Ela merece.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Depois

As pessoas perguntam-me por ti. Perguntam-me o que vou fazer contigo. O que vou fazer connosco. E eu não sei, é isso que lhes digo, que não sei. Não sabemos. Mas não faz mal, por agora não faz mal. Por agora fazemos o nosso melhor e isso chega. Por agora aproveito as férias de Natal para namoros de Centro Comercial. E depois logo se vê, depois logo sofremos, logo fazemos contas, logo somamos e diminuimos. Selamos os nossos contratos. Mas depois. Agora não.

O nr 92

Eu tenho dois problemas. Um é o facto de ter deixado o cabo usb em Cardiff e não conseguir, portanto, postar as fotos de Londres. O outro é um senhor vestido de branco que ontem controlava os penetras de um certo jantar de amigos. Esse senhor vestido de branco obrigou-me a actuar clandestina e agora tenho uma dor de cabeça.
Ultrapassando estas dificuldades, tenho a dizer que Lisboa é linda. Mais linda que todas as cidades. Isto pode ser um exagero claro, mas o amor é exagerado assim.
Tenho também a dizer que a nostalgia é coisa que ataca imprevisivelmente. Uma pessoa está distraída, pensa "olha, o que lá foi lá foi" e depois dá por si com um livro em branco para escrever a sua obra prima e uma lagrimita ao canto do olho.

domingo, 6 de dezembro de 2009

Coisas da vida

Estou rodeada de quase jornalistas, de polidores de palavras. Estou como peixe no aquário, estou com os da minha espécie. No entanto quando a dúvida assalta, quando a frase não sai bem e o significado parece duvidoso, ou mesmo quando preciso de um toque de creatividade extra, quero apenas uma opinião. As outras ajudam, são bem-vindas. Mas não as levo muito a sério, tenho que confessar. Faço-lhes uma festa paternalista. E aguardo, ansiosa, pela avaliação certa.
Há jornalistas que deviam sempre ser jornalistas.
...
Ouviste?

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Quando as coisas fogem de controlo, lembro-me de como a vida já foi simples. Simples não é bom, claro. Mas eu tinha um sorriso desdentado, óculos cor-de-rosa e franja direitinha, e as coisas pareciam encaixar-se naturalmente. O vestido rosa choque com estrelas estava largo e a minha mãe não se cansava de me dizer para comer mais. Nunca dormia a sesta, tinha voz de ratinho e saltava como um gafanhoto. Passava a vida a dizer mentiras para me deixarem comer chocolate e fingia que tinha um gato cinzento, igual ao peluche que ainda tenho no meu quarto.
Os professores diziam que eu tinha uma "sensibilidade especial", tinha pesadelos com aulas de educação física e nunca, nunca atinava com a matemática.
Ah, afinal há coisas que não mudam.

Descobri o meu problema: nunca pus um anúncio no jornal!


Cada vez que encontro no site da Meteorologia português tenho vontade de rir. Que tempo de meninas.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Portugal... Espanha... isso II

- Então e como foram as tuas notas dos trabalhos?
- Hmmm... uma boa, outra má
- Pois, as minhas foram mais ou menos. Quem teve mesmo boas notas foi aquela amiga tua
- Quem?
- Aquela que costuma estar contigo e é igualzinha a ti
- Igual a mim...? Não sei. É de onde ela?
- Espanha
- Ahhhh a Eva. Ela não é parecida comigo
- É pois.

Portugal... Espanha... isso

Fiz uma pergunta ao professor. Para melhor explicar ele perguntou:

- És de Espanha, não é? (ohhh desilusão das dislusões, eu a achar que ele sabia!)

- Não, de Portugal

- Ah sim, é a mesma coisa...

(a minha expressão facial congelou)

- Não, quer dizer, claro que não é a mesma coisa, mas para este exemplo vai dar ao mesmo...

...

Ao meu lado o meu amigo ria sem parar. E a seguir eu ri também. Que fazer?

Casaco comprido, gorro e decorações de Natal

Hoje saí de casa de manhã. Não fazia vento nem chovia. Atravessei o jardim e senti o ar frio na cara. Soprei como quando era pequena e vi a núvem de ar quente formar um fumo esbranquiçado à minha frente. Sorri de satisfação e atravessei a rua.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Não quero ofender ninguém mas...

... sinceramente, quem é que chama à sua filha Marlene?

domingo, 29 de novembro de 2009

Candidate trains

Eu sei que já toda a gente viu este vídeo mas...

... acho que é tempo de relembrar. O melhor é a reacção da mãe!

Post à Pipoca Mais Doce

Estou feliz, muito, muito feliz. Finalmente tenho:

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Brilhante



Ontem revi Bowling for Columbine.

Outfoxed

Documetário sobre o canal de televisão americano Fox News.

Regra número um: atacar convidados que não concordem connosco ou o Bill O'Reilly effect


Regra número dois: usar "o que as pessoas dizem" para veicular a opinião do canal

terça-feira, 17 de novembro de 2009

É só para dizer...

... que me encontro actualmente a trocar emails com o José Milhazes. Já posso riscar um ponto na minha lista de coisas a fazer antes de morrer =D

Da indecisão também nasce a beleza


A chuva intermitente, misturada com o sol apaga-acende acabam assim.

Odeio Cardiff

Odeio os meus professores. Odeio-os porque os adoro. Porque eles não têm dúvidas sobre o nosso futuro. Porque falam connosco com a certeza de que iremos usar aquela informação brevemente. Vamos ter fontes importantes que pedem anonimato e vamos ter dois telemóveis, just in case. Vamos ser correspondentes num país fascinante e perigoso e nunca confiaremos nos taxistas. Vamos sair de casa e percorrer as ruas quando não soubermos o que escrever. Vamos ser cépticos e enfrentar pressões editoriais. Vamos ser o Woodward e o Bernstein. Vamos prever a próxima crise económica e praticar exercícios para evitar traumas depois de cobrir tragédias.
Eles acham que sim e nós, aspirantes sonhadores, nem sempre conseguimos ter os pés na terra. Levantamos o braço, perguntamos, contamos histórias. Suspiramos. Pedimos mais bibliografia, filmes, debate.
Dizem que quanto mais alto se voa, maior é a queda, mas o que fazer quando nos dão um par de asas extra?

Dedicatória

Storms never last do they baby
Bad times all pass with the wind
Your hand in mine stills the thunder
And you make the sun wanna shine

You followed me down so many roads, babe
I picked wild flowers and sung you soft sad songs
And every road we took lord knows our search was for the truth
And the clouds brewin' now won't be the last

But storms never last do they baby
Bad times all pass with the wind
Your hand in mine stills the thunder
And you make the sun wanna shine


J. Colter

domingo, 15 de novembro de 2009

Hoje eu vou fazer jogging. Está de chuva. E depois não digam que esta coisa de morar noutro país não é uma life changing experience.

sábado, 14 de novembro de 2009

Wear Sunscreen



Desde os 16 que adoro esta música. Hoje descobri o vídeo. E continuo a adorar.

P.S. Ignorem as legendas em espanhol.

Na minha sala de aula


Aumentar para ler.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Ok, assim não dá. A sério, qualquer dia deixo de ver séries. É que matam sempre a minha personagem principal. Primeiro o Charlie, agora o George. Assim não dá.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Tanya Gold e as maravilhosas crónicas no G2

Ler, ler, ler!!! O que eu me ri. Amigos cinéfilos, clique no link, sim?

P.S. Bright Star chega quando a Portugal?

The bullshit detectors

Na faculdade tive uma cadeira chamada Retórica. Achei que ia ser uma coisa extremamente interessante, mas não foi. Foi uma seca de todo o tamanho onde só se falava de Platão e de onde não retirei absolutamente nada para a minha vida pessoal ou professional.
Aqui tenho uma cadeira que gira em torno do mesmo tema, mas chama-se Critical Thinking. No início assustei-me porque o que começámos por aprender era básico. "O João tem 1.50 metros. O Tiago tem 2 metros. Logo, o Tiago é mais alto que o João". Falácias e coisas assim. Rapidamente a coisa ganhou complexidade - uff - e o professor já nos assegurou que vamos analisar discursos políticos e a forma como determinadas técnicas de discurso são usadas para manipular os factos. Decorrente desta discussão, a conclusão da aula de hoje foi digna de ser passada para aqui.

We must be:
- Nonsense detectors
- Bullshit detectors
- Political sewage engineers
- Political sewage purification mechanics
- Eternal sceptics (not cynics); that is,
- Moderately against everything

A cimeira de Copenhaga está aí

"Next month Copenhagen will host the highest profile, best attended, most widely publicised, eagerly awaited and closely scrutinised UN climate talks so far. Could this be the moment the world finally gets to grips with climate change? With President Barack Obama havong pledge to engage the US properly, hopes have been high that Copenhagen will unite the world"

David Adam, in The Guardian

Gordon Brown, aquele abraço

Não sei bem o motivo da ausência de posts sobre a actualidade britânica. Tento ler o jornal todos os dias, e todos os dias há debates, quer nas aulas, quer entre o meu muito interessante grupo de amigos - aqui não entra a modéstia.
No entanto tenho negligenciado o blog. Às vezes faço setinhas no jornal para não me esquecer, mas acabo por não escrever nada. Pois bem, hoje vou fazê-lo.

