Se há coisa que atormenta o bom empregado de mesa é a gorjeta. Muito mais que uma questão financeira, a gorjeta é a recompensa pelo bom serviço. E às vezes eu juro que não percebo que raio fiz mal.
Antes de começar a trabalhar no restaurante, já a minha amiga se queixava. Eu dizia-lhe sempre o mesmo: às vezes as pessoas não deixam gorjeta porque não acreditam nisso, independentemente do serviço. Ou não têm dinheiro, como os estudantes. Ou estão mal dispostos, sei lá.
Mas quando me calhou a mim foi outra história. A coisa boa de se trabalhar num restaurante é que, ao contrário de um hotel, tem-se oportunidade de fazer conversa, de fazer pequenos mimos, por vezes de travar até uma pequena amizade com o cliente. E eu gosto muito de fazer isso - tirando, claro, quando estamos na chamada "hora do lodo", que é quando a casa está a abarrotar, já não há talheres e copos lavados e eu já não sei quem já comeu as entradas ou os pratos principais.
Uma pessoa sente quando os clientes estão satisfeitas, quando fazem uma piadinha, quando perguntam coisas sobre nós, quando agradecem muito, sorriem muito. Mas depois, nada de gorjeta! Mas e então? Mas o que é que eu fiz errado? Mãe, porque não gostas de mim? É todo um processo de rejeição emocional.
Emocional ou financeira, não sei qual das duas escolher. Acho que devíamos pôr uma nota nas mesas a dizer: "Tenho que dividir a sua gorjeta com quatro pessoas. E já viu bem que lhe trouxe pão extra e ofereci um chá "on the house". Pense nisso quando decidir que hoje é forreta!"
sábado, 26 de fevereiro de 2011
sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011
Arriscar
Quem não arrisca está morto. Sem vida, não tem sangue nas veias. Não tem um coração a bater no peito. Arriscar é o que define o ser humano - aquele que não é apenas um molusco.
Arriscar dói. Custa sempre a perda de algo, não há negócios perfeitos. Arriscar custa acima de tudo a nossa auto-confiança, o nosso amor-próprio. Porque nos colocamos a jeito das adversidades. Porque tudo pode correr mal. Tudo e muito mais do que imaginamos.
Mas caraças, arriscar é viver. Arriscar é dizer que não à monotonia, é seguir os sonhos, é lixar o confortável. É trocar a língua, abrir conta de banco, começar do zero, sugar os ensinamentos do mundo. É não ter dinheiro ao fim do mês, é ouvir nãos atrás de nãos, é ver o nosso CV bonitinho ser desprezado, as nossas ideias rejeitadas, as nossas capacidades menosprezadas. É ver os nossos pais pela webcam, é dizer adeus à pessoa que amamos, é não estar lá no aniversário dos nossos melhores amigos.
Mas arriscar é correr atrás - quem corre por gosto não cansa. É arrumar as malas e começar de novo. Começar sempre de novo, até acertar.
