terça-feira, 7 de outubro de 2008

A confusão que pode ser um filme com o formato de reportagem do 60 minutos (ou semelhantes)

Ontem fui ver “A morte de um Presidente”. Sim, já era tempo de provar que também sei falar de filmes. Que assim uma pessoa sente-se deslocada em relação aos pares.
Ainda estou a digerir aquela coisa do “gostei” ou “não gostei”. Inclino-me mais para a primeira, mas quando o processo terminar dou o veredicto.
Quando as luzes da sala vip do Amoreiras acenderam o Pedro olhou para mim e disse “Coitado do Bush”. É verdade, até eu tive pena do Bush, com os manifestantes a lançar palavras de puro ódio, e principalmente porque – isto já nem sequer pode ser considerado spoiler – o homem morre. Dão-lhe um tiro. Pumbas, e morre mesmo.
À saída do filme discutimos brevemente se era ou não anti-Bush. Eu disse que não.
Quando cheguei a casa achei que se calhar era. Já lá vou.
O curioso do filme é estar feito naquele estilo documental de facto –> testemunha –> facto. Fala a “escrevedora de discursos”, fala o segurança, fala o FBI, fala o veterano de guerra, a mãe dele, o manifestante, a mulher do suspeito. Tal e qual como nas produções que assisto na SIC Notícias. Não fosse um aviso no início do filme, eu duvidava. E depois são as imagens reais do Bush, é mesmo ele ali às voltas a fazer discursos e cumprimentar pessoas.
O segurança treme o queixo ao relembrar o tiro que mata o presidente. Seguem-se elogios à pessoa, ao seu espírito de liderança e sabedoria.
No entanto, não sei bem se é mesmo essa a mensagem que fica. Porque disso já estávamos à espera. Bom, também estávamos à espera que prendessem um muçulmano como suspeito. No entanto há momentos no filme em que também nós achamos que ele era culpado. Mas afinal não era. Mas continua preso, continua acusado.
Apesar de nessa altura o presidente já estar bem morto, