sexta-feira, 2 de outubro de 2009

The british method - jamais possível em Portugal

Quarta-feira acordei com uma dor no corpo, uma tosse, garganta arranhada. Ao levantar o cortinado percebi que deixei uma fresta da janela - junto à qual fica a minha almofada - aberta. Fui para as aulas, aguentei-me. Passei a tarde em casa, tomei uns ben-u-rons e à noite dediquei-me a uma sessão de quizz internacional - espalhando assim os meus germos a todo o meu grupo de amigos.
(isto tem um objectivo, não estou a escrever um diário da gripe, prometo)
Durante a noite a coisa piorou. A minha febre deve ter atingido recordes e o efeito dos comprimidos não parecia durar muito. Depois me arrastar durante umas horas, sem alívio, decidi ir ao médico. Como não sabia se era preciso marcar uma hora, fui à procura de telefone na net (o panfleto anda por aqui perdido). É importante dizer que todos os estudantes são aconselhados a registar-se num médico assim que chegam - não é obrgatório, mas altamente aconselhado. Felizmente tinha-o feito, o que significa que tenho um médico só para mim.
No site da Cathays Surgery dizia em letras vermelhas e gordas SE TIVER SINTOMAS DE GRIPE NÃO VENHA, LIGUE! Pois é, esta informação está de facto por toda a cidade. Lá liguei, então. O médico foi extremamente atencioso, disse para não me preocupar muito, mas que os meus sintomas - febre, nariz entupido e tosse - eram compatíveis com a Gripe A. Frisou várias vezes que ficasse em casa, não fosse ao médico, nem às aulas, tomasse paracetamol, bebesse líquidos e descansasse. Apenas. E eu já a ouvir a minha mãezinha a chamar o 112 (que aqui seria 999). "Mas só isso??", perguntei. "Nem um antibiotico?". Não, explicou pacientemente, seja gripe A ou não, geralmente cura-se sozinha, apenas com um anti-viral para controlar a febre. "E a Tamiflu??". Só para quem tem problemas de coração ou respiratórios.
Não lhe contei do episódio da janela. Gosto de pensar que tive Gripe A e sobrevivi, já que hoje, ao segundo dia de quarentena, me sinto muito melhor.
Todo este processo fez-me perceber quão diferentes somos. Em Portugal poucos serão os que com suspeitas de Gripe A ficariam em casa, mesmo que fosse essa a indicação do médico. E muito menos com apenas um paracetamolzinho. Quando o médico me disse "É possível, sabe, estamos a ter um grande surto nestes últimos dias", imaginei logo as urgências a abarrotar. Mas parece que por aqui liga-se ao médico e fica-se em casa. Com muito cházinho.

2 comentários:

Fátima disse...

ahaha não posso! lol também já estou a ver a minha mãe aos gritos, a chamar os bombeiros...

Silly Little Wabbit disse...

Adoro os ingleses.