segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

O P vermelho

São mesas e mesas a perder de vista. Mesas e cadeiras e computadores cinzentos. Algumas televisões, telefones em constante cantarolar. Papéis, canetas, tic tic tic, o som de teclas já está integrado nas paredes.
E jornais. Jornais de ontem, de hoje, de há um mês (de há um ano?). Suplementos em montinhos ou soltos por aí. Jornais de cheiro a papel, jornais amarelecidos, jornais por todo o lado.
Respiro fundo e sabe bem. Sabe a jornal. Ouvem-se conversas de jornal, as pessoas têm cara de jornal. Sabe bem.
À entrada do prédio verde há um P vermelho. Olho para ele todos os dias, numa pausa quase imperceptível, antes de entrar um tanto insegura. O segurança ainda não me conhece bem, às vezes pergunta o nome. Não sei bem se pertenço, mas entro cheia de orgulho. Insegura mas orgulhosa.
A casa de banho tem a imagem habitual da menina de saia e o menino de calças. E por cima o P vermelho. Penso sempre "tenho que tirar uma fotografia a isto", mas parece-me sempre ridículo fotografar a porta da casa-de-banho. "Estes estagiários são mesmo estranhos", vão pensar.
Não quero que pensem que sou estranha. Nem normal. Não, não, normal não. O normal não fica na memória. O normal nem sequer deixa saudades. Eu quero que tenham saudades. Quero ser "relembrável".

Dizem-me "ainda agora começaste". Mas o que não sabem, é que aqui o tempo passa mais depressa. E num dia, foram três meses.
Já? Sim, já.

3 comentários:

Anónimo disse...

oh onde e' q eu ja senti isso de meses a passarem cm dias?
fico feliz q estejas a gostar do estágio (agora cá para nós, um P vermelho pode aludir a outras conotações menos ortodoxas...)

;p

Bacio

Fátima disse...

e nós temos orgulho em ti...=)

Anónimo disse...

stressadinha...

P = Pedro!
Há um Pedro vermelho na tua vida! :D