terça-feira, 31 de maio de 2011

Pouco a pouco

Há uns tempos uma amiga dizia-me que não se achava capaz de ir para os Estados Unidos pois iria trabalhar apenas com um investigador, numa pequena cidade à beira-mar. Tinha medo de não conseguir fazer amigos. Na altura eu chamei-lhe parva e disse o habitual "fazes amigos num instanteeeee!!".
Hoje, uns dois anos depois... bom, tenho quase a mesma opinião. A minha mudança para Glasgow não foi fácil. Quando nos mudamos para trabalhar num local novo, é completamente diferente de quando vamos estudar. As pessoas já têm a sua vida estabelecida e por mais simpáticas que sejam não nos vão acolher nas suas casas nem tratar-nos como família.
Mas uma coisa eu aprendi, passados três meses nesta cidade: é preciso ter paciência. No man is an island, diz o ditado. E é verdade. Aos poucos vamos-nos infiltrando na vida das outras pessoas. Um dia damos por nós e estamos à conversa com os nossos bizarros mas sempre divertidos companheiros de casa - sim, aqueles com quem não nos apetecia estar. Um dia damos conta que os nossos colegas de trabalhos nos incluem nas piadas - ou nós é que já lá estamos há tempo suficiente para as perceber. Um dia o rapaz giro do restaurante diz que "podiamos ir beber algo, já que somos vizinhos".
A pouco e pouco o nosso telefone começa a tocar - e não são sempre os nossos pais. Habituamo-nos aos tiques da cidade e aprendemos as tradições locais.
Estar sozinho num sítio novo ensina-nos muita coisa. Temos que fazer um esforço, somos o novato e ninguém se importará se nós não formos os primeiros a salientar a nossa importância.
Eu, que cada vez gosto mais do meu trabalho, de onde alegremente saio a más horas, já não me sinto fora de contexto. Já me encaixo. E tudo o que foi preciso foi tempo e persistência.
E um guarda-chuva.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Preciso mesmo de fazer uma dieta, caraças. Ou então posso dizer que tive um bebé há pouco tempo.

domingo, 29 de maio de 2011

Saudade até que é bom, melhor que caminhar vazio



Mas não tem revolta, não
Só quero que você se encontre
Saudade até que é bom
Melhor que caminhar vazio
A esperança é um dom
Que eu tenho em mim
Eu tenho, sim

Não tem desespero, não
Você me ensinou milhões de coisas
Tenho um sonho em minhas mãos
Amanhã será um novo dia
Certamente eu vou ser mais feliz

sábado, 28 de maio de 2011

Absolutamente fascinada

Fui à procura do programa Portugueses pelo Mundo em Macau. Como não encntrei (acho que não há), estive a ver em Pequim. Fascinante.

Pessoas incoerentes deixam-me doente

Eu sou pessoa que não gosta de mal entendidos. Gosto de ter tudo muito bem explicadinho, de perceber os motivos, as razões, as ideias por detrás dos actos.
Deve ser por isso que bato tantas vezes com a cabeça na parede. Porque tento para lá de 457 vezes perceber o que raio passa pela cabeça de x, y ou z. Até que desisto, pronto. Mas a verdade é que mal entendidos me ficam sempre atravessados. E eu vou ficar a remoer neles por sabe-se lá quanto tempo.

E na mesma onda do post anterior

Uma coisa que eu sempre quis desde que existo é ter um gato. Só de pensar nisso começo a emitir aqueles sons que as miúdas fazem perante coisas fofinhas.
Nunca tive um gato porque - vá, sem papas na língua: os meus pais não me deixaram!!! Ah e tal depois quem toma conta do gato sou eu, dizia o meu pai, que aprecia bastante umas festinhas na cadela da minha prima mas cansa-se em 10 minutos. Ai que me enche a casa de pêlos, dizia a minha mãe, se bem que por algumas vezes lhe vi os" sons fofinhos" a quererem sair quando eu a tornava alvo da mais pura chantagem emocional, mostrando-lhe gatinhos bebés abandonados.
Arrumei o projecto de ter um gato na gaveta do "quando tiver a minha casa". Depois disso já tive quatro casas, nenhuma minha e nenhuma por mais que uns meses. Uma pessoa que está sempre de passagem não acumula animais de estimação. (Se bem que este ano conheci um rapaz que já se fartou de viajar sempre com o gato).
Pois agoraque se aprensenta a possibilidade de eu não mais viver acampada, por pelo menos um ano, o gato começou a ronronar novamente no meu cérebro.
E se eu arranjasse um gatinho em Macau (sim, estou um passo à vossa frente, já sei a piadola que os chineses comem gatos, podemos passar à frente?) ? Um ano é muito tempo. Depois logo se via. Podia dar o gato a alguém, podia trazê-lo comigo. Podia deixá-los com os meus futuros amigos nas férias.
Eu sei, "this is an accident waitting to happen". Mas eu já só consigo pensar nisto

