segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Café, meu amor, volta

Eu sei que te tratei mal, que disse que estavas queimado, que tinhas pouca espuma, que o Nespresso é que era. Mas foi tudo da boca para fora, meu amor. Na verdade, não há ninguém como tu.
Se soubesses como o meu coração sofre quando misturo com água o pó castanho que guardo no armário. Ou quando, na faculdade, carrego no botão para o líquido aguado sair...
Mas o pior, o pior aconteceu sábado. Estava sol e as folhas cor de laranja caiam sobre a relva do jardim. Achei que podia ter outro que não tu e dirigi-me ao quiosquezinho do parque. Segurei o copo quente, fechado com uma tampa. Sentei-me na relva, pousei a mala e o casaco. Abri o livro sobre a relva. Tirei a tampa do frasco de esferovite. Foi aí que eu soube que nunca conseguiria amar nenhum outro. O meu café vinha com leite. E "coffee", aqui, é mesmo assim.

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