segunda-feira, 26 de novembro de 2007
O que eu quero ser quando for grande
sobre o que eu queria ser um dia quando crescesse
Quero ser um marinheiro, sulcar o azul do mar
vaguear de porto em porto até um dia me cansar
quero ser um saltimbanco, saber truques e cantigas
ser um dos que sobe ao palco e encanta as raparigas
A sessôra chamou-me ao quadro e deixou-me descomposto
Ò menino atolambado, que gracinha de mau gosto
Lá fiz outra redacção, quero ser um funcionário
ser zeloso, ter patrão, deitar cedo e ter horário
ser um barquinho apagado sem prazer em navegar
humilde, bem comportado, sem fazer ondas no mar
A sessôra bateu palmas e deu-me muitos louvores
apontou-me como exemplo e passou-me com quinze valores
domingo, 25 de novembro de 2007
Quando for grande...
Com esses sonhos vem a angústia do ser mediano, do ser morno, do ser monótono. As dúvidas e os medos perseguem, alternam-se aos momentos de entusiasmo vibrante.
Mas, às vezes, no quentinho da cama ou num dia de chuva, as ambições esbatem-se. Há aquele passeio de mãos dadas, há aquele cheiro a pão quente, há aquele bebé encantadoramente sorridente. E por momentos há um suspiro. De olhos fechados vejo o quadriculado de molduras que encaixam umas nas outras como um mapa de sorrisos. Quero ter fotos na parede que me façam sorrir quando passo por elas, mesmo que entre apressada em casa. Quero ter sempre margaridas na jarra que está em cima da mesa. Quero contar histórias de encantar quando os meus filhos forem para a cama. E quero enche-los de cócegas, só para ouvir aquelas gargalhadas. Porque é que deixamos de rir assim? Quero que a palavra "amor" faça sempre os olhos de outra pessoa brilhar. Quero saber alguém de cor. Quero um jardim e amigos eternos. Quero que a senhora da mercearia me trate pelo nome. Quero que o Natal seja uma casa cheia a cheirar a doces. Com uma árvore de natal decorada a muitas mãos.
Isto tudo claro, vem e vai num segundo. Não sejamos caretas. O sucesso não se interessa por estas fraquezas.
sábado, 24 de novembro de 2007
Tagus, a cerveja heterossexual
Cheguei a casa e fui investigar. Não é que a Tagus lançou uma campanha publicitária assente na ideia de que é "uma cerveja para heterossexuais" ?!?! Isto não é só ofensivo e altamente discriminatório, é também estúpido. Ou acham que os homossexuais não bebem cerveja?
"Queremos colocar a marca no radar do consumidor. Com estas palavras, Sérgio Henrique Santos, director de planeamento estratégico da Lowe, justifica o título do manifesto «Assuma a sua heterosexualidade sem vergonha», criado pela agência para a Tagus". É pá......... Os heterossexuais, coitados, depois de terem sido alvo de tanta discriminação, devem, de facto, vestir a camisola e deixar de ter vergonha. Há de facto muitos straight guys que têm deixar de ter medo de se assumir. Têm que declarar a sua natureza e reinvindicar os direitos que lhes são velados devido às suas escolhas sexuais. Oh Deus...
Não consegui abrir a página oficial (http://www.orgulhohetero.com/), mas alguns sites que noticiam esta campanha do "Orgulho Hetero" (é mesmo assim que se chama) já reuniram um número considerável de comentários, na sua maioria indignados com esta ideia peregrina. Mesmo assim, há quem discorde:
"Curioso, esta gentinha que vem para aqui barafustar contra o orgulho hetero, mas nunguém os ouve piar aquando do triste espetáculo carnavalesco que é a marcha do orgulho gay. ambada de hipócritas e intelectualmente cobardes é o que são". Diz o senhor "hetero com orgulho".
Espero que os movimentos gay nem lhes passem cartão...
P.S. Já foi criado, em "resposta", um site com o mesmo nome, mas bem diferente. http://www.orgulhohetero.org/
sexta-feira, 23 de novembro de 2007
A "diabólica" Rua Sésamo
Todos nós que crescemos nos anos oitenta e noventa sabemos de cor quem são o Becas e o Egas, o Monstro das Bolachas, o Poupas Amarelo, o Gualter, o Cocas... Aposto que já têm um sorriso nos lábios só de pensar. Quando comparamos a Rua Sésamo com os desenhos animados que se seguiram é fácil chegar à conclusão que nem os Power Ranger nem o Pokemon lhe chegavam aos calcanhares. A série chegou até a ser estudada por académicos e foi criada com a ajuda de psicólogos infantis, especialmente pensada para ser divertida e didática. E quem pode dizer que não era?