Estou a pensar comprar, além de um vestido pipi, um par de sapatos de salto alto para a cerimónia de prémios da INSP. Gostava que me convencessem a não o fazer. Por motivos vários. Agradecida.

A blogosfera

Eu gosto muito deste blog. É, obviamente, um blog sem grande interesse para quem não me conhece. É uma forma de partilhar a minha vida de expatriada com o pessoal em Portugal, mas é também uma maneira de pôr as ideias no lugar, de desabafar. Todos esses posts introspectivos existem para eu fazer sentido das coisas e para poder dizer aquilo que não faria sentido dizer de outra forma.
E é isto. Um mural de curiosidades. Não tem ambições. E é por isso que me intriga sempre o fenómeno das lutas blogosféricas. Não digo isto com aquele ar snob "isso são tudo umas galinhas histéricas com tempo a mais". Não é isso. Eu sou pelo debate e leio com interesse uma infinidade de discussões que se têm na internet.
Também não é caso para dizer que vivo isolada do resto da blogosfera. É certo que os blogs que sigo com mais atenção são de pessoas que conheço, mas há imensos que conheci click-a-click e onde de vez em quando até deixo um comentário. Até aconteceu tornar-me "amiga" de uma ou outra pessoa.
Mas que caraças, volta e meia há verdadeiras lutas. Não é discussões de opiniões divergentes. É mesmo blog contra blog, posts a dizer mal deste e daquele, emails invadidos por hackers, fotos publicadas ilicitamente, gente a fazer ameaças de morte, etc e tal. E eu ponho-me a pensar como raio é que isto acontece. Tenho um blog há não sei quantos anos, conheço um monte de pessoas que também tem, escreve todos os dias, nenhum de nós se limita a dizer coisas consensuais e nunca nos vimos metidos nestes dramas.
Pronto, queria dizer isto. Já está.

Uma coisa tem que se dizer sobre Glasgow

Boa música. E as miúdas são do mais estiloso, bem vestido, giras que só elas, nunca tinha visto tanto look cool junto.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Impagável

Muita gente me tem perguntado onde vou trabalhar, em Macau. O jornal chama-se Ponto Final - um claro sinal do destino de que eu irei tomar conta daquilo tudo. E nada melhor para o apresentar que uma entrevista ao grande Futre!! Aproveitando o seu nicho de mercado, o Ponto Final fala com o ex-futebolista sobre como a ideia de ter um jogador chinês em Portugal não é assim tão disparatada.

“Já se riram? Ok, então agora rio-me eu” , por Hélder Beja, está um mimo de entrevista.

Hadley Freeman

O meu jornal preferido, até agora, é o The Guardian - e sim, o NY Times, mas além de umas espreitadelas na net, não sou propriamente leitora. Os motivos são vários e não vos vou aborrecer com as explicações. São motivos que se prendem, claro, com o excelente jornalismo que ali se pratica. Mas além de tudo isso, o Guardian tem o meu guilty pleasure: Hadley Freeman. Sobre o que é que ela escreve? Sobre nada. Sobre roupa, sobre gossip, celebridades, curiosidades - até responde a perguntas dos leitores. Poucas coisas na vida me deram tanto prazer de ler. Hadley é genial, incrivelmente engraçada, inteligente, provocadora, on the money. É a primeira coisa que leio no G2 e nunca, mas nunca, me aconteceu não me rir com os seus textos. A escrita de Hadley Freeman é um gelado do Santini num dia de verão: deliciosa.
Hoje lia o seu artigo sobre a Oprah - prestes a terminar o seu já histórico talk show - e mais uma vez não me desiludi. Procurei um excerto para colar aqui, mas a escolha foi difícil, já que subscrevo a tudo o que ela disse sobre a apresentadora, de bom e de mau.
Aqui fica uma amostra. Leiam.