Até o telefone tocar.e creio que medos
Isto é como tudo
não há-de ser nada
a minha namorada
é tudo que eu queira
mas vive para lá da fronteira
Separam-nos cordas
separam-nos credos
e creio que medos
e creio que leis
nos colam à pele papéis
Tratados, acordos
são pântanos, lodos
Pisemos a pista
é bom que se insista
dancemos no mundo
Eu só queria dançar contigo
sem corpo visível
dançar como amigo
se fosse possível
dois pares de sapatos
levantando o pó
dançar como amigo só
Por ódio passado
que seja maldito
amor favorito
não tem importância
se for é de circunstância
Separam-nos crimes
separam-nos cores
a noite é de horrores
quem disse que é lindo
o sol-posto de um dia findo
Sozinho adormeço
E em teu corpo apareço
Pisemos a pista
é bom que se insista
dancemos no mundo
Eu só queria dançar contigo
sem corpo visível
dançar como amigo
se fosse possível
dois pares de sapatos
levantando o pó
dançar como amigo só
Em passos tão simples
trocar endereços
num mundo de acessos
ar onde sufocas
lugar de supostas trocas
Separam-nos facas
separam-nos fatwas
pai-nossos e datas
e excomunhões
acondicionando paixões
Acenda-se a tua
luz na minha rua
Pisemos a pista
é bom que se insista
dancemos no mundo
Eu só queria dançar contigo
sem corpo visível
dançar como amigo
se fosse possível
dois pares de sapatos
levantando o pó
dançar como amigo só
não há-de ser nada
a minha namorada
é tudo que eu queira
mas vive para lá da fronteira
Separam-nos cordas
separam-nos credos
e creio que medos
e creio que leis
nos colam à pele papéis
Tratados, acordos
são pântanos, lodos
Pisemos a pista
é bom que se insista
dancemos no mundo
Eu só queria dançar contigo
sem corpo visível
dançar como amigo
se fosse possível
dois pares de sapatos
levantando o pó
dançar como amigo só
Por ódio passado
que seja maldito
amor favorito
não tem importância
se for é de circunstância
Separam-nos crimes
separam-nos cores
a noite é de horrores
quem disse que é lindo
o sol-posto de um dia findo
Sozinho adormeço
E em teu corpo apareço
Pisemos a pista
é bom que se insista
dancemos no mundo
Eu só queria dançar contigo
sem corpo visível
dançar como amigo
se fosse possível
dois pares de sapatos
levantando o pó
dançar como amigo só
Em passos tão simples
trocar endereços
num mundo de acessos
ar onde sufocas
lugar de supostas trocas
Separam-nos facas
separam-nos fatwas
pai-nossos e datas
e excomunhões
acondicionando paixões
Acenda-se a tua
luz na minha rua
Pisemos a pista
é bom que se insista
dancemos no mundo
Eu só queria dançar contigo
sem corpo visível
dançar como amigo
se fosse possível
dois pares de sapatos
levantando o pó
dançar como amigo só
As galochas
Quando em Janeiro voltei a Cardiff, depois do Natal, deparei-me novamente com um velho problema: os meus pés andavam encharcados. Várias botas já tinham sofrido com a intensidade da chuva galesa e aquelas não eram excepção - mesmo com remendos.
Decidi então comprar umas galochas. Mas claro, muita coisa para fazer, pouco dinheiro e um sentido de esquisitice apurado. Sem contar com o facto de que as galochas tinham esgotado depois do nevão de Dezembro. Sem desistir da ideia, deixei o tempo passar. E com o tempo passou também a chuva. Indecisa indaguei:
- Achas que ainda vale a pena comprar galochas?
- Como assim?
- É que deixou de chover.
- Han? E então?
- Não vou usar galochas quando está sol...
- Não vou usar galochas quando está sol...
- AAHHH! hahahahahahahaha que engraçada!
- ? Achas que compre...é?
- Claro que sim! Nem estava a perceber a tua pergunta. Vai chover sempre. Talvez não esta semana ou para a próxima, mas podes ter a certeza que vai voltar a chover. Galochas são um investimento.
Há um mês que as tenho. É preciso ouvir a voz da experiência. A sábia, sábia voz da experiência.
P.S. Quem souber - sem ir ver à net!!! - como se diz galochas em inglês recebe uma prenda ;)
quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011
Não te queixes que fica mal
Eu tenho mesmo muito bons argumentos para responder aos que dizem que esta geração de desempregados qualificados são apenas uns miúdos mimados que só se queixam. É que tenho mesmo. Mas como tenho três empregos para conseguir sobreviver e hoje estou exausta, vou, por agora, dizer-vos apenas para lerem isto e isto. Subscrevo, assino e aplaudo.
terça-feira, 22 de fevereiro de 2011
A arte de servir à mesa
Há uns anos eu jogava freneticamente a isto:
E não se diz tantas vezes que a vida é um jogo? Pois bem, é. Desde Setembro que trabalho como empregada de mesa num hotel no centro de Cardiff e ontem iniciei as mesmas funções num restaurante turco.