Agora leiam isto...
(...)"Los vídeos acaban de editarse en Estados Unidos con una advertencia: ?El contenido es para mayores y podría no ser apto para los niños de preescolar de hoy?.
En el primer episodio de Barrio Sésamo, que se emitió en noviembre de 1969, una niña se hacía amiga de un desconocido que la invitaba a su casa a comer leche con galletas, algo que, ante los continuos casos de pederastia, hoy sería inconcebible. También hay una escena en la que Epi le pide a Blas que le pase el jabón mientras está en la ducha. Hace ya tiempo que saltó la polémica sobre si los dos muñecos que vivían en un bajo algo cutre eran una pareja gay y por lo tanto peligrosos para los niños. ?Los telespectadores de hoy se han vuelto hipersensibles. Los guionistas de Barrio Sésamo no tenían segundas intenciones. Sus decisiones se tomaban de forma inocente, y sólo después han sido cuestionadas cuando han entrado en juego las guerras culturales. Su único condicionamiento era huir de la violencia y no escribir guiones que pusieran en peligro físico a los niños al copiarlos, como hacer un sketch en el que se pusieran un cubo en la cabeza y se golpearan?, explicó en la radio NPR Daniel Anderson, que asesoraba en los setenta al equipo de Barrio Sésamo y que hoy trabaja como psicólogo en la Universidad de Massachusetts."(...)
Bárbara Celis, in El País
Já não é a primeira vez que vejo uma coisa deste género. Uma vez vi um programa onde falavam de uma campanha do Jumbo para o Dia do Pai, há uns 10 anos. O cartaz era uma menina dos seus três anos, nua, envolta num laço vermelho, com um qualquer slogan sobre o dia festivo. Fez-vos impressão? A mim também. Mas há dez anos não fez a ninguém. O mais assustador é que esta "campanha do medo" entra mesmo nas nossas cabeças, estranha-se, assusta-nos.
O defeito não é da Rua Sésamo, que não traumatizou ninguém nem colocou criancinhas nas mãos dos pedófilos. O defeito só pode ser da sociedade moderna, hipocondríaca e paranóica. Hoje em dia o outro é o inimigo. Tudo representa um perigo. Tudo é maldoso, tudo tem uma intenção nefasta. Não estaremos a perder a fé na espécie humana?
Não será que "a maldade está nos olhos de quem vê"?
terça-feira, 20 de novembro de 2007
quinta-feira, 15 de novembro de 2007
The ice hotel
Let's you and me go away to The Ice Hotel
The Caribean's all booked out
And that's just as well
Once I'd have been much keener
On Barbados or Antigua
But just now I think the artic will suit as well
Let's you and me go away
To the Ice Hotel
They've built it allwith the ice that's pure and clear
The sofas, the lobby
Even the chandeler
A thermostat guarantees
A steady minus five degrees
What other place could serve our needs so well
Let's you and me go away
To the Ice Hotel
Romantic places
Like Verona or Paris
They'll always lead you astray
You'd have to be a novice
To ever trust Venice
And those dreamy waterways
And what the tropics can do
I know only too well
So, let's you and me go away
To the Ice Hotel
Heavy clothing at all times
Is the expected norm
Even candlelight at dinner
Is considered too dangerously warm
And when the time comes for us to sleep
We'll spread out our reindeer fleece
And curl up together
On an ice block carved for two
But then in the morning
Provided we've made it through...
We'll step out together
To watch the sun rise over
That vast expanse of cold
And who knows if we're lucky
We may find ourselves talking
Of what the future may hold
This is no whim of the moment
I want you to realise
Let's go away
To that palace made of ice
Let's you and me go away to the ice hotel
The Bahamas are all booked out
And that's just as well
I don't think we're quite ready
For Hawaii or Tahiti
And we will be
Only time will tell
Let's you and me go away
To the Ice Hotel
Stacey Kent
quarta-feira, 14 de novembro de 2007
O substituto
O pior é que ele pareceu muito mais sério e muito mais competente que eu. Ao menos que comentassem "Ah, ele não tem muito jeito, mas é bom rapaz. Temos saudades tuas". Mas nem isso. Parece que o moço se desenrasca bem. Nunca fui muito boa a "desenrascar-me", mas ando a trabalhar nisso.