"I wish I could say that these are the reasons I love Winfrey. But I'm afraid I'm not that deep. I love Winfrey for a reason that she, I like to think, would prefer: I love her for herself.

Her onscreen celebrity triumphs are many: she made Denzel Washington cry (when she brought on the teacher who taught him to read); she made Jonathan Franzen grovel ("I learned to have more respect for television," the novelist muttered when he finally appeared on her show last year after having snubbed it a decade earlier); she, of course, got Tom Cruise to reveal, finally, his – shall we say – eccentricity in what shall forever be known as "the sofa jumping episode"."

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Give me soft, soft static

Uma banda de Glasgow que j'aime :)



If I get old, old fashioned
Would you get old, old fashioned with me?

domingo, 22 de maio de 2011

Roubado do blog secreto (haha)

Dizem que o tempo cura tudo

Eu nem duvido. Mas caraças, não sei se é da crise, mas o tempo anda com uma performance fraquinha. A passo de caracol, assim, nunca mais lá vamos. Vê se atinas, tempo. Eu não tenho 9 vidas como os gatos.

sábado, 21 de maio de 2011

True story

Li isto na Lady oh my dog e achei de uma sapiência indizível:

"Olho para algumas relações como se fossem anúncios aos pensos higiénicos: a coisa parece muito mais divertida do que realmente é. "

Looking back...

Dizer adeus é sempre complicado. E vem sempre com um protocolo. Abraços, beijos, brindes, muitos emails e muitas promessas de visitas. Tudo isso é sincero e é o único mecanismo que encontramos para sobreviver às partidas.
Mas a verdade é que muda tudo. Porque não voltaremos mais a viver juntos, a discutir os preços do supermercado, a experimentar receitas, a pedir conselhos diários, a fazer parte do dia-a-dia. Cardiff era uma bolha. Uma cidade pequena, com um grupo de amigos delineado. E durante mais de um ano brincámos às casinhas, fizémo-nos adultos, com empregos, responsabilidades, jantaradas cada-um-traz-uma-coisa e idas a pé para o bar da esquina. Na bolha fizémo-nos família. Apadrinhámos romances, segurámos a mão dos que curavam um desgosto de amor. Falámos dos pais, dos primos, dos tios. Demos ao mesmo tempo os primeiros passos profissionais. Juntos fomos desvendando esse país estranho - afinal, porque me perguntam sempre "Areyoualright?", pareço mal?
Nada disto será igual. Claro que nos voltaremos a encontrar e será sempre divertido. Mas não será igual. Nunca mais seremos família. A apesar de saber que nos preparamos para vôos maiores, não deixo de suspirar com uma pontinha de tristeza.
Um sentimento capturado na perfeição nesta música. A música dos adeus esperançosos. Triste mas feliz. Sun, sun, sun, here we come.

Momento infância-lamechas-mas-eu-gosto-mesmo-disto

Acabou de me ocorrer que a minha música preferida da Disney, desde sempre, é esta



a mais bonita, a mais inspiradora, a mais romântica de todas.
E de repente parece-me que tem mais a ver comigo do que alguma vez me tinha dado ao trabalho de reparar.

I can show you the world
Shining, shimmering, splendid
Tell me, princess, now when did
You last let your heart decide?

I can open your eyes
Take you wonder by wonder
Over, sideways and under
On a magic carpet ride

A whole new world
A new fantastic point of view
No one to tell us no
Or where to go
Or say we're only dreaming

A whole new world
A dazzling place I never knew
But when I'm way up here
It's crystal clear
That now I'm in a whole new world with you
Now I'm in a whole new world with you

Unbelievable sights
Indescribable feeling
Soaring, tumbling, freewheeling
Through an endless diamond sky

A whole new world
Don't you dare close your eyes
A hundred thousand things to see
Hold your breath - it gets better
I'm like a shooting star
I've come so far
I can't go back to where I used to be

A whole new world
Every turn a surprise
With new horizons to pursue
Every moment red-letter
I'll chase them anywhere
There's time to spare
Let me share this whole new world with you

A whole new world
That's where we'll be
A thrilling chase
A wondrous place
For you and me

