Ele senta-se sempre do meu lado esquerdo, e eu acho mesmo que é um political statement.
Ele é uma espécide de evil twin deste lado direito a cadeira e esta semana passou mesmo para o outro lado da barricada.
Segunda-feira apertámos as mãos e dissemos "may the best win". Mas não seríamos nós se em seguida não deitássemos a língua de fora, fizessemos cara de criança mal comportada e dissessemos "bom, toda a gente sabe que o melhor sou eu".
A cadeira do lado esquerdo continuou ocupada, mas a minha cabeça esteve muito menos atenta àquelas coisas de sempre: as expressões "oh so british" daquela professora, o quadro mágico-interactivo, o novo colega chamado "estocolmo". Enfim. Eu estava demasiado preocupada a pensar "naquilo" - no que não lhe podia dizer porque agora ele era o inimigo.
Ele, que se irrita demasiado com as pessoas, que perde a paciência, que sabe enviar um olhar mortífero. Ele lutava agora aquela guerra contra mim. E todos sabem que guerras, é com ele.
Quando a primeira batalha terminou, finalmente, olhei em volta e vi-o, um espelho de mim. Cansado, despenteado, com um sorriso daqueles. Empatámos e isso (não contem a ninguém) deixa-me mesmo feliz.
Ontem comparámos feridas. Que nem soldados regressados, cheios de traumas e doenças psicológicas. Fizemos terapia. Falámos, falámos, falámos. Do bom, do mau, do bizarro. Tivemos uma bela e compreensiva audiência, composta pelos nossos soldados e até civis. Brindaram a nós, brindámos a eles.
Agora estamos em tréguas. Pusemos as armas de volta na gaveta, tirámos o lencinho da paz. Pelo menos até segunda-feira.
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