Porquê? Perguntam vocês, sabendo das minhas aspirações jornalísticas. Bem, porque o jornalismo, começo a achar, é como a arte: não põe comida na mesa. E eu tenho uma renda para pagar.
A experiência, no entanto, não deixou assim tanto a desejar. Tenho aprendido imenso e começo a ponderar colocar uma referência no meu CV. As minhas chamadas 'problem solving skills' melhoraram drasticamente.
No hotel sou o que eles chamam 'Meeting and Events operator', ou seja, faço parte da equipa que organiza eventos - conferências, grandes jantares, festas de Natal, bailes de finalistas, etc. O meu trabalho pouco tem de glamoroso: montar 'coffee stations', trazer águas, papéis, canetas, extensões, pôr mesas, dobrar guardanapos, encher baldes com gelo e claro, na hora H servir o jantar, composto por cerca de cinco fases. Tudo sempre de uniforme preto e branco, seguindo atentamente as ordens dos managers.
No restaurante é diferente. Sou eu e oito mesas. Um menu em turco que me dá dores de cabeça e um chefe cujo nome tenho dificuldade em pronunciar. Aqui posso vestir o que me apetece e levo comida caseira para casa ao fim da noite. Ah, e sou paga de forma ilegal e abaixo do valor mínimo, mas tenho direito a gorjetas.
Este é o cenário. Depois é apenas: Good evening, sorriso, here are your menus, sorriso, would you like to order your drinks?, sorriso, are you ready to order? sorriso, may I offer you a tea on the house?
É preciso saber o que é a sopa, atenção. E é preciso saber que a senhora de vermelho na mesa 10 é vegetariana e a de preto da sete é intolerante à lactose. É preciso saber cortar manteiga em perfeitos rectângulos, fazer café, chá, deitar vinho tinto em 120 copos sem manchar a toalha e conseguir empoleirar por vinte minutos um tabuleiro com taças de champanhe em cima de apenas uma mão. E sorrir sempre.
É preciso dizer Madam or Sir, trazer na língua um automático "but of course" e um "no problem at all". E para os clientes mais simpáticos um "you're welcome".
Neste mundo da hotelaria e restauração há que ter o ouvido treinado para mil sotaques e entender a diferença de um ovo escalfado servido em pão integral ou pão branco. É que faz toda a diferença. É preciso adorar o tilintar dos copos, o chocalhar dos talheres.
No hotel gosto da disciplina, que me obrigou a aprender um infindável protocolo de como pôr a mesa, de como tapar os cabos electricos, mover mesas, cadeiras, deixar tudo na perfeição. Não usar verniz, ter treino para caso de incêndio e saber como dobrar um guardanapo em leque. E levar três pratos de cada vez - se estes não estiverem tão quentes que tenho que usar dois pares de luvas, claro. Um hotel de 4 estrelas tem recepção, tem wedding planner, tem um Chefe estrela, tem managers autoritários, tem senhoras da limpeza, tem um sem número de pessoas que se movem como uma máquina perfeita.
No restaurante gosto do sentido de responsabilidade. Ali não sou mais uma, aquelas mesas não são nada sem mim. E ali as pessoas fixam a minha cara e conversam comigo e pedem a minha recomendação. E eu aprendo turco. Sai um Adana Kofte para a mesa 5!
E pronto, está oficialmente aberto este capítulo blogueiro. Podem esperar histórias, porque elas nunca faltam - só nunca me deu para as contar. E ficam já a saber o meu segredo: sempre que faço asneira ou não sei a resposta a uma pergunta muito óbvia, ponho o meu ar mais cândido, um olhar culpado, um sorriso meiguinho e digo "Ai desculpe! Sabe, hoje é o meu primeiro dia". It works like a charm.
E não se diz tantas vezes que a vida é um jogo? Pois bem, é. Desde Setembro que trabalho como empregada de mesa num hotel no centro de Cardiff e ontem iniciei as mesmas funções num restaurante turco.