Uma bela maneira de treinar o chinês

Desde que fui para Cardiff deixei de fazer imensas coisas que faziam parte da rotina. Aquela de quem mais tenho pena é ter deixado de ir ao cinema. Devo ter visto menos de 10 filmes em quase dois anos - no cinema, digo.
Agora pergunto-me se os filmes em Macau serão dobrados.
Bottom line: procuro companhia para filme com pipocas durante a minha estadia em Portugal. Até podem escolher o filme.
A Tracey abandona a blogosfera sem dó nem piedade, a minhoca está em obras há um mês. Parece que temos que ser nós a fazer tudo, Silly.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Bizarro

Quem recebeu o meu email com as novas, viu que o assunto era "Challenge accepted". Sim, foi uma piada com o How I met your mother - já que o Barney está sempre a dizer isso. Até aí tudo normal.
Mas eu nessa altura não sabia o nome do mais recente episódio da série: "Challenge Accepted".
Há coincidências bizarras.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

O turbilhão

De repente estamos sentados à secretária e percebemos como o mundo deu mil voltas num só dia. O coração contorce-se, quer de entusiasmo, quer de medo. Este pobre coração que se amachucou tantas vezes nos últimos meses surpreende-me pela sua resiliência. Porque se alimenta de esperanças, o pobre. Ingénuo. Idealista. Optimista. Corajoso, este meu coração.
Na nossa vida haverão poucos dias assim, uma dezena, duas talvez. Datas que ficam gravadas na memória. Quando enfrentamos uma mudança radical. Quando levamos à letra o conceito de seguir em frente. Porque este meu coração é como diz a canção, desafinado. Não sabe bater com a música, e fica sempre agarrado ao que ficou para trás. Este coração teimoso continua a querer impossíveis. O que se há de fazer, corações indisciplinados.
Neste total turbilhão que foi quarta-feira dia 18 de Maio de 2011, morri de medo de ser esquecida. Que os meus amigos, presença constante em cafés, jantares e copos, se habituassem à minha ausência e pouco a pouco me deixassem na categoria de amiga de email. Que a minha família não sentisse mais a minha falta à mesa do jantar. Tive medo de perder demasiados momentos importantes.
Tive medo que Lisboa perdesse o encanto, que as esplanadas fechassem e que não houvessem mais fins de tarde luminosos. Tive medo de me sentir sozinha, perdida, sem ninguém para partilhar uma piada, um desabafo.
Mas um turbilhão não o é sem o contraditório. No mesmo dia enchi-me de esperança, a cabeça a fervilhar de ideias, os pensamentos caóticos a fazer listas, os dedos impacientes, um entusiasmo transbordante. A adrenalina da curiosidade fez-me dar pulinhos e colocou-me um sorriso descarado nos lábios.
Amigos, tenho muito medo. Mas entre o medo e o entusiasmo, escolho o segundo.
Em Agosto mudou-me de malas e bagagens para Macau. Que se abram as portas do Oriente!

:D

Não há nada como receber um telefonema com gritos e pulos de entusiasmo. Porque eu cá acho que só quem realmente gosta de nós é que vibra com as nossas vitórias. Um bejo enorme da Escócia, Andreia!
E já agora, saiste-te especialmente bem na frase: “Começas a ficar como aquelas pessoas interessantes”
É pá, comovidíssima. Já só me falta um bocadinho assim.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

O sexo das palavras

No outro dia em conversa descontraída com um amigo, referi-me à Internet (onde estás tu amiga???) como “ela”. Em inglês “her”. Ora, eu sei que em inglês as palavras não têm género, e internet é “it”. Mas volta e meia saem-me estas incorrecções.
Isso fez o meu amigo rir: “Her? Is it a she?”. Eu expliquei que em português “internet” era uma palavra feminina e ele, que fala um pouco de espanhol, disse-me que sempre achou isso confuso. Afinal, como sabem o que é feminino ou masculino?
Eu encolhi os ombros “sei lá, decoramos”. Nunca tinha pensado muito nisso mas realmente é verdade, é totalmente ilógico e deve ser mesmo difícil de aprender.
Fiquei a pensar: quem terá decidido um dia que “sol” e “país” eram masculinos e “árvore” e “água” femininos?

