quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Worried is my midle name

Sentada numa aula hoje de manhã, deixei-me olhar para mim como se eu não fosse eu. Olhei para mim ali, a discutir os certos e errados do jornalismo, numa universidade britânica. Constatei que todos os professores sabem o meu nome e perguntam pela minha opinião porque sabem que tenho sempre uma pronta a dar. Vi que me estava a sair bem. E ainda assim, disse a mim própria "não te preocupes".
Disse-o porque preciso de ouvir essas palavras que não são mais que uma panaceia para a minha doença. Essa preocupação constante.
Voltei atrás no tempo. Lembrei como todos os meus amigos foram para Ciências e eu fui para Humanidades. Como isso não me fez sentir especial ou inteligente, mas uma espécie de falhanço por não ter o apelo da ciência. Eu gostava de História e de ler, ler, ler. Hoje tenho orgulho nisso, mas na altura eu era apenas estranha. A faculdade foi uma época amiga, confortável. Mas eu só pensava em como nunca iria conseguir o estágio que queria e como isso ia determinar o meu futuro. O estágio consegui-o. Mas o desemprego aterrorizava-me. Nunca serei uma jornalista, vou acabar num departamento de comunicação qualquer a odiar a minha vida. O emprego consegui-o. Achei que, de todos os meus colegas, tinha ficado com o pior lugar. Mas aprendi a viver com ele. Fiz amigos, reuni contactos, estive perto de um contrato. Vivia atormentada com a ideia de nunca mais sair dali, nunca iria ser uma jornalista "comme il faut". Queria estudar mais. Invejava aqueles que tinham vivido fora, estudado em boas universidades, com amigos em todo o lado, essas pessoas cosmopolitas. Queria ser assim.
Agora estou aqui. Sempre quis estar aqui. Estou feliz aqui. Mas não consigo parar de pensar "E depois?". Sei que o emprego que quero está em Londres. Sei que não tenho dinheiro para ir para Londres. Sei que não quero voltar para Portugal sem ter a experiência de trabalhar num jornal britânico. E se não conseguir nada? E se conseguir mas isso implicar custos que não posso suportar? E se voltar para casa de mãos a abanar? E se tudo isto foi inútil e volto à estaca zero?

Volto à sala de aula, respiro fundo, por agora estou a salvo.

Sei que os "bons blogs" não são diários da vida privada, mas quem sabe alguém se identifique por aí. Podemos criar um grupo de apoio: os Preocupados Anónimos.

3 comentários:

M. disse...

Aiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii. Essa sou eu, nao es tu. Nesse texto falaste de mim, eu bem sei. Adoro que o teu cenario de pior falhanço seja o meu trabalho actual. (heiiiiiiiiii mas eu tou contente com ele =P)

Fátima disse...

LOL. depois de ler um texto todo emocional fartei-me de rir com o comment da marina. =P tinhas de estragar tudo. ahahah
eu vinha dizer que os teus amigos sabem que tu vais ter sucesso. se és a pessoa que todos os professores procuram, sabes que o fim vais ter trabalho aí. sabes que sim! *

Ale disse...

Eu gosto de trabalhar num departamento de Comunicação, principalmente se sou eu que mando!
Hj fiz o meu primeiro despedimento by the way... não podia ter corrido pior! Mas continuo a gostar de trabalhar num departamento de comunicação!