Começo por dizer que os britânicos são exigentes com a sua classe política. Ainda bem, claro. Mas para mim torna-se complicado pensar como eles e deixar de ver os políticos como pessoas que também são.
Gordon Brown já esteve envolvido em vários "escandalos" - que não são nada, comparado com o que se passa em Portugal. É uma questão de princípio, claro. Mas Brown sofre também do síndrome "Manuela Ferreira Leite": não é amigo das câmaras, não é bonito, é tímido, comedido nas palavras. É cada vez mais impopular num país em guerra, severamente afectado pela crise económica e aterrorizado pela mão sinistra da União Europeia. Apesar de as eleições serem daqui a pouco menos de um ano, já toda a gente diz que os Tories vão ganhar.
No meio disto tudo confesso uma certa simpatia por Brown. E pena tambem, pois a imprensa tablóide - aqui muito forte - não o poupa a nada e a oposição bebe o seu sangue.
Além do escandalo do "desvio de dinheiro", quando aqui cheguei falava-se muito de uma entrevista na BBC que em o jornalista perguntou a Brown se ele tomava antidepressivos. O primeiro-ministro tem alguns problemas de saúde, incluindo sérias dificuldades de visão devido a um acidente que teve quando era novo. As páginas e páginas que foram escritas sobre isso e como de qualquer das formas Brown perdia, quer dissesse que o jornalista não tinha nada a ver com isso - "estará a admitir que sim?" - ou dissesse que não - "está a discutir a sua vida privada na TV pública?".
Esta semana outro episódio, bem mais agonizante, aconteceu. Sempre que um soldado morre, Gordon Brown escreve uma carta, à mão, aos familiares - por vezes até a mais que um. Ao que parece, a mãe de um soldado que morreu no Afeganistão ficou extremamente ofendida porque Brown escreveu mal o nome do rapaz e deu até erros ortográficos. O rapaz chamava-se Janie, e ele escreveu Jamie. A senhora foi contactada - ou ela própria contactou - pelo Sun (o pioooooor jornal britânico) e a história explodiu. A carta foi publicada em todo o lado, até nos jornais de referência e esta senhora entrevistada em todas as televisões. A letra de Brown é horrível, isso é um facto, ao ponto de nem se ter a certeza que alguns dos erros são efectivamente erros. Mas foi ele que a escreveu pessoalmente. O primeiro-ministro ligou a esta senhora e pediu-lhe desculpas. O telefonema foi transcrito pelo Sun. Ontem, publicamente Brown voltou a pedir desculpas pelo erro, e dizendo que compreendia bem o que era perder um filho - a sua filha morreu quando era criança.
O episódio tem sido empolado, arrastado, usado até à exaustão. É doloroso ver Brown pedir desculpas e mais desculpas. Mas o que pode ele fazer? Não pode opor-se a uma mãe de luto por um filho que combatia sob as suas ordens. Não pode dizer "A senhora está perturbada, deixe-me em paz". Por isso isto continua. Entretanto, o Sun vende aos milhões, numa prática jornalística vomitável, explorando a dor de uma mãe para criar polémica. Comentadores, jornalistas e até alguns membros da oposição já vieram a público defender Brown, mas a verdade é que a história continua nos jornais e nas televisões. É uma loose-loose situation: insensível ou fraco?
Uff, não está a ser um ano fácil para Gordon Brown.

Worried is my midle name

Sentada numa aula hoje de manhã, deixei-me olhar para mim como se eu não fosse eu. Olhei para mim ali, a discutir os certos e errados do jornalismo, numa universidade britânica. Constatei que todos os professores sabem o meu nome e perguntam pela minha opinião porque sabem que tenho sempre uma pronta a dar. Vi que me estava a sair bem. E ainda assim, disse a mim própria "não te preocupes".
Disse-o porque preciso de ouvir essas palavras que não são mais que uma panaceia para a minha doença. Essa preocupação constante.
Voltei atrás no tempo. Lembrei como todos os meus amigos foram para Ciências e eu fui para Humanidades. Como isso não me fez sentir especial ou inteligente, mas uma espécie de falhanço por não ter o apelo da ciência. Eu gostava de História e de ler, ler, ler. Hoje tenho orgulho nisso, mas na altura eu era apenas estranha. A faculdade foi uma época amiga, confortável. Mas eu só pensava em como nunca iria conseguir o estágio que queria e como isso ia determinar o meu futuro. O estágio consegui-o. Mas o desemprego aterrorizava-me. Nunca serei uma jornalista, vou acabar num departamento de comunicação qualquer a odiar a minha vida. O emprego consegui-o. Achei que, de todos os meus colegas, tinha ficado com o pior lugar. Mas aprendi a viver com ele. Fiz amigos, reuni contactos, estive perto de um contrato. Vivia atormentada com a ideia de nunca mais sair dali, nunca iria ser uma jornalista "comme il faut". Queria estudar mais. Invejava aqueles que tinham vivido fora, estudado em boas universidades, com amigos em todo o lado, essas pessoas cosmopolitas. Queria ser assim.
Agora estou aqui. Sempre quis estar aqui. Estou feliz aqui. Mas não consigo parar de pensar "E depois?". Sei que o emprego que quero está em Londres. Sei que não tenho dinheiro para ir para Londres. Sei que não quero voltar para Portugal sem ter a experiência de trabalhar num jornal britânico. E se não conseguir nada? E se conseguir mas isso implicar custos que não posso suportar? E se voltar para casa de mãos a abanar? E se tudo isto foi inútil e volto à estaca zero?

Volto à sala de aula, respiro fundo, por agora estou a salvo.

Sei que os "bons blogs" não são diários da vida privada, mas quem sabe alguém se identifique por aí. Podemos criar um grupo de apoio: os Preocupados Anónimos.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Há um esquilo a morar no meu jardim. Vi-o domingo de manhã, muito cedo. E com isto acho que não preciso de dizer mais nada.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Viva o Rap!!!