Conheci-o num almoço da Renascença a que fui hoje. Foi um dia de sentimentos contraditórios. Mal entrei na redação (faltavam dez minutos para o noticiário), respirei de alívio por já não estar lá: confusão total, problemas, stress, correrias, gente mal encarada e a resmungar. Pouco depois esta sensação foi substituída por uma nostalgia que me beliscava a consciência. A reunião onde falaram do trabalho do dia seguinte deu-me vontade de dar palpites, vontade de voltar a fazer parte daquilo, de criar alguma coisa, de ir atrás da informação, dar-lhe uma forma e oferecê-la ao público. Enquanto esperava, sentada num cantinho da redacção, tive um desejo imenso de ser mais uma daquelas pessoas de auscultadores nos ouvidos, concentradas nas manchas verdes que o som faz no ecrã. Cerrei os punhos para resistir à tentação de atender os vários telefones que tocam em simultâneo, quase por implicância. Tive vontade de ler a agenda e fazer setinhas de lado no que achava mais importante, como era meu hábito.
Depois foi o almoço. O Lux de um lado e as empadas do outro, as conversas cruzam-se por entre as pessoas tão diferentes. E eu estava ali mas não estava. Era conhecida mas não era da família. Não era nem de fora nem de dentro. Houve discurso do editor (porque era o almoço que marcava o início deste novo turno, com um novo editor) e senti aquelas palavras como se também fossem para mim, apesar de não serem. Ri-me com as brincadeiras e preocupei-me com os problemas. Orgulhei-me da exigência, da justeza e da competência do "nosso" editor. Quis que aquilo também fosse meu.
No final, já em conversa a dois falei do que achei que devia e do que não devia. A luz de fim da tarde solta-me a língua. Puxa-me à sinceridade. Dá-me vontade de contar as irritações e as incertezas. Depois, quando já está escuro, sinto aquele remorso de falta de calculismo. Vou acabar a lavar escadas por causa disto, bem sei. A culpa foi daquela sobremesa.
quinta-feira, 8 de novembro de 2007
Bons alunos improváveis
Mas não foi só por isso que fiquei orgulhosa. Tenho orgulho na humanidade quando alguém ousa fazer alguma coisa pelos outros, tem uma ideia audaciosa, sem esperar retribuição.
Pois aqui está: António Lança de Carvalho decidiu criar um prémio para os melhores alunos carenciados da sua freguesia. Tirou dinheiro do seu bolso e deu ao prémio o nome do pai, que se tornou advogado apesar de ser órfão de pai e mãe, criado por uma tia pobre e ter começado a trabalhar como serralheiro. Inspirado da história do pai, António quis ajudar alunos pobres com boas notas a prosseguirem os estudos.
"Pode parecer façanha pequena, mas ele reconhece que nalguns contextos têm que ser "campeões" para chegar ao fim do ensino obrigatório, especialmente com boas notas. Não é possível compará-los com meninos que saem das aulas e vão para explicações de tudo e mais alguma coisa e daí para o judo e para a natação. É um outro universo." [Catarina Gomes, Público]
Joana e Joceane receberam o Prémio de excelência e são da minha ex-secundaria, Fernando Lopes Graça. Houve mais alunos a receber prémios, apesar de elas terem sido as "vencedoras". O valor não é nada do outro mundo, 500 euros, mas deixou as alunas e famílias muito surpreendidas e felizes.
Para mim, que sempre estudei em escolas públicas, este tipo de iniciativa faz todo o sentido. É uma ilusão achar que os alunos têm todos as mesmas condições para aprender. Quem estudou em escolas públicas lembra-se, com certeza, de muitos colegas que faziam o dobro do esforço para serem bem sucedidos na escola. Não é uma questão de inteligência, mas de contexto. Muitas pessoas insistem em ignorar que não basta ir às aulas e estudar a lição. Há muitos alunos que não só não têm os meios materiais dos outros (o exemplo das explicações é gritante) como sentem que estão a sobrecarregar os pais, que têm que começar a trabalham mal possam. Vivem em famílias que valorizam pouco a educação ou então valorizam-na de uma forma distante. Um pouco como a União Europeia: é boa, mas não sabemos bem para quê. Dizem aos filhos que têm que ir à escola e ter boas notas, mas não existe em casa um interesse participativo em relação a isso. Ninguém oferece livros, ninguém lê jornais, ninguém fala do que é ser advogado ou médico. Ninguém vai ao teatro, ninguém pensa em cinema. A escola é uma quadro bonito para ter na parede. Mas sem sentido.
