Hoje palmilhei a cidade com aqueles sapatos azuis. E quando voltei lá estava aquela dorzinha entre o dedo grande e o do lado, um pouco mais para trás. Sabes onde é.
Acho que foi a primeira vez que uma dor nos pés me trouxe memórias românticas. Não devia estar espantada, tu já dizias que eu levava sempre os sapatos errados: abertos quando chovia, duros quando era preciso andar - quem disse que só os saltos aleijam?
Pois hoje olhei para os meus sapatos baratos, azuis, tão verão, aquela doriznha e eu a dizer "mas eles são tão confortáveis!" - e são, eu é que tenho pés de princesa. E lembrei-me das ruas de Madrid, escaldante, longa. Os três museus em quatro dias, esse banho de arte que levámos e os respectivos jardins onde nos sentámos a tratar das bolhas - estavas pior que eu, levaste sapatos novos, erro de amador.
Esses dias em que vivemos na rua, ao sol de meio dia, para evitar aquele quartinho sem janelas onde mal cabíamos. Madrid ainda está imaculada nas memórias, ainda não tem manchas feias, como muito do que veio depois. Madrid só tem dores de pés, e essas dores até sabem bem.
Mas a verdade é que os meus sapatos azuis já têm a sola a descolar - e eu já a colei em casa uma vez - e por mais que goste deles, que assentam tão bem no meu pé bronzeado, que ficam tão bem com a roupa, a verdade é que os meus queridos sapatinhos precisam de descanso e já não resistem a grandes andanças. Trouxe-os comigo de Portugal porque sou assim, sentimental, mas agora guardei-os no armário e é aí que têm que ficar.
3 comentários:
:')
"has ganado otro gratis!"
Cá estás tu em Madrid...
...e um exemplo de calçado inadequado.
estás melhor q eu. as minhas havaianas de praia fizeram-me um buraco no pé e só dói mesmo, não traz nenhuma memória agradável...
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