"Quando, no Verão de 1982, comecei à procura de emprego, houve um único jornal em que, em vez de me responderem que deixasse um currículo na secretária, me convidaram a falar com o director: foi o "Expresso", então dirigido por Augusto de Carvalho, que escutou pacientemente os meus sonhos e me encomendou - sem compromissos, evidentemente - um
dossiê pormenorizado sobre a industrialização em Portugal. Não cheguei a tentar fazer o tal
dossiê, porque entretanto fui chamada para um estágio em "O Jornal". Mas registei a disponibilidade e o alento do director do "Expresso", em cuja redacção viria a ingressar sete anos depois, sob a liderança de José António Saraiva e Joaquim Vieira, depois da saída de Vicente Jorge Silva e de um vasto grupo de jornalistas, para a fundação do "Público".
(...)
Uma das vantagens de um jornal testado pelo tempo, como o "Expresso", é essa, de manter o seu perfil inabalável, por sob as múltiplas vestes da contemporaneidade. Neste jornal pude aprender um pouco de tudo: tive oportunidade de fazer reportagens e entrevistas de política, de cultura e de sociedade, além de crítica literária. Tive, sobretudo um bem precioso que escasseia perigosamente em muita imprensa: tempo. Tempo para recolher informação, e para ler e pensar antes de escrever."
Inês Pedrosa, in Única
Definitivamente, nasci na década errada.
1 comentário:
pois... tenho pensado muito nisso! ainda há dias disse a uma amiga de 30 anos que já teve imensas oportunidades, e fez imensas coisas, que na altura dela era mais «fácil»...
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