domingo, 15 de maio de 2011

O amigo escocês

Quando eu digo que não conheço ninguém na Escócia estou a ser injusta. Eu tenho um amigo. O meu amigo escocês detesta a Escócia e especialmente Glasgow. Durante o nosso tempo em Cardiff toda a gente lhe chamava nomes por isso porque, claro, toda a gente adora a Escócia.
No outro dia, sentados à mesa de mais um dos bares geniais desta cidade, o meu amigo contou-me como se sentia mal desde que tinha voltado. E eu finalmente percebi. Ele não gosta de aqui estar porque estar aqui representa estar parado. Stuck, como se diria em inglês. Sem evoluir. A fazer as mesmas coisas todos os dias, a ver sempre as mesmas pessoas, a não aprender nada de novo. E regressar fê-lo perceber o quanto tinha avançado e agora era obrigado a retroceder. Pior, descreveu-me o sentimento de verificar como todos os seus amigos estavam exactamente iguais, com a diferença que muitos começavam a casar ou morar junto.
Percebi perfeitamente de onde vinha a sua angústia. O meu amigo sofre da mesma doença que eu: pés leves. Antes de ir para Cardiff trabalhava no sector financeiro e fazia muito dinheiro. Detestava. Um dia não aguentou mais, largou tudo e foi viajar durante um ano. Depois decidiu ser jornalista, profissão para a qual tem óbvio talento. Hoje é pelintra como eu, tem dois empregos e meio como eu e sonha com o mundo inteiro. Pois, como eu.
Recentemente o meu amigo escocês recebeu notícias que iria abandonar a Escócia. Em Julho vai mudar-se para Londres para trabalhar na CNN. Good things come to those who wait. Eu vou ter muitas saudades dele.

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Isto sou eu mais ou menos a ceder

Uma grua com um homem de fato macaco subiu hoje junto à janela do edifício onde trabalho. E o meu primeiro instinto foi acenar. Como aceno aos barcos que passam. Aceno sempre aos barcos, é uma regra. E às vezes aos carros, mas isso acontecia mais quando era pequena.
E então o meu aceno infantil lembrou-me do barco que passou na baía há poucas semanas enquanto nos debruçavamos para ver a vista. E de mim a acenar, as pessoas a responder. E tu a dizeres “és mesmo parva”. Eu eu ri-me. Porque tu disseste isso com um sorriso parvo na cara. A nossa parvoíce é imensurável.

Embaraçoso

Ter que dizer “gostaria de entrevistar o Bebé”. Estes jogadores deviam ter algum noção do ridículo.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Quando em dúvida pergunta ao mestre

Hoje um professor que admiro profundamente mandou-me um email que dizia:

"Remember what Engels said: L'Audace! L'Audace! L'Audace! Be bold! Be bold! Be bold!

Proud of you."

Caraças, estou comovida.

O Universo

Temos uma mania de dar significado às coisas. Esta semana encontrei uma pen antiga que guardava ficheiros do meu velho computador. Cristalizados no tempo estavam fotografias e vários documentos de word com conversas de copy/paste da época em que ainda escrevia com kapa. Ficheiros que marcavam aniversários, prendas, fins e inícios. Declarações de amor, pedidos de desculpa, intenções de compromisso. O meu coração derreteu-se, acelerou e apertou-se ao ler aquelas páginas. Algumas passagens causaram uma gargalhada, outras trouxeram-me lágrimas aos olhos.
Quase nem dei conta do tempo passar. Desde esse tempo, no meu primeiro ano de faculdade, foi um piscar de olhos. Fico feliz de perceber que muitas das coisas que eu temia nunca acontecerem naquela altura – “será que um dia vou conseguir publicar alguma coisa?”, “irei estudar fora?” – aconteceram. E na altura eram tão distantes e utópicas como outras se apresentam agora. Faz-me pensar que se continuarmos a lutar, com os olhos postos na meta, a recompensa chegará.
Desde esse tempo conheci muitas pessoas novas, algumas tiveram um verdadeiro impacto na minha vida. Disse muitas vezes adeus e isso custou-me muito. Mas a verdade é que nós não fazemos mais nada na vida que não procurar o nosso lugar. E eu gosto de acreditar que o Universo me dará um sinal quando eu lá chegar.

domingo, 8 de maio de 2011

O seu coração vivia dividido entre essa sede de mundo, de conhecer novos lugares e pessoas, e a ideia romântica de ter um lugar só seu, onde conhecia o dono do café da esquina e onde seria querida, esperada e amada. Entre o aborrecimento do dia-a-dia e a solidão de um lugar estranho, não sabia qual dos males preferia. Tal como sempre se questionava se era melhor o entusiasmo do novo, aquela sensação de se sentir crescer enquanto absorvia a multiplicidade do mundo, ou a saudação amistosa daqueles que quem gostava e cuja presença lhe aquecia o coração.
Vivia nessa luta interna. Por vezes pensava que poderia ter sido feliz se tivesse sabido ignorar o barulho e fixar-se apenas no sorriso de covinhas.
Por agora, deixava-se ir ao sabor do vento. Por vezes devemos fingir que acreditamos no destino.