Porquê? Perguntam vocês, sabendo das minhas aspirações jornalísticas. Bem, porque o jornalismo, começo a achar, é como a arte: não põe comida na mesa. E eu tenho uma renda para pagar.
A experiência, no entanto, não deixou assim tanto a desejar. Tenho aprendido imenso e começo a ponderar colocar uma referência no meu CV. As minhas chamadas 'problem solving skills' melhoraram drasticamente.
No hotel sou o que eles chamam 'Meeting and Events operator', ou seja, faço parte da equipa que organiza eventos - conferências, grandes jantares, festas de Natal, bailes de finalistas, etc. O meu trabalho pouco tem de glamoroso: montar 'coffee stations', trazer águas, papéis, canetas, extensões, pôr mesas, dobrar guardanapos, encher baldes com gelo e claro, na hora H servir o jantar, composto por cerca de cinco fases. Tudo sempre de uniforme preto e branco, seguindo atentamente as ordens dos managers.
No restaurante é diferente. Sou eu e oito mesas. Um menu em turco que me dá dores de cabeça e um chefe cujo nome tenho dificuldade em pronunciar. Aqui posso vestir o que me apetece e levo comida caseira para casa ao fim da noite. Ah, e sou paga de forma ilegal e abaixo do valor mínimo, mas tenho direito a gorjetas.
Este é o cenário. Depois é apenas: Good evening, sorriso, here are your menus, sorriso, would you like to order your drinks?, sorriso, are you ready to order? sorriso, may I offer you a tea on the house?
É preciso saber o que é a sopa, atenção. E é preciso saber que a senhora de vermelho na mesa 10 é vegetariana e a de preto da sete é intolerante à lactose. É preciso saber cortar manteiga em perfeitos rectângulos, fazer café, chá, deitar vinho tinto em 120 copos sem manchar a toalha e conseguir empoleirar por vinte minutos um tabuleiro com taças de champanhe em cima de apenas uma mão. E sorrir sempre.
É preciso dizer Madam or Sir, trazer na língua um automático "but of course" e um "no problem at all". E para os clientes mais simpáticos um "you're welcome".
Neste mundo da hotelaria e restauração há que ter o ouvido treinado para mil sotaques e entender a diferença de um ovo escalfado servido em pão integral ou pão branco. É que faz toda a diferença. É preciso adorar o tilintar dos copos, o chocalhar dos talheres.
No hotel gosto da disciplina, que me obrigou a aprender um infindável protocolo de como pôr a mesa, de como tapar os cabos electricos, mover mesas, cadeiras, deixar tudo na perfeição. Não usar verniz, ter treino para caso de incêndio e saber como dobrar um guardanapo em leque. E levar três pratos de cada vez - se estes não estiverem tão quentes que tenho que usar dois pares de luvas, claro. Um hotel de 4 estrelas tem recepção, tem wedding planner, tem um Chefe estrela, tem managers autoritários, tem senhoras da limpeza, tem um sem número de pessoas que se movem como uma máquina perfeita.
No restaurante gosto do sentido de responsabilidade. Ali não sou mais uma, aquelas mesas não são nada sem mim. E ali as pessoas fixam a minha cara e conversam comigo e pedem a minha recomendação. E eu aprendo turco. Sai um Adana Kofte para a mesa 5!
E pronto, está oficialmente aberto este capítulo blogueiro. Podem esperar histórias, porque elas nunca faltam - só nunca me deu para as contar. E ficam já a saber o meu segredo: sempre que faço asneira ou não sei a resposta a uma pergunta muito óbvia, ponho o meu ar mais cândido, um olhar culpado, um sorriso meiguinho e digo "Ai desculpe! Sabe, hoje é o meu primeiro dia". It works like a charm.
segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011
"Quando te vejo o meu coração salta de felicidade"
Sempre odiei o Dia dos Namorados. Com namorado, sem namorado, não importa. É a data mais foleira do calendário. Eu podia alongar-me a explicar, mas não vale a pena. O que eu realmente quero dizer é outra coisa.