Se calhar temos muito tempo livre neste mestrado...

domingo, 1 de novembro de 2009

Figas

Ao Público, o meu jornal português preferido, desejo toda a sorte do mundo nesta nova etapa.

E que guardem para lá um lugarzinho para mim, se faz favor.

sábado, 31 de outubro de 2009

Gregynog

Um casarão num meio do nada. Diria que o nada é verde, mas seria falso: o nada é castanho, amarelo, dourado, laranja, vermelho-sangue e também verde escuro, verde seco, verde-água, verde-vivo. No nada não há rede de telemóvel.
De Cardiff a Greynog são três horas e pouco de autocarro. A saída da cidade surge-nos uma paisagem deslumbrante, onde a serra é constantemente salpicada por ovelhas cinematográficas. Quilómetros e quilómetros sem ver vivalma. Aqui e ali uma quinta.
Chegar a esta casa vitoriana, rodeada de um imenso jardim, é parar no tempo. Professores e alunos desfizeram as malas e durante três dias não saíram dali. Aulas, apresentações e o grande papão da dissertação ocuparam-nos o tempo. Mas também jogos, passeios longos, fotografias (sequências de três, sempre sequências), jantares, almoços, festas privadas regadas com garrafas levadas às escondidas.
Em Gregynog tínhamos que finalmente decidir o tema da nossa dissertação. E foi perfeito. Nenhum outro sítio nos poderia trazer tanta inspiração. Em três dias fiz mais do que num mês inteiro. Houve risos, gritos, amizades novas, houve até lágrimas. Houve teatro e cantoria, muitos, muitos bolos. Perguntas privadas aos professores. E o Hugo Chávez usou toda a sua retórica para não ser expulso de um balão.
De volta a Cardiff, noto que uma coisa mudou: a árvore que cresce junto à minha janela mostra agora várias folhas amarelas. Como é belo o Outono.










quarta-feira, 28 de outubro de 2009

domingo, 25 de outubro de 2009

Hoje enquanto fazia a cama, dei conta que puxava para junto da almofada a ponta do edredon que costuma estar junto aos meus pés (tem botões, por isso sei). Para uma pessoa que dorme sozinha as minhas noites parecem ser muito animadas.

Stonehenge e Salisbury

sábado, 24 de outubro de 2009

Obrigatório para jornalistas: documentário "Outfoxed"

Barack Obama abriu guerra à Fox News. Já ouvi comparações com José Sócrates e o caso TVI. Quem o faz só pode estar na total ignorância do que é a Fox, o canal que produz - não há outra expressão - puro lixo. Obama tem toda a razão. A Fox não faz jornalismo. Logo não há aqui questões de liberdade de expressão.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Nao se deixem assustar pela falta de acentos - a culpa nao e minha

Ainda sobre a presenca do BPN no Question Time (porque aqui o tema esta on fire), uma excelente analise dos acontecimentos da noite no blog de Andrew Sparrow, jornalista (presumo) do Guardian, que seguiu o debate minuto a minuto no blog e finalizou com uma analise que vale a pena ler:

"...having watched the programme, I now feel that Griffin was exposed. He was embarrassed when confronted with some of his past on-the-record statements, at times he was unable or unwilling to defend himself (for example, when asked the memorable "which country would you send me back to?" question) and at least once (when talking about Holocaust denial legislation applying in the UK) he resorted to saying something totally untrue.
...
The BNP are now closer to the mainstream than they have been before and they have received priceless publicity, which must give them some electoral advantage. But at least people who have never before taken much interest in the BNP will now have a much clearer idea of the limitations of its leader.
...
But my "panellist of the night" award would go to Bonnie Greer for the way she gave Griffin a gently patronising lecture on British history."

http://www.guardian.co.uk/politics/blog/2009/oct/22/question-time-live-blog

Lição do dia: nunca duvidar do direito à opinião - e da inteligência das pessoas em entendê-la

Nas últimas semanas um tema tem sido especialmente debatido: deve Nick Griffin, líder do BNP (British National Party), um partido oficialmente fascista e racista, partipar num painel de debate da BBC, chamado Question Time?
De todos os lados chegaram duras críticas à BBC por ter convidado Griffin, dizendo que era errado dar atenção e voz a um partido destes. O ponto de honra é, no entanto, que o BNP ganhou dois lugares no Parlamento Europeu.
Como jornalista senti-me um pouco confusa mas tendi a achar que a última coisa que este tipo de partido precisa é atenção. No entanto mudei totalmente de opinião. Acabei de ver o programa e Griffin é totalmente destruído. Não só porque as suas ideias são simplesmente atrozes - alimentado-se do medo, ignorância e preconceito dos brintânicos, apenas - , mas porque como político é fraco e incoerente. Não soube defender os seus pontos de vista, foi cobarde, e entrou em inúmeras contradições. Foi patético. Perdeu. E ainda bem.