sábado, 7 de maio de 2011

It's a new dawn, it's a new day, it's a new life for me

And then comes a time when you decide to just give up.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Hotels4Change

Amigos,

Se estiverem à procura de um hostel ou hotel para ficar, dêem prioridade ao Hotels4Change. Por cada reserva, uma parte do dinheiro vai para a INSP – International Network of Street Papers. É uma forma de contribuir para uma boa causa – relembro que os “street papers” existem com o propósito de ajudar os sem-abrigo a nível mundial, através da produção de revistas e jornais com conteúdo único e uma linha editorial que nunca esquece as causas sociais.

Todos gostamos de viajar – assim podemos também ajudar! ‘Ganda rima, não?

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Raivinha

Às vezes sinto por ti uma raivinha. Pequenina, sim. Não dá para ter grandes ódios por uma pessoa assim. Mas eu fico a desfolhar álbuns, a ouvir canções, a ter conturbados sonhos, sinto-me estúpida. Um pouco como aqueles meninos que na escola querem sempre ser amigos do popular e passam a vida a levar para trás.
E depois então é que vem a raivinha. Porque não tens direito, francamente, de ter a vida que tens. Essa da qual já não sei nada. Eu que numa noite clara um destes dias pensei romanticamente “A lua é sempre a mesma”. E tu aí, na tua vida que nem olha para a lua. Na tua realidade paralela completamente cortada do passado. Não é só de mim atenção. Sabes bem que tens uma outra vida, substituíste as personagens e mudaste-te de vez para esse cenário que insistes em dizer que não gostas, mas onde sempre ficas.
Enfim, dá raivinha essa tua capacidade de apagar e começar de novo. De rasgar as folhas de um caderno e fingir que ele é novo, mesmo que nas folhas ainda se leiam as palavras, impressas com a força desmedida da caneta que escreveu essa história. Que não era só a nossa história. Era a tua, a minha, os restaurantes em Lisboa, o Padrinho, os nossos amigos, a universidade, a fnac, o colombo cheio.
Eu que mudei de país ainda penso que a lua é a mesma em todo o lado. E que raivinha me dá que tu nunca te lembres disso.

terça-feira, 3 de maio de 2011

Bibliocafe

Não me sinto àvontade numa cidade até lhe conhecer os cafés. Preciso ter dois ou três preferidos, um para trabalhar, outro para ler, outro para ir com amigos ou porque o café é mesmo bom.
Aquilo que faz um bom café é algo complexo, que engloba mais do que o menu, mas também o espaço, a decoração, a simpatia dos empregados, a localização e um factor X que sempre decide tudo na vida.
Encontrei o Bibliocafe, a 10 minutos da minha casa, que responde positivamente a todos os pontos mencionados. Mas o melhor deste espaço forrado a livros é mesmo o poema por cima da porta:


“If you are a dreamer,come in.


If you are a dreamer, a wisher, a liar,


a hoper, a prayer, a magic-bean-buyer.


If you're a pretender, come sit by my fire,


for we have some flax-golden tales to spin.


Come in! Come in!”

E o tal filme genial é este

Ontem decidi ir ao cinema

Duvidei de um filme francês sobre espionagem. But fear not...!


Além disso não é todos os dias que se ouve francês, inglês e russo no mesmo filme.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Em dois dias e meio em Cardiff

- Tomei café no meu bar preferido

- Almocei num restaurante chique

- Entrei na minha antiga universidade

- Vi uma parte considerável do casamento real

- Bebi cerveja numa esplanada

- Comi fudge

- Comi carne de avestruz

- Andei de barco

- Passeei junto a baía de Cardiff

- Bebi café num barco-farol

- Abracei pessoas

- Comi um jantar caseiro feito para mim

- Fui a um “farmer’s market”

- Andei de bicicleta

- Vi um filme genial

- Dormi mais de 6 horas

- Tomei pequeno almoço no jardim

- Comi torradas com manteiga de canela

- Prolonguei um almoço por três horas e meia

E agora de volta a realidade.