Por isso eu acho que há alunos que merecem prémios. Porque tomam conta de 4 irmãos, vestem roupa usada e comem sempre na cantina. Na cabeça de muitas pessoas isso não influencia as notas que se tiram, mas eu tenho a certeza que sim. São estes alunos que vão conseguir quebrar a espiral de pobreza que dura gerações, muitas vezes. Neste momento, vários ex-colegas nessa situação surgem na minha cabeça. Poucos terão chegado à faculdade. A maioria foi sugada para empregos precários mas rápidos de obter. Mas há vencedores. Tenho uma amiga que atravessou a faculdade sem computador ou internet e sente constantemente a pressão do dinheiro que custa aos pais. Há nela sempre a tentação de desistir, começar a trabalhar, ganhar dinheiro e independência. Os pais temem que a faculdade não lhe sirva de nada.
Achei a ideia deste senhor muito interessante e seria bom que fosse possível estendê-la a nível nacional. Uma espécie de ranking dos alunos improváveis.
quarta-feira, 7 de novembro de 2007
Um brinde virtual à Marina!
Nessa altura não há nada para escrever nos emails nem nas mensagens e falta qualquer coisa. Falta um abraço igual a todos os outros que damos despreocupados, porque sabemos que para o ano há mais. O abraço que eu queria dar este ano é diferente porque tem tantas saudades juntas que não cabem mais na janelinha do messenger.
Mas já que ainda não se inventaram abraços virtuais, temos que ser criativos. E não há nada como uma péssima foto, em que a palidez, os olhos inchados e o sorriso embriagado são as coisas que mais saltam à vista. Não há mesmo nada melhor do que oferecer um "refrescamento de memória". Porque o que foi, sempre será. Esta foto é uma promessa.
Parabéns!!
terça-feira, 6 de novembro de 2007
"A mis 95 años"
A história vinha hoje no Público e deixou-me encantada. O blog da senhora é um amor e vale a pena visitar. Poucos de nós se poderão gabar de chegar a receber 70 comentários num post. E nunca tem menos de 20 pessoas a comentar.
O blog foi uma prenda de aniversário do neto, e María Amelia diz que mudou a sua vida. Ávida leitora de biografias, encontrou na internet uma fonte inesgotável de informação e uma "companheira" que lhe trouxe amigos pelo mundo todo. E não pensem que o blog só tem receitas. Não! María Amelia conta histórias da sua infância, fala de política, da guerra civil, de tudo!
Recentemente o blog foi descoberto pelos media, o que despoletou uma série de entrevistas, que a própria publicou no blog.
Deixo aqui um pequeno vídeo de uma das entrevista, para ficarem com uma ideia da senhora. Mas não deixem de visitar o blog: http://www.amis95.blogspot.com/
Ah, é importante acrescentar que o blog "A mis 95 años" está entre os dez finalistas para os prémios BOB (Best of the Blogs) na categoria de blogs de língua espanhola.
sábado, 3 de novembro de 2007
A África que "raspa dentro" de Sebastião Salgado
Ao ler uma entrevista ao fotógrafo Sebastião Salgado, percebi que há quem veja mais:
"Há uma imagem de África ligada à fome e à guerra que ficou colada ao nosso imaginário. África tem fome e armas mas tem outras coisas. É esse lado menos mediatizado que também nos tenta mostrar?