Com a excepção deste ano, nunca recebi prendas de Dia dos Namorados - e é preciso ter em conta as diferenças culturais e a forma como o Reino Unido encara o dia, que é diferente de Portugal. No entanto, quando andava no secundário, nem me recordo em que ano, recebi um postal, no correio. Um postal giro. Engraçado. Eu gostei. Mas nunca, nunca descobri de quem era.
Passados quase 10 anos, ninguém se quer acusar?
*Mãe, pai, se foram vocês... deixem lá, não digam nada. O mito faz-me feliz.
Com a excepção deste ano, nunca recebi prendas de Dia dos Namorados - e é preciso ter em conta as diferenças culturais e a forma como o Reino Unido encara o dia, que é diferente de Portugal. No entanto, quando andava no secundário, nem me recordo em que ano, recebi um postal, no correio. Um postal giro. Engraçado. Eu gostei. Mas nunca, nunca descobri de quem era.
Passados quase 10 anos, ninguém se quer acusar?
*Mãe, pai, se foram vocês... deixem lá, não digam nada. O mito faz-me feliz.
Everytime I read Post a Secret I feel like sending 200 postcards at once, just so I can let it all go.
Sozinho
Nos momentos de stress ajuda sentirmo-nos acompanhados. A verdade é que enfrentamos sozinhos seja o que for - uma entrevista , um novo trabalho, uma conversa difícil, uma ida ao médico. Somos nós que estamos lá, que falamos, agimos, respondemos. Mas há alguém no fundo da nossa cabeça, aquela pessoa com quem falámos antes do grande momento e a quem vamos telefonar no fim. Alguém que sabe todos os detalhes, tem uma opinião sobre eles, vibrará com uma vitória e confortará numa derrota. É uma espécie de mão dada invisível. Dá-nos confiança.
Quando perdemos isso, de repente o mundo parece demasiado assustador para enfrentar. E a ideia de um desafio surge aterradora. Mas a verdade é esta: essa preciosa ajuda é apenas panaceia psicológica. Somos nós a dar o corpo às balas, sempre fomos. E não há nada que não possamos vencer sozinhos.
Quando perdemos isso, de repente o mundo parece demasiado assustador para enfrentar. E a ideia de um desafio surge aterradora. Mas a verdade é esta: essa preciosa ajuda é apenas panaceia psicológica. Somos nós a dar o corpo às balas, sempre fomos. E não há nada que não possamos vencer sozinhos.
P.... fraco
Não há nada a fazer, tenho um ponto fraco. Eu bem posso tentar contornar, fazer greve de silêncio, irritar-me, dizer coisas feias. Nada funciona. Mas caraças, sou gente, não sou? Gente tem pontos fracos. Faz coisas sem sentido, diz coisas mesmo, mesmo estúpidas. Não só uma vez mas dez, vinte, trinta.
Aceitarei a minha humanidade, pronto. E que as pessoas, como eu, são casa de sentimentos inexplicáveis, incontroláveis e alguns outros 'áveis' que prefiro não nomear. Que não aprendem. Que não esquecem mesmo quando ocupam a totalidade do seu tempo a querer esquecer.
As pessoas são estúpidas.
Aceitarei a minha humanidade, pronto. E que as pessoas, como eu, são casa de sentimentos inexplicáveis, incontroláveis e alguns outros 'áveis' que prefiro não nomear. Que não aprendem. Que não esquecem mesmo quando ocupam a totalidade do seu tempo a querer esquecer.
As pessoas são estúpidas.
domingo, 20 de fevereiro de 2011
Não sou eu, és tu
No outro dia atiraram-me com esta, que me deixou meio zonza. "It's not 'cause you're pretty or nice. There are many pretty and nice girls. It's that way you have of looking at the world. It's more than a personality, it's that unique character of yours. It's just so hard to find".
