quarta-feira, 4 de maio de 2011

Raivinha

Às vezes sinto por ti uma raivinha. Pequenina, sim. Não dá para ter grandes ódios por uma pessoa assim. Mas eu fico a desfolhar álbuns, a ouvir canções, a ter conturbados sonhos, sinto-me estúpida. Um pouco como aqueles meninos que na escola querem sempre ser amigos do popular e passam a vida a levar para trás.
E depois então é que vem a raivinha. Porque não tens direito, francamente, de ter a vida que tens. Essa da qual já não sei nada. Eu que numa noite clara um destes dias pensei romanticamente “A lua é sempre a mesma”. E tu aí, na tua vida que nem olha para a lua. Na tua realidade paralela completamente cortada do passado. Não é só de mim atenção. Sabes bem que tens uma outra vida, substituíste as personagens e mudaste-te de vez para esse cenário que insistes em dizer que não gostas, mas onde sempre ficas.
Enfim, dá raivinha essa tua capacidade de apagar e começar de novo. De rasgar as folhas de um caderno e fingir que ele é novo, mesmo que nas folhas ainda se leiam as palavras, impressas com a força desmedida da caneta que escreveu essa história. Que não era só a nossa história. Era a tua, a minha, os restaurantes em Lisboa, o Padrinho, os nossos amigos, a universidade, a fnac, o colombo cheio.
Eu que mudei de país ainda penso que a lua é a mesma em todo o lado. E que raivinha me dá que tu nunca te lembres disso.

4 comentários:

tracey disse...

:(

Anónimo disse...

Não sei se isto é ficção ou realidade. De qualquer forma tocou-me porque sinto coisas semelhantes.
Existe uma pessoa que não vejo há anos (7), que foi muito importante na minha vida passada (imenso, podes rir mas o grande amor da minha vida, sabes o tal, o único, o eterno?! è isso), com a qual as vezes falo na net, porque essa pessoa vive noutro país e sinto uma raivinha dessa. Porque continuo a sonhar (literalmente) com essa pessoa, a sonhar acordada a olhar pa lua e a rir-me sozinha para as paredes na rua a pensar em coisas q aconteceram e outras idealizadas.
E sinto essa raivinha, porque embora saiba que não existe já nada entre nós, fico assim a pensar como a pessoa me parece tão indiferente em relação a isso. Já me ocorreu que essa coisa do saudosisto tonto seja restrita às mulheres... Já me ocorreu que pode ser só da minha cabeça. Não sei se te referes a uma coisa deste género. Mas se for, e se fores como eu, suspeito que isso não vai passar nunca. Vai haver sempre uma raivinha... Este post comoveu-me, bolas pah

i disse...

Querido Anónimo (a): ontem duvidei se deveria ter escrito este post. hoje o teu comentário foi a primeira coisa que li pela manhã. é bom sentirmo-nos compreendidos. obrigada*

Anónimo disse...

Lembro-me sempre.