O jornalismo deve ser sempre um exercício de humildade. No dia em que o jornalista deixar de aprender, e deixar de sentir que está a aprender, acaba-se tudo. Torna-se um inútil.
Os jornalistas aprendem muito uns com os outros, e principalmente aprendem com as suas fontes. Primeiro porque somos especialistas em falar da especialidade alheia, sem sabermos a fundo sobre nada e, por isso, ao perguntarmos e ouvirmos, aprendemos. Mas o conhecimento não vem apenas da especialização, da economia, da política, do direito, da ciência, da saúde, até da cultura. Devemos aprender a ouvir as pessoas, as suas preocupações – mais do que tudo devemos saber ouvir o cidadão, dar voz aquele que não tem plataforma para expor os seus interesses. Cabe ao jornalista equilibrar a sociedade, e não apenas servir de eco a quem já era ouvido. A “expertise” de quem sabe, deve ser absorvida, entendida, estudada, para depois ser aplicada no combate à ignorância, à desvantagem, ao crime, ao preconceito, seja o que for.
Estamos cá para servir, para iluminar. Esse é um trabalho que só cabe aos humildes, aos que estão prontos para serem provados errados, aos que sabem pôr de parte o ego inchado e ouvir.
O jornalismo não se faz de vírgulas, faz-se de respeito. Pelo direito à informação – porque só com ela as pessoas podem decidir por si próprias. Não ensinamos, explicamos. Há uma diferença abismal.
Sempre me irrito quando vejo um meio de comunicação ser transformado num pódio. Seja para promover alegadas intelectualidades, seja para explorar a miséria alheia. Quando é notório esse exercício de vaidade, quando se escreve para o elogio – pior, para o elogio de classes profissionais – perdeu-se aquilo que realmente importa. E aí, mais vale então dedicarem-se a outra actividade qualquer. Vão vender seguros. Não se recebe mal e há total liberdade para o exercício do poder.
1 comentário:
Dás-me esperança.
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