Podem ver o debate em http://www.bbc.co.uk/iplayer/episode/b00nft24/Question_Time_22_10_2009/
Garanto-vos que não se vão aborrecer

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Saramago ou como "os comunistas comem criancinhas ao pequeno almoço"

Estou muito curiosa para ler o novo livro do Saramago. Além disso tem sido divertido ver o pessoal todo ofendido com as declarações sobre a Bíblia, como se o Saramago não tivesse sempre sido controverso. Mas o mais giro, o mais giro de tudo, é o argumento que tenho lido na blogosfera: Saramago só está a escrever sobre a Bíblia para vender mais. É verdade pá, o Nobel tem muitos problemas de vendas. É que nem vendeu livros suficientes para não mexer uma palha até morrer (também não faltará muito...).

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Hoje descobri que:

Se um aluno de uma universidade britânica alugar um livro na biblioteca sobre algo como Islão Radical ou Terrorismo, o nome desse aluno entra numa base de dados da polícia. E fica sob "observação".

Café, meu amor, volta

Eu sei que te tratei mal, que disse que estavas queimado, que tinhas pouca espuma, que o Nespresso é que era. Mas foi tudo da boca para fora, meu amor. Na verdade, não há ninguém como tu.
Se soubesses como o meu coração sofre quando misturo com água o pó castanho que guardo no armário. Ou quando, na faculdade, carrego no botão para o líquido aguado sair...
Mas o pior, o pior aconteceu sábado. Estava sol e as folhas cor de laranja caiam sobre a relva do jardim. Achei que podia ter outro que não tu e dirigi-me ao quiosquezinho do parque. Segurei o copo quente, fechado com uma tampa. Sentei-me na relva, pousei a mala e o casaco. Abri o livro sobre a relva. Tirei a tampa do frasco de esferovite. Foi aí que eu soube que nunca conseguiria amar nenhum outro. O meu café vinha com leite. E "coffee", aqui, é mesmo assim.

Felicidade? It's overrated!

Hoje recebi um mail com uma crónica do jornalista João Pereira Coutinho, senhor com quem nem simpatizo muito. No entanto, não deixo de achar curioso ter sido este o tema de uma conversa de café que tive há três dias. Assumindo-me como filha desta geração obcecada com o sucesso, subscrevo a crónica apontado o dedo a mim própria: culpada.

"Não tenho filhos e tremo só de pensar. Os exemplos que vejo em aconselham temeridades. Hordas de amigos constituem as respectivas proles e, apesar da benesse, não levam vidas descansadas. Pelo contrário: estão invariavelmente mergulhados numa angústia e numa ansiedade de contornos particularmente patológicos. Percebo porquê. Há cem ou duzentos anos, a vida dependia do berço, da posição social e da fortuna familiar.
Hoje, não. A criança nasce, não numa família mas numa pista de atletismo, com as barreiras da praxe: jardim-escola aos três, natação aos quatro, lições de piano aos cinco, escola aos seis, e um exército de professores, explicadores, educadores e psicólogos, como se a criança fosse um potro de competição.
Eis a ideologia criminosa que se instalou definitivamente nas sociedades modernas: a vida não é para ser vivida - mas construída com sucessos pessoais e profissionais, uns atrás dos outros, em progressão geométrica para o infinito. É preciso o emprego de sonho, a casa de sonho, o maridinho de sonho, os amigos de sonho, as férias de sonho, os restaurantes de sonho.
Não admira que, até 2020, um terço da população mundial esteja a mamar forte no Prozac.
É a velha história da cenoura e do burro: quanto mais temos, mais queremos. Quanto mais queremos, mais desesperamos. A meritocracia gera uma insatisfação insaciável que acabará por arrasar o mais leve traço de humanidade. O que não deixa de ser uma lástima.
Se as pessoas voltassem a ler os clássicos, sobretudo Montaigne, saberiam que o fim último da vida não é a excelência, mas sim a felicidade! "

Olga, traz a cenoura

Plagiando um post do 31 da Armada, deixo aqui um excerto do mais alto jornalismo que se faz em Portugal.
"Nunca assediei a patroa. Fui despedido e eles abusaram de mim porque sabia demais sobre ela." É desta forma que Luís Pereira, o pastor de 56 anos sodomizado com uma cenoura pelos patrões, começa o relato das piores 48 horas da sua vida”
“Atado e amordaçado, Luís Pereira conta que viu a sua roupa ser 'cortada à navalhada' e só pensou 'na Nossa Senhora de Fátima' quando ouviu o patrão a dizer para a mulher: 'Olga, traz a cenoura”.


In Correio da Manhã

Acho que ninguém pode negar que é bom entretenimento. (Mas também acho que estamos autorizados a atirar fruta podre à cabeça dos ditos jornalistas - para acompanhar o grau de diversão)

domingo, 18 de outubro de 2009

Is the battle of the sexes over?

Afirmando-me como uma "anti-dia da mulher", aplaudo a excelente entrada do artigo de capa da Time. Porque é importante reconhecermos o que mudou:

"If you were a woman reading this magazine 40 years ago, the odds were good that your husband provided the money to buy it. That you voted the same way he did. That if you got breast cancer, he might be asked to sign the form authorizing a mastectomy. That your son was heading to college but not your daughter. That your boss, if you had a job, could explain that he was paying you less because, after all, you were probably working just for pocket money.
It's funny how things change slowly, until the day we realize they've changed completely."