Na altura o que fiz foi apenas baixar os olhos e balbuciar uma série de desculpas, de remendos, de frases inacabadas. Depois, já em casa, fitei o tecto do quarto com alguma intensidade. E pensei que verdadeiramente único é alguém ver um traço de génio no mais banal dos quadros. Mas isso já não ia a tempo de lhe dizer.
Na altura o que fiz foi apenas baixar os olhos e balbuciar uma série de desculpas, de remendos, de frases inacabadas. Depois, já em casa, fitei o tecto do quarto com alguma intensidade. E pensei que verdadeiramente único é alguém ver um traço de génio no mais banal dos quadros. Mas isso já não ia a tempo de lhe dizer.
sábado, 19 de fevereiro de 2011
sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011
Saudades
- Ok, you're going to start working now. I'll shut up.
- How do you know?
- You just tied up your hair.
:) O diabo está nos detalhes. As saudades também.
- How do you know?
- You just tied up your hair.
:) O diabo está nos detalhes. As saudades também.
quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011
If you wanna leave, take good care*
Now that I've lost everything to you
You say you wanna start something new
And it's breakin' my heart you're leavin'
Baby, I'm grievin'
But if you wanna leave, take good care
I hope you have a lot of nice things to wear
But then a lot of nice things turn bad out there
Oh, baby, baby, it's a wild world
It's hard to get by just upon a smile
Oh, baby, baby, it's a wild world
I'll always remember you like a child, girl
You know I've seen a lot of what the world can do
And it's breakin' my heart in two
Because I never wanna see you a sad girl
Don't be a bad girl
But if you wanna leave, take good care
I hope you make a lot of nice friends out there
But just remember there's a lot of bad and beware
Oh, baby, baby, it's a wild world
It's hard to get by just upon a smile
Oh, baby, baby, it's a wild world
I'll always remember you like a child, girl
Tulip is my favourite flower
We live our lives thinking the next thing will be it. The next course, the next job, the next love, the next city, the next house. This might be a portrait of a generation or simply human nature. But it is the truth. At least for us, the hopeful, the believers, the "let's just send this one more application", "let's not give up yet", "let's send him an email", "let's give that cake recipe another try".
There comes a point, of course, when we start questioning if we are persistent or just stupid. And then we wonder - dangerously - why things are always so hard to get. Why does it seem that we have to try harder than others.
But surely, the "trier" stops that. Because all that the "trier" knows how to do is try, is to keep on pushing and hoping and believing. That some day, things will just work out.
terça-feira, 15 de fevereiro de 2011
Those who care, teach
Tocante artigo de opinião sobre o ensino escrito por alguém que experimentou a profissão, enquanto procurava a sua vocação.
segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011
Aberto ao público
Qual a diferença entre Saudade e Nostalgia?
Tive que explicar e demorei algum tempo.
O que é que vocês acham?
Tive que explicar e demorei algum tempo.
O que é que vocês acham?
domingo, 13 de fevereiro de 2011
Memories and musgo
Mudei de quarto. Agora vivo no primeiro andar, num quarto onde entrei milhares de vezes, num quarto de onde sempre vinha música. A guitarra, no entanto, já não repousa junto à cama e os livros na estante são outros. Por cima da cama não está mais colado um mapa do metro de Berlim. Agora sou eu que habito este quarto de grandes janelas, mas sinto que o estou a partilhar com um roomate invisível. Porque as pessoas quando se vão embora não o fazem de forma imediata, deixam um pouco de si para trás, que fica no ar, fica nas coisas que deixaram por arrumar, fica na lembrança que os objectos carregam.
Hoje foi a primeira vez que acordei e não fui brindada com o cheiro do café e uma conversa dengosa matinal. As horas passaram e a casa continua silenciosa. E eu que estou feliz pelo início de uma nova vida para o meu amigo, não consigo deixar de sentir esta nostalgia e porque não... um pouco de saudade. Sim, já.
