sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Eu sempre soube o teu segredo.
Cheirava a papel de jornal amachucado e tinha aspecto de algodão doce quentinho. Uma perfeita contradição. Mas se isso te incomodava, nunca soube. Guardavas os comentários só para ti. Eu observava-te descaradamente e tu nem te importavas. Que audácia, pensava eu.
Um dia cruzámo-nos no corredor e disseste-me convictamente: "Está combinado". E partir daí esperei pacientemente pelo dia em que me ias contar a história do princípio ao fim. Já estava cansada de juntar pedacinhos, fica sempre a faltar aquele bocado preenchido pela cola, ínfimos espacinhos em branco que podem fazer a diferença.
Fiquei convencida que sim. Até ires embora. Em segredo, sem dizer adeus. Fiquei indignada, e zanguei-me com as memórias. Promessas, promessas...
Mas depois passou um dia, passaram dois. A estação mudou, o sol voltou a inundar as ruas. E então percebi.

1 comentário:

Fátima disse...

=') gosto mesmo destas coisas metaforizadas e bonitas e originais e gostava de fazer parecido :P