Nancy Gibbs, in Time
A forma como os britânicos desdenham da União Europeia é profundamente irritante.

O patriotismo

Faço parte de um grupo de pessoas que acha o patriotismo uma coisa um bocado ridícula. Aquilo das bandeiras, do hino e ai o meu país é tão fixe, a minha comida é a melhor e somos os mais simpáticos do mundo. Essas coisas que são perfeitamente adaptáveis a milhares de nacionalidades. Enfim... quando oiço o discurso patriótico rebolo os olhos e tenho logo vontade de fazer um comentariozinho irónico.
Admitamos: em Portugal ser patriota é um bocado out. (Felizmente). Mas a coisa muda de figura quando nos vemos confrontados com outros países. Porque a verdade é que é muito fácil fazer pouco do patriotismo dos nossos conterrâneos, mas gozar com o amor à pátria de outras nacionalidades pode roçar o ofensivo. Por isso mordo a língua várias vezes por semana.
Mas que é completamente patético, lá isso é.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Sinto um carinho especial por esta dorzinha de cabeça

Estou viciada na novidade. No começar de novo. Nas perguntas de circunstância, no constante explicar de todos os conceitos - linguísticos e semânticos. Neste engano que é acreditar que nos podemos reescrever, reinventar. Podemos dizer que fomos à lua e somos óptimos dançarinos. Os nossos segredos ninguém os sabe, somos livres. Estou viciada nesta ausência de julgamento, nesta liberdade de consciência. Neste you can be whoever you want to be. Que mentira - caio sempre em mim mesma.
Brindamos às vitórias e brindamos ao Berlusconi e dizemos Croeso porque é a única coisa que sabemos dizer. "Patata" vem acompanhada daquele gesto que junta os dedos da mão e a faz balançar para frente a para trás, lembrando o maior cliché da Itália. "Girl" é "geeerrrrl" e podemos dançar como a Shakira mas com reviravoltas nos pulsos a atirar para a espanholada, se bem que a intenção era dar um ar de índias. Tossimos, espirramos, temos frio, ensinamos passos de dança como se soubessemos do que estamos a falar. Rimos dos intrusos - nisto estamos juntos e desta loucura doce e embriagada ninguém nos tira.
Somos felizes. Apesar desta dorzinha de cabeça.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Maitê Proençagate*

Eu não ia dizer nada sobre esse grande caso mediático que é a Maitê Proença a dizer disparates na TV. Ouvi dizer que até houve uma petição exigindo que ela pedisse desculpa a Portugal.
É pá, tenham lá paciência. Desculpa devia pedir o Sócrates por termos um ordenado mínimo que não chega para pagar a renda de um cubículo. A Maitê Proença é só uma tontinha ignorante que chama toda a gente de "meus queridos". Nada a difere das muitas tias que por cá (leia-se Portugal) habitam. Uma tia com muiiiiiiiito sentido de humor - um sentido de humor daqueles que nós não temos miolos para perceber. Felizmente.

P.S. Alguém me sabe explicar porque estamos a discutir uma peça que foi para o ar em 2007? Não captei. (burrice portuguesa? ou chico-espertice brasileira? venha o diabo e escolha)


*Ideia copiada de algum blog por aí - não me lembro qual. Só para dizer que não é minha, mas gostava que fosse.

O Jaime gama

Estou a ver o Jaime Gama no Gato Fedorento. Aaaaa... Algo me diz que vai ser a próxima personagem a ser imitada pelo RAP.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Aparte do sotaque ou do aspecto, os britânicos são fáceis de identificar: são aqueles que se encontram para "tomar um chá" e não um café. Até quando são 9h da manhã e sono pesa - eu corro ao bar para buscar um café, eles um chá. Com leite.
Whatever rocks your boat, mate*.

*Cheers mate! (só queria ter uma desculpa para dizer esta frase)

Maya and the lions

Tal como previa, há muitos indianos aqui. No entanto a minha amiga indiana não quis fazer parte de um bando e decidiu que ia escolher os amigos pelo que são e não por serem do mesmo país que ela. Resultado: apesar de uma ou outra pessoa aparecerem de vez em quando, ela é a única indiana no nosso núcleo duro de amigos (é um grupo flutuante, ainda assim...).
Ela está lá todos os dias, a toda a hora. E nem me lembro que por vezes pode ser difícil para ela perceber de onde veem alguns dos nossos conceitos. Hoje a Maya saltitante baixou o tom de voz e disse-me perto do ouvido: "não quero soar racista ou assim, mas não percebo... porque é que vocês [europeus] dizem que alguns países têm "olive tone"? Vocês são todos brancos, não vejo diferença nenhuma". Sim, ela acha que os europeus têm todos basicamente o mesmo aspecto, não sendo capaz de dizer de que país veem. "Percebo", disse eu pensando que de facto os indianos saltam muito mais à vista e não há como enganar. "Bom, no sul da Europa as pessoas são mais morenas". "São iguais... a Eva [Espanha] não é morena". "O que quero dizer é que no sul da Europa a maioria das pessoas tem cabelo escuro, olhos castanhos e quando vão à praia ficam bronzeadas e não vermelhas".
"I see", disse. I don't think she bought it.