Little darling, it's been a long cold lonely winter
Little darling, it feels like years since it's been here
Here comes the sun, here comes the sun
and I say it's all right
Best of luck, darling. The sun is finally coming for you*
Hoje foi a primeira vez que acordei e não fui brindada com o cheiro do café e uma conversa dengosa matinal. As horas passaram e a casa continua silenciosa. E eu que estou feliz pelo início de uma nova vida para o meu amigo, não consigo deixar de sentir esta nostalgia e porque não... um pouco de saudade. Sim, já.
Little darling, it's been a long cold lonely winter
Little darling, it feels like years since it's been here
Here comes the sun, here comes the sun
and I say it's all right
Best of luck, darling. The sun is finally coming for you*
Já dizia o ditado "Never judge a book by its cover"
Nesta fase de percariedade (financeira, laboral, emocional, social, etc etc etc) tenho pensado muito na diferenças culturais entre Portugal e Reino Unido.
Além de uma fase breve lá para os meus 18 anos, nunca me ocorreu trabalhar enquanto estudava. Nunca conheci, aliás, ninguém que trabalhasse enquanto estudava, com a excepção de um amigo ou dois no Verão, coisa muito esporádica. Os meus pais nunca acharam que devia e a coisa por aí seguiu. Acho que posso dizer que isto se aplica à esmagadora maioria da classe média portuguesa.
No Reino Unido quase todos os estudantes universitários (e alguns do secundário) trabalham. Não vou dizer que acho muito bem "para saberem o valor do dinheiro" e essas tretas. Não é isso. No hotel onde trabalho acontece-me imenso os clientes fazerem conversa a falarem do seu tempo de empregados de mesa. Estamos a falar de executivos, médicos, professores, advogados - pois eu trabalho muito em conferências e grupos de trabalho. A verdade é que trabalhos "percários" (hoje em dia não sei se arrisco chamar-lhes assim) fazem parte do percurso natural do britânico médio. E isso cria um respeito por estas profissões que eu acho notável.
Isto eu noto que não existe em Portugal. Há uma clara rejeição por tudo o que sejam estes trabalhos "inferiores" porque há a ideia que só os faz quem não tem formação, é um triste, sem ambição e sem possibilidades.
No geral, os britânicos não assumem que atrás de um balcão de bar está alguém sem qualificações. E mesmo que esse seja o caso, por terem eles próprios estado naquela posição, têm um comportamento cordial, compreensivo, ajudam quando podem, não são condescendentes. O mesmo se pode dizer dos patrões, que em Portugal tratam os seus empregados como se fossem idiotas.
Admiro profundamente este sentido de igualdade. Numa nação fundada na hierarquia social, com casa real e brazão, a cidadania e senso democrático parecem estar mais apuradas que num país que matou o próprio rei.
Além de uma fase breve lá para os meus 18 anos, nunca me ocorreu trabalhar enquanto estudava. Nunca conheci, aliás, ninguém que trabalhasse enquanto estudava, com a excepção de um amigo ou dois no Verão, coisa muito esporádica. Os meus pais nunca acharam que devia e a coisa por aí seguiu. Acho que posso dizer que isto se aplica à esmagadora maioria da classe média portuguesa.
No Reino Unido quase todos os estudantes universitários (e alguns do secundário) trabalham. Não vou dizer que acho muito bem "para saberem o valor do dinheiro" e essas tretas. Não é isso. No hotel onde trabalho acontece-me imenso os clientes fazerem conversa a falarem do seu tempo de empregados de mesa. Estamos a falar de executivos, médicos, professores, advogados - pois eu trabalho muito em conferências e grupos de trabalho. A verdade é que trabalhos "percários" (hoje em dia não sei se arrisco chamar-lhes assim) fazem parte do percurso natural do britânico médio. E isso cria um respeito por estas profissões que eu acho notável.
Isto eu noto que não existe em Portugal. Há uma clara rejeição por tudo o que sejam estes trabalhos "inferiores" porque há a ideia que só os faz quem não tem formação, é um triste, sem ambição e sem possibilidades.