Fui para a Etiópia agora e disse isso a vários amigos que me perguntaram: "Como é que está o problema da fome?" As pessoas quando pensam na Etiópia só pensam na fome. Porquê? Porque foi uma imagem recente que se criou no sistema de informação Ocidental e todas as pessoas ficaram com essa imagem. Mas ninguém imagina que a Etiópia foi o único país que não foi colonizado em África. A Etiópia foi um país que bateu o pé a uma potência europeia que era a Itália. Os etíopes têm uma cultura milenar. Quando os portugueses chegaram lá em 1500 a Etiópia já era um país cristão. A Etiópia tem uma história tão rica e tão forte e existem tantas etiópias dentro da Etiópia... Vivemos numa sociedade que vive de determinados chavões, determinados estereótipos. A Etiópia não é só fome. As pessoas estão muito enganadas a respeito deste país. E estão muito enganadas a respeito de África."
sexta-feira, 2 de novembro de 2007
quinta-feira, 1 de novembro de 2007
Piadinha económica
Sugiro ao BCP e ao BCI, e a outros bancos que se queiram associar, que resolvam os problemas das fusões amigáveis, OPAS hostis e outros assuntos importantes, participando num Big Brother Bancário.A RTP poderia ser o canal responsável pelo concurso, com a Fátima Campos Ferreira no papel de Teresa Guilherme. Para a Casa poderiam convidar o Jardim Gonçalves, o Joe Berardo, o Fernando Ulrich, Filipe Pinhal, Paulo Teixeira Pinto, Paula Teixeira da Cruz, Vítor Constâncio, Ana Gomes, António Carrapatoso, Ricardo Salgado, Helena Roseta, Carlos Ferreira, Santana Lopes e António Pinho. Enfim, também poderiam ir a Maria Barroso e claro, a Ana Maria Lucas, para fazer uma certa ligação com os outros concursos, e para ambientar os novos concorrentes à Casa.Depois os espectadores votavam todas as semanas, expulsando regularmente um dos concorrentes. Quem ganhasse, ficava com tudo.Era muito mais interessante, e seguramente mais produtivo, tratar dos negócios da banca assim, tudo às claras, tudo ao sol, tudo na TV."
Vamos todos fazer compras em Estremoz!
"A nova unidade comercial que o grupo Sonae Distribuição vai hoje abrir ao público na cidade de Estremoz é apresentada como um exemplo no aproveitamento das novas valências ambientais.Vítor Martins, director de Ambiente da Sonae (grupo que também é proprietário do PÚBLICO), não consegue disfarçar o entusiasmo pelo conjunto de 12 medidas totalmente inovadoras que vão ser aplicadas a partir de hoje na poupança de energia de água e de gestão dos resíduos, no novo Modelo de Estremoz. Para além dos sistemas de microgeração, que aproveitam a energia eólica e fotovoltaica para produzir, cada um dos sistemas, 2,5 KW, há um colector solar para aquecimento da água da cafetaria. Na nova unidade comercial também se faz o aproveitamento exaustivo de tudo o que produz luminosidade, energia eléctrica ou térmica convencional.Exemplos: o calor libertado pela central do frio serve para aquecimento de uma das lojas do hipermercado; a luminosidade interior é obtida fundamentalmente através de mais de uma centena de clarabóias de tipo Solar Tube (deixam passar a luz, mas não o calor do sol). Um sistema automático regula os fluxos luminosos emitidos pelas lâmpadas fluorescentes de alto rendimento, sempre em função da iluminação obtida a partir das clarabóias.Nem os reclamos luminosos e os sinais de trânsito de acesso à unidade comercial escapam às medidas de poupança de energia. E, neste particular, chegou a vez de as lâmpadas de tecnologia LED contribuírem para a redução do consumo de energia.Vítor Martins explicou ao PÚBLICO que no novo hipermercado colocaram "todo o tipo de inovações que nos são acessíveis, para as podermos testar".O objectivo "é a melhoria continua-da" dos equipamentos com novas valências ambientais, que passa pela gestão dos resíduos. Tudo foi pensado para que no aterro intermunicipal que serve Estremoz não sejam depositados os resíduos passíveis de recuperação ou de reciclagem. Para além dos habituais ecopontos para o vidro, papel e plástico, o hipermercado de Estremoz coloca à disposição dos seus futuros clientes um contentor para pilhas, outro para óleos alimentares e outro ainda para óleos usados no sector automóvel.A novidade está no "roupão", um contentor onde as pessoas podem depositar roupa usada que será destinada a famílias carenciadas.Quanto às embalagens de alumínio, a Sonae pretende entregá-las ao município de Estremoz. Em síntese, a proposta passa por colocar à disposição dos clientes do novo hipermercado um sistema completo de recepção de resíduos, que ajude a incutir na população um novo paradigma de preservação ambiental. "
In Público
Porque é que não são todos assim?