Balança

O que eu não gosto nos jornais (e revistas) britânicas*:
1. São, o que eles chamam, "Partisans" - apoiam oficialmente este ou aquele partido
2. Há demasiados tablóides

O que eu gosto nos jornais (e revistas) britânicas:
1. Tudo o resto.


* Notam como eu não digo "ingleses" porque o Reino Unido não é só Ingalterra? Estou convertida.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Um tantinho anti-democrático, não?

Hoje, enquanto passavamos revista aos acontecimentos do fim-de-semana, a professora explicou que é possível que em 2010 se realizem os primeiros debates entre concorrentes a Primeiro-Ministro. Pois, é verdade, isso nunca se passou antes. Nunca, na história. Pus o braço no ar, achei que não tinha percebido bem, como não há debates??? Ms Hadwin explicou que no Reino Unido teme-se que a política caia demasiado na personificação dos lideres e que o importante devem ser as ideias do partido. No entanto, tendo em conta os resultados desastrosos do Labour, é possível que recorram aos debates nas próximas eleições, numa de tentar algo novo.
Fiquei a olhar para ela e balbuciei qualquer coisa sobre como os debates são o centro da discussão política em Portugal. Ela disse que esperava boas coisas dos debates - "é mau quando se avalia uma pessoa pelo facto de ela ser boa ou má em frente às câmaras, mas as pessoas já fazem isso de qualquer forma".
Crazy brits. That's all I'm saying.

domingo, 11 de outubro de 2009

When in Britain, go for a Sunday Roast


World music?

A mesa era comprida e olhando em volta contei sete pessoas. Países: Espanha, Itália, Alemanha, Escócia e Índia. Ninguém tinha ouvido falar de Fado.

sábado, 10 de outubro de 2009

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Silly season ou quê?

Ok, as filhas do Zapatero são góticas. So what?

Portugal is not so bad

Num grupo de amigos totalmente internacional como é este que aqui formei, as conversas "políticas" duram quase 24 horas por dia. Todas as frases começam "no país x funciona assim", de forma a percebermos as diferenças entre nós. Eu tinha a ideia de que Portugal é uma vergonha: falhanço económico, política desastrosa, maus serviços. A verdade é que a maioria das vezes tenho que concluir que... Portugal não está assim tão mal. A maioria dos nossos políticos não diz asneiras no parlamento, não grita nem ofende pessoalmente os deputados, não estão envolvidos em casos de corrupção, não foram condenados por crimes - não na escala que tenho ouvido aqui. Os nossos media são essencialmente livres, os jornais e televisões não são detidos pelo Estado e, na verdade, quanto mais se disser mal do governo, melhor. Os nossos multibancos são óptimos e neles podemos fazer praticamente tudo. Em Portugal podemos fazer transferências bancárias internacionais pela internet e os bancos funcionam com prontidão e rapidez. As escolas e universidades públicas são boas e não é preciso ser-se rico para obter educação. Os filmes passam na língua original.
É óbvio que muitos destes factores postivos existem no Reino Unido. Mas eu (ainda) não tenho nenhum amigo inglês. Na nossa mesa multicultural, a única pessoa que geralmente relata um cenário parecido ao meu é uma rapariga alemã. E Portugal, como bem sabem, está longe de ser a Alemanha. Ou talvez não esteja assim tão longe - Portugal não é mau, é apenas invisível.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Wales, now and before









Queixa formal

Venho por este meio expressar publicamente o meu descontentamento com o nome que os meus pais escolheram para mim. O seu carácter não-internacional torna-me uma boa candidata a um pseudónimo. Ainda não houve uma pessoa a quem eu dissesse o meu nome e não o tivesse que repetir várias vezes, corrigir a pronúncia, soletrar e sorrir conformadamente com uma tentativa vagamente semelhante.
Pai, mãe, assim não dá.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Settling down

Hoje lia o blog de um dos meus novos amigos, em que ele falava desse processo de "settling down". Olhei em volta e questionei-me se já estava finalmente instalada ou não. O dinheiro absurdo que estou a gastar indicará que não, parece-me. A falta de opções para o jantar, a ausência de utensílios domésticos, a pouca decoração, tudo indica o meu estado de "novata".
Ainda assim, algo diz "casa" aqui. Há qualquer coisa de extremamente reconfortante neste nosso constante explicar das palavras, este inglês tropeçado, cheio de "what???", muito gesticulado e recheado de onomatopeias.
Definitivamente não estou instalada, mas sinto-me confortavelmente integrada na minha condição de "international student".

sábado, 3 de outubro de 2009

Estou a tentar manter uma dieta saudável


... para contrabalançar todas aquelas batatas fritas, bacon e hamburgueres

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Como dar cabo do sistema Flu Buddy em dois dias

Voltei a ver Sete Palmos de Terra. Sou feliz.
Entretanto todos os meus amigos adoeceram. Enquanto eu renasço das cinzas, eles caem um por um, vítimas dos meus germes letais. Todos, incluindo os meus dois flu buddies.

The british method - jamais possível em Portugal

Quarta-feira acordei com uma dor no corpo, uma tosse, garganta arranhada. Ao levantar o cortinado percebi que deixei uma fresta da janela - junto à qual fica a minha almofada - aberta. Fui para as aulas, aguentei-me. Passei a tarde em casa, tomei uns ben-u-rons e à noite dediquei-me a uma sessão de quizz internacional - espalhando assim os meus germos a todo o meu grupo de amigos.
(isto tem um objectivo, não estou a escrever um diário da gripe, prometo)
Durante a noite a coisa piorou. A minha febre deve ter atingido recordes e o efeito dos comprimidos não parecia durar muito. Depois me arrastar durante umas horas, sem alívio, decidi ir ao médico. Como não sabia se era preciso marcar uma hora, fui à procura de telefone na net (o panfleto anda por aqui perdido). É importante dizer que todos os estudantes são aconselhados a registar-se num médico assim que chegam - não é obrgatório, mas altamente aconselhado. Felizmente tinha-o feito, o que significa que tenho um médico só para mim.
No site da Cathays Surgery dizia em letras vermelhas e gordas SE TIVER SINTOMAS DE GRIPE NÃO VENHA, LIGUE! Pois é, esta informação está de facto por toda a cidade. Lá liguei, então. O médico foi extremamente atencioso, disse para não me preocupar muito, mas que os meus sintomas - febre, nariz entupido e tosse - eram compatíveis com a Gripe A. Frisou várias vezes que ficasse em casa, não fosse ao médico, nem às aulas, tomasse paracetamol, bebesse líquidos e descansasse. Apenas. E eu já a ouvir a minha mãezinha a chamar o 112 (que aqui seria 999). "Mas só isso??", perguntei. "Nem um antibiotico?". Não, explicou pacientemente, seja gripe A ou não, geralmente cura-se sozinha, apenas com um anti-viral para controlar a febre. "E a Tamiflu??". Só para quem tem problemas de coração ou respiratórios.
Não lhe contei do episódio da janela. Gosto de pensar que tive Gripe A e sobrevivi, já que hoje, ao segundo dia de quarentena, me sinto muito melhor.
Todo este processo fez-me perceber quão diferentes somos. Em Portugal poucos serão os que com suspeitas de Gripe A ficariam em casa, mesmo que fosse essa a indicação do médico. E muito menos com apenas um paracetamolzinho. Quando o médico me disse "É possível, sabe, estamos a ter um grande surto nestes últimos dias", imaginei logo as urgências a abarrotar. Mas parece que por aqui liga-se ao médico e fica-se em casa. Com muito cházinho.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Nada dessas modernices

Aqui no Reino Unido não existe a terminologia "Gripe A" - pelo menos que me tenha apercebido. Em todos o lado há avisos contra a Swine Flu. E mai nada.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Novamente, a pontualidade

Hoje o nosso professor de Foreign News Reporting passou um raspanete aos alunos que chegaram "atrasados". Que assim não pode ser, dizia ele, que só desculpava desta vez. Olhei para o relógio: eram 9h em ponto. Lancei-lhes um olhar de solidariedade.
Acho que percebi: se a aula começa às 9h é suposto estarmos lá antes para que às 9h esteja tudo sentado e o professor comece a falar. Estranho país.

A piada da semana

À noite já não há condições para manter um pensamento claro. As palavras enrolam-se na língua e quando damos por isso está tudo a rir porque dissemos "earthcake" em vez de "earthquake".

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Nos limites da ética

Ontem ouvia o Governo Sombra, enquanto me preparava para finalmente dormir uma noite decente, quando me deparei com a primeira verdadeira discussão no programa. João Miguel Tavares (JMT) defendia o DN dizendo que a divulgação do tal email entre jornalistas do jornal Público fazia sentido pois era informação de interesse público. Pedro Mexia (PM) indignou-se e disse mesmo que ia deixar de lhe chamar jornalista. JMT defendeu-se afirmando que era uma hipocrisia e que se a informação pertencesse a qualquer outra classe profissional ninguém se importaria.
Bom... talvez tenha razão quando diz que ninguém se importaria, mas não deixa de estar errado publicar correspondência privada. E acima de tudo, seria importante que o DN revelasse a sua fonte, pois ainda resta a dúvida sobre como tiveram acesso a tal email.
Não estou a acompanhar o caso com muita atenção porque basicamente não consigo. Há demasiadas coisas a acontecer e sinto saudades dos jornais de papel - a minha capacidade de leitura na internet reduz-se a escassos minutos. Se por um lado gostaria de estar em Portugal neste momento de aceso escândalo jornalísitco, também é verdade que tudo isto me desilude. O país já tem tantos jornais e revistas mauzinhos, como é que os dois melhores se vão meter nesta chafurdice?

Precisa-se...

... tema de tese. Aceitam-se sugestões.

domingo, 27 de setembro de 2009

Humor britânico?

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