No geral, os britânicos não assumem que atrás de um balcão de bar está alguém sem qualificações. E mesmo que esse seja o caso, por terem eles próprios estado naquela posição, têm um comportamento cordial, compreensivo, ajudam quando podem, não são condescendentes. O mesmo se pode dizer dos patrões, que em Portugal tratam os seus empregados como se fossem idiotas.
Admiro profundamente este sentido de igualdade. Numa nação fundada na hierarquia social, com casa real e brazão, a cidadania e senso democrático parecem estar mais apuradas que num país que matou o próprio rei.
Imperdível
As melhores:
"Slap you thights and bottom occasionally" e "Shake your finger at your immaginary audience"
Farto-me de rir no "Now put it all together" - como assim? Isso deverá assemelhar-se a um ataque epilético, não?
Hahaha.
segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011
Quarto livre, busca-se ocupante
Nos últimos dias a minha casa tem sido palco de castings para um novo inquilino. E digo-vos, tem sido como a primeira fase de selecção dos Ídolos, mas sem a música.
Things we learn
Há medida que vamos crescendo vamos percebendo que não vale a pena dar ouvidos a quem nos faz sentir mal na nossa pele.
domingo, 6 de fevereiro de 2011
sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011
Nos subterrâneos da confusão
A geologia tem-me atormentado os dias. Nunca engonhei tanto numa reportagem mas também nunca tive tanto a sensação de que não percebia patavina daquilo. Portanto acho que engonhar foi uma boa opção. Mas finalmente julgo ver a luz ao fundo do túnel - para tentar usar uma metáfora geológica.
To go person
- Everyone has a 'to go' person.
- A what?
- You know, a person to go to when things go wrong
- ...
- What?
- I'm thinking... I don't think I have one like that. Not anymore, no.
- I do, but just for when someone dies.
- And for everything else?
- ...
- A what?
- You know, a person to go to when things go wrong
- ...
- What?
- I'm thinking... I don't think I have one like that. Not anymore, no.
- I do, but just for when someone dies.
- And for everything else?
- ...
quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011
Comecei a ver Skins
Gosto mesmo do british style. Além disso é bom para variar.
P.S A casa do Tony por fora é igualzinha à minha
P.P.S já disse que moro a uma hora de Bristol?
P.S A casa do Tony por fora é igualzinha à minha
P.P.S já disse que moro a uma hora de Bristol?
A falta que o aparelho faz
Cada vez que vou a casa de alguém com televisão fico fascinada com os programas.
quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011
terça-feira, 1 de fevereiro de 2011
Dá medo mas isto é viver
Quase todos os dias tenho o meu momento de crise, de "o que é que estou a fazer aqui?", de "não estou a fazer nada da minha vida". Porquê? Porque não tenho emprego. Porque esta vida de remediado não é vida para ninguém.
No entanto há uma parte de mim, essa parte sonhadora, idealista e aventureira que gosta um pouco disto. Que sente que no fundo isto é viver. Essa parte de mim que nunca quis uma casa com uma picked fence - não há remédio, volta e meia esqueço-me das palavras em português. Sim, eu trabalho aqui e ali. Tudo o que faço é aqui e ali. Os meus amigos têm todos uma história diferente da minha, cultural, de vida, de tudo, mas no fundo acho que temos todos um pouco a mesma história. Todos estamos aqui a tentar seguir um sonho ou apenas a tentar sentir a vida de forma mais intensa. Ou as duas coisas.
Este ano faço 25 anos. Aos 25 anos, na minha cabeça, eu já teria que ter feito muita coisa. Já devia ser alguém. Não sou. Mas daqui a 20 anos, o que é que isso vai importar? Vou relembrar este período como aquele em que fui atrás de mim própria, em que servi às mesas, aprendi a levar três pratos, paguei renda de casa, vivi sem televisão, comi muito feijao em lata e conheci o mundo inteiro numa cidade só.
Está longe de ser perfeito? Claro. Mas ainda bem, porque assim eu vou continuar a procura de melhor. Parar essa busca é morrer.
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