domingo, 30 de dezembro de 2007

O melhor de 2007

Todos os anos os jornalistas partem a cabeça em busca de ideias originais para a época natalícia/ fim de ano. Este ano dou os parabéns ao Público pela ideia de abrirem a revista de domingo aos melhores momentos de 2007 dos leitores.
Ainda tenho os óculos com pintinhas das lágrimas comovidas que acompanharam a minha leitura. Foram casamentos, aniversários, filhos que nasceram, concertos espectaculares, viagens, passeios, amores encontrados. Pequenos grandes momentos.
Fiquei comovida ao ver... como as pessoas ainda são tão felizes. Como ainda sabem valorizar e acarinhar a vida que têm. Foi tão bom ler as pessoas, para variar. Ler-lhes as palavras com adverbios de modo a mais, adjectivos repetidos e frases longas. Apetece-me copiá-los a todos, aos pequenos textos. Tantos filhos que nasceram e inundaram a vida dos pais de uma felicidade que eu ainda não posso alcançar. Os 90 anos do avô, o "demos o nó", o "descobri Portugal na companhia da Ana", o "fui à minimaratona", o "contemplar o amanhacer da minha janela". Tantas alegrias.
Não diria que 2007 foi o meu ano, ou que foi um ano especialmente feliz ou emocionante. Mas foi o ano em que, com uma certa insegurança, acabei o curso. Foi o ano em que me estreei no mundo agitado da rádio. Mas principalmente - e correndo o risco da lamechisse - foi o ano em que comemorei um ano de namoro com o Pedro. Um ano que resistiu a 5 cinco meses de distancia sem um arranhão. Um ano de mundança de casa, mudança de cidade, um ano de descobertas felizes. Um ano de emoções extremas.
Tenho a certeza que este foi o maior acontecimento do meu ano, porque mesmo sem promessas ou palavras eu tive a certeza do "tudo". É este o tudo que quero para o resto da minha vida. É este o "tudo" que me faz tão feliz como andar nas nuvens. Este ano foi um teste que passou com distinção. (Aqui tens o teu balanço, uns meses atrasado).
E por isso faço minhas as palavras do Rui Pedro Rodrigues, um dos leitores do Público:
"O momento mais feliz do meu 2007 és tu. Só podia! Todo o ano inteirinho que vivemos juntos, completo e perfeito como qualquer ano partilhado contigo. O tanto que fizemos e vimos juntos. A cada momento, cada brincadeira, cada viagem, cada risada, cada carinho. Poderia até ter sido apenas mais um ano para riscar no calendário da vida, mas contigo nunca seria assim. Nem nunca será. Nem Euromilhões, nem lotarias, nem viagens à volta do mundo, nem mesmo um concerto do José Cid. Nada disso poderia ser comparado a ti, e ao que significas para mim. O melhor do mundo, de 2007, de sempre, somos e seremos NÓS!"

sábado, 29 de dezembro de 2007

O melhor que o mundo civilizado conseguiu dizer de Portugal durante 2007...

"Nem todas as crianças inglesas que visitam Portugal são sequestradas ou assassinadas" (The Times, 10/10/2007)

"Turismo de Portugal faz campanha com José Mourinho e, parece, seis ou sete figurantes contratados para fazerem de portugueses simpáticos" (The Economist, 8/12/2007)

"Famosa caveira cravejada de diamantes pode ser de Maddie, Damien Hirst pode ser 'arguido' da PJ hoje mesmo" (News of the World, 2/10/2007)

"Portugal, Galiza, Andaluzia, País Basco e Catalunha satisfeitos com esforço autonómico de Zapatero" (New York Times, 8/12/2007)

"País de raptores de crianças recebe ditador Mugabe" (The Sun, 19/12/2007)

In Inimigo Público

sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Who Hates Whom

Ando a ler um livro sobre conflitos mundiais. Para deixar de estar sempre a perguntar ao Pedro "O que é que se passa no Kozovo? E no Paquistão? E com Israel?". Agora tenho um manual dividido por regiões do mundo onde estão explicados os principais conflitos mundiais de forma interessante, simples, clara, e até com algum sentido de humor. Estou fascinada com o dito livro. É mesmo útil. Dou por mim a fazer "ahhh!" de elucidação a cada duas páginas.
O autor deste livro - Bob Harris - não é exactamente um expert na matéria, e por isso o livro tem o ponto de vista do "olhar comum" e não de um analista ou politólogo. Por isso mesmo Harris escreveu uma introdução onde explica os seus pontos de partida, as opções que faz ao longo do livro, e até mesmo a forma como foi criado (fez os mapas no seu computador em casa e tudo). Não consigo resistir a transcrever uma parte deste pequeno texto inicial:

"I avoid the word terrorism, for moral and clarity reasons. For one, its common useage - violence against civilians by non-state actors as an absolute evil - subtly implies that officially sanctioned carnage is somehow more legit. Eek. Whether an air force blows up your village or rebels bomb it from ground level, the objectives and results are the same. (The UN definition makes no distinction between state and non-state terror, but popular usage does. No wonder governments like the word.)
Terrorist is also distorted simply to mean "enemy". Nepalese Maoists were "terrorists" right up until they helped abolish an abusive monarchy. They're now the prime minister's cabinet during a peacefull transition to democracy. While Nelson Mandela was fighting apartheid, the White House deemed his party "terrorist", but an anti-Castro militant accused of involvement in killing seventy-three civilians on a Cuban airliner went to work for Oliver North. And when rebels in Sierra Leone were hacking off people's arms specifically in order to terrify people, the word was rarely even suggested, although you couldn't ask for a more precise example. Even Amnesty International used terrorism to refer only to Al Qaeda, wich may have benefited from the blood diamond trade.
Worse, the word obliterates distinctions. "Terrorists" in Lebanon, Sri Lanka, Spain, and Peru almost sound like they're teammates, but they have literally nothing in common. Tossing complex, violent agendas into a giant bin called terrorism is both lazy and dangerous. Instead, let's force ourselves to use specifics: "nationalist rebels", or "drug-financed paramilitary death squads" or "sex-crazed vegetarian pacifists". Speaking of wich, not enough sex-crazed vegetarian pacifists are invading people. I checked.
Everyone knows how horrible 9-11 was. We don't minimize it by refusing to use a meaningless word. Instead, we force ourselves to think. This may be a usefull habit."

Bob Harris, Who Hates Whom

Para reflectir.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

domingo, 23 de dezembro de 2007

"Só gostas dos teus amigos"

Há uma frase na vida de um jovem que é quase inevitável. Praticamente uma maldição.
É uma frase bastante democrática já que não se prende a estatutos sociais, raça ou religião. Basta ter uma mãe (ou equivalente): "Só gostas dos teus amigos", frase geralmente acompanhada de um ar sacrificado e infeliz, de progenitora que deu a vida pelos filhos e agora foi traída. Claro que esta frase pode ter variantes, tais como "Só és simpática para os teus amigos", "Só gostas de sair com os teus amigos" ou "Se fossem os teus amigos a dizer que era giro compravas logo".
Esta frase típica maternal esta carregada de intenções maliciosas. Remorsos. Tipo "Coitadinha de mim que dei a vida e agora preferes esses ranhosos mal vestidos do que eu". Fico fora de mim porque não suporto vitimizações e poses à coitadinha. Mas admito que isto funciona com muita gente, e confesso, também já funcionou comigo.
No outro dia, numa aula de espanhol onde só somos raparigas, de várias idades, dei-me conta que o tema "mãe" deu para reclamações tais, que a professora já não podia com a tagarelice. E todas reclamavam da chantagem emocional dos pais. Devo dizer que até me senti confortada por, afinal, não ser a única que se debate com estas questões.
E fiquei a pensar: será que "Só gostas dos teus amigos" é uma condição essencial da maternidade? Iremos todos nós (vamos lá incluir os futuros papás também) chantagear os nossos filhos com esta fatídica frase? Estarão os filhos eternamente condenados?

(reflexões um tanto inúteis e nada natalícias)

Postal de Natal da Amnistia Internacional


sábado, 22 de dezembro de 2007

Feliz Natal

Refilamos, stressamos e dizemos que para o ano que vem acabou. Engordamos, dizemos que as decorações são pirosas e que não temos paciência para aqueles primos em terceiro grau que telefonam cá para casa.
Mas lá no fundo, lá no fundo, gostamos da lareira acessa, das caras conhecidas e dos presentes com embrulhos coloridos.
Por isso, para todos (até para os que resmungam durante todo o mês de Dezembro), um Feliz Natal!

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Crónicas de comer e chorar por mais

"- Diz o nome predicativo do sujeito, idiota
e nós lá gaguejavamos o nome predicativo do sujeito, cheios de dúvidas, a hesitar. O professor escolhia um pêlo, desprezando-nos
- Nunca hás-de ser ninguém na vida
e o facto do nome predicativo do sujeito me impedir de ser alguém na vida preocupava-me. Que raio de importância tão grande o nome do predicativo do sujeito tem? Ou o ramal da Beira Baixa? Ou os afluentes da margem esquerda do Tejo? Meu Deus a quantidade de coisas que existem entre mim e o meu futuro. Outras frustrações: não usar óculos, nunca ter partido uma perna. Aparelho para os dentes sim, o que me compensava um bocadinho.

(...)

- Estás a olhar para ontem, idiota?
E é verdade, estou a olhar para ontem, sempre olhei para ontem. Até o amanhã é ontem às vezes. Charlie Parker interrompeu uma vez uma gravação, atirando com o saxofone, a gritar
- Já toquei isto amanhã
e ninguém foi capaz de convencê-lo a continuar. Como eu o compreendo, como às vezes sinto
- Já escrevi isto amanhã
e rasgo tudo. Um trabalho difícil, quase tão difícil como viver. Acho que não sei viver. Acho que não sei viver? Acho que não sei viver como os outros vivem. Que dias os meus, repletos de suspresas, de mistérios. De espantos. Sou um saloio: não há montra de loja que não me encante, sobretudo as lojinhas minúsculas de certos bairros, mercearias, roupas, brinquedos. Apetece-me logo comprar vassouras, aipo, um macaco de corda, a camisa mais feia que descobri na montra. A beleza das coisas feias fascina-me. O seu ar de desamparo, coitadas. (...)"


António Lobo Antunes, in Visão

"Todos os autores que dizem que escrevem para si próprios são
mentirosos. Escrever é um acto de comunicação, um acto de amor, algo que se faz
para se ser compreendido."

Umberto Eco

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

USBWine

Isto sim, era um avanço da tecnologia!

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Eu sempre soube o teu segredo.
Cheirava a papel de jornal amachucado e tinha aspecto de algodão doce quentinho. Uma perfeita contradição. Mas se isso te incomodava, nunca soube. Guardavas os comentários só para ti. Eu observava-te descaradamente e tu nem te importavas. Que audácia, pensava eu.
Um dia cruzámo-nos no corredor e disseste-me convictamente: "Está combinado". E partir daí esperei pacientemente pelo dia em que me ias contar a história do princípio ao fim. Já estava cansada de juntar pedacinhos, fica sempre a faltar aquele bocado preenchido pela cola, ínfimos espacinhos em branco que podem fazer a diferença.
Fiquei convencida que sim. Até ires embora. Em segredo, sem dizer adeus. Fiquei indignada, e zanguei-me com as memórias. Promessas, promessas...
Mas depois passou um dia, passaram dois. A estação mudou, o sol voltou a inundar as ruas. E então percebi.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Estagiários

Há muito tempo que andava com esta ideia: fazer uma reportagem sobre o mundo dos jornalistas estagiários. A ideia ficou a marinar na cabeça, mas houve quem se antecipasse. Os alunos deste ano de Atelier de Jornalismo e cyberjornalismo da Nova usaram essa ideia e puseram-na num pequeno site. Têm depoimentos de alunos que já passaram por estágios, do presidente do Sindicato dos Jornalistas e de um professor (e jornalista) lá da faculdade.
Se os depoimentos dos alunos despertaram em mim aquela pequena angústia, aquilo que o Pedro Coelho disse foi direitinho ao ponto:


"Pedro Coelho é jornalista da SIC e professor do departamento de Ciências da Comunicação da Universidade Nova de Lisboa desde Outubro de 2006. O primeiro contacto que teve com o lado da formação académica deu-lhe mais certezas acerca das causas do problema. As universidades são, para o jornalista, das principais culpadas.
“Eu acho que as faculdades começam por ser as grandes responsáveis pela quantidade de gente que há”, considera. Pedro Coelho aponta a existência de um número descontrolado de cursos e a falta de componentes práticas como as raízes do problema. “Há faculdades a mais, há cursos a mais e há impreparação enorme ao nível do ponto de vista técnico pelas faculdades”, diz. Por outro lado, acrescenta, “se o mercado não recebe tanta gente, não faz sentido que estejamos a despejar centenas de licenciados todos os anos”.
As críticas por parte dos estudantes ao carácter excessivamente teórico das licenciaturas é recorrente. E esta é uma questão que Pedro Coelho conhece de perto. “Sei como os estagiários chegam às redacções: do ponto de vista prático completamente mal preparados”, diz. Acrescenta, “se num curso de Ciências da Comunicação, 70% dos alunos quer ser jornalista, não percebo como é que a faculdade permanece de olhos fechados. Não entendo!”.
O reforço actual em cursos de jornalismo de carácter teórico acaba por formar profissionais sem sentido prático da profissão. Como refere Coelho, “na redacção ninguém nos pergunta nada sobre o Habermas mas perguntam-nos se sabemos fazer uma notícia. E se calhar nós sabemos muito sobre o Habermas mas depois não sabemos nada sobre as regras básicas do discurso jornalístico.“
Segundo o Jornalista e professor, para triunfar “agora os estudantes precisam de ser brilhantes ou ter uma excelente cunha”. Mas além das críticas que aponta às instituições de ensino, Pedro Coelho não deixa de sublinhar o actual clima de inércia dos estudantes de jornalismo. “Acho que os alunos estão muito à espera que a realidade lhes caia no colo”.

João Castro

Se quiserem ler mais é só clicar em http://www.fcsh.unl.pt/cadeiras/plataforma/foralinha/cyber/www/default.asp?edicao=00&sec=241

domingo, 9 de dezembro de 2007

O Grinch que há em mim

Eu gosto muito do Natal. Não necessariamente do meu Natal, mas da festa em si, do conceito, da mensagem, do chamado espírito natalício. Gosto das luzes, das árvores, dos doces e bolos, da música, da correria dos presentes, das decorações que as pessoas põem nas portas, dos barretes de Pai Natal, dos calendários de chocolate, das imagem-postal com a neve que nunca vejo.
Só há uma coisa que eu não suporto: Pais Natal trepadores. São horrendos e pegam-se como uma epidemia. O ano passado a moda atingiu o seu apogeu, mas este ano continua a dar o ar da sua graça.
Racionalmente eu sei que é uma decoração como as outras e que não tem mal nenhum, mas não consigo evitar, odeio-os. Que ideia estúpida essa, de pôr um Pai Natal de plástico a trepar pelas varandas, como se fosse assaltar a casa. Parece que a cidade foi atacada por ladrões vestidos de vermelho. Depois chove e faz vento e eles ali, ridículos e amachucados. Mas o pior são mesmo os pequeninos (infelizmente não encontrei uma foto para ilustrar esses). Sabem, aqueles que são três Pais Natal mini a subir por uma corda presa do lado de fora da janela? Que sentido é que isso tem? O Pai Natal, que eu saiba, é como a mãe: só há um. Será que é por serem pequeninos? Três Pais Natal mini equivalem a um grande? A mim fazem-me ter a sensação que a casa está a ser atacada por uma infestação de baratas.

Pronto, já desabafei. É este o meu odiozinho de Natal.

O Ponto do i errou

Acabei de descobrir que cometi um erro grave no inflamado post anterior. De acordo com a discussão que decorre no Eixo do Mal desta semana, os jornais na Madeira vão deixar de estar disponíveis nas repartições públicas, onde os funcionários tinham acesso a eles de graça.
Não é que eu ache que isto é aceitável, mas não é a tragédia que eu pensava. Seja como for, o artigo do Público não estava nada claro...
Tive oportunidade de ver o Sr. Jardim a falar sobre isso e poria o video aqui, se estivesse no youtube, mas infelizmente não está.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Censura em Portugal? Nãaaao!

Sempre achei o Alberto João Jardim ridiculamente insuportável e a figura política portuguesa mais detestável de todos os tempos. Mas isto passa todos os limites:

"O Governo Regional da Madeira decidiu "deixar de gastar dinheiro com a imprensa do continente". Segundo Alberto João Jardim, trata-se de "uma das medidas saudáveis que foram tomadas na administração pública regional, face ao garrote financeiro partidário, imposto pelos socialistas a partir de Lisboa". O anúncio é feito em post scriptum a um texto assinado por Alberto João Jardim, transcrito do programa do Governo Regional que o presidente vem publicando, por capítulos, como artigo de opinião no Jornal da Madeira. Ao proibir a assinatura da "imprensa do continente", porque "é dinheiro mal gasto", Jardim abre duas "excepções: O Diabo, "por motivo de solidariedade editorial", e o Expresso, "por ser o resumo semanal dos principais disparates do rectângulo".O Governo madeirense está a ser investigado pela Procuradoria da República pelo pagamento ao semanário O Diabo de "publicidade que não existiu".Já em Agosto de 2003 o executivo regional decidiu privilegiar a assinatura do Jornal da Madeira entre a imprensa regional, e, "quanto aos jornais fora da região", condicionar a sua aquisição à prévia autorização por parte dos nove membros do Governo.Numa auditoria em que detectou pagamentos ilegais nos apoios do governo madeirense a órgãos de comunicação social, neste momento a serem investigados pelo Ministério Público, o Tribunal de Contas criticou a discricionariedade daquele despacho de Jardim que definia orientações para a aquisição de jornais. Este tribunal apurou que o executivo de Jardim gastou em 2005 quase cinco milhões de euros com o Jornal da Madeira, o único diário estatizado do país, onde o governante quase diariamente assina um página de opinião. (...) "
Tolentino de Nóbrega, in Público


Isto é censura e não compreendo como é que não é proíbido. A Madeira cada vez mais parece a Venezuela. Aposto que o Jardim e o Chávez dariam bons compinchas. É que, mesmo sendo um de esquerda e outro de direita, as parecenças são muitas. São mal educados, exibicionistas, têm a mania que são donos do mundo e são ESTÚPIDOS (mas nada burros). Felizmente que existe Internet, que poderá funcionar como um escape para algumas pessoas. Venham-me dizer bem do Jardim que eu digo-lhas todas!! Se isto não é um sinal alarmante para a pequena ditadura madeirense, então não sei o que será...

Aquela Pessoa

"Já leste a crónica do Rui Tavares?". Agarro imediatamente no telemóvel para partilhar as últimas impressões.
Antes não existia ninguém. Ou talvez existissem várias pessoas, um bocadinho para cada uma. Mas agora há Aquela Pessoa. É difícil encontrar alguém que nos explique a crise do Paquistão, ou que nos pergunte "Olha lá, o que achaste daquela história do Chavez?". Podemos viver anos, décadas, sem encontrar quem discuta em lusco-fusco a existência de Deus, ou o conceito de Amor. E quantos de nós têm a sorte de ter alguém a quem mandar uma mensagem sobre a paisagem que se vê do autocarro, sobre a forma como o nevoeiro envolve a vegetação? Quem conheça as ruas e os cantinhos da sua cidade e vos mostre como quem revela um tesouro?
Os dias passam enrolados uns nos outros e, por vezes, nem dou conta. Mas a verdade é que sei que plantei uma semente de ouro e agora as flores são douradas e valiosas.
Aquela Pessoa sabe que estou a rir mesmo sem olhar para a minha cara. E sabe que eu gosto de iluminações de natal citadinas. E de castanhas que deixam os dedos pretos. Mas também sabe que eu falo dessa forma encadeada, que pega os assuntos uns nos outros. Sabe e não se importa. E as conversas crescem e ramificam e às tantas já falámos do mundo inteiro e fazemos planos de o abraçar, numa vida de aventuras.
Eu penso nisto e sei que não podia ser mais feliz. Tenho a sorte de quem apanha um trevo de quatro folhas. Cada vez que abro o jornal, vejo um programa de televisão, ou um filme, o alarme soa. E só quero partilhar isso com Aquela Pessoa. É imediato. Podemos discutir isso durante dias, pode ser uma competição ou um desabafo, pode ser um "eu bem te disse" que faz rir.
É por isso que não há ninguém como Aquela Pessoa. Porque não podiam ser várias, só podia mesmo ser aquela. Aquela Pessoa que agora já pode sorrir para as fotografias.

sábado, 1 de dezembro de 2007

Políticos Sorridentes

"As pessoas desconfiam do sorriso dos políticos, sendo essa desconfiança maior quanto mais eles sorriem, conclui um inédito estudo científico realizado pelo Laboratório de Expressão Facial da Emoção, da Universidade Fernando Pessoa, no Porto.

As conclusões desta investigação referem que "oito em cada dez pessoas consideram que os sorrisos exibidos pelos políticos são quase todos falsos".

Lusa

O nosso Primeiro-Ministro não anda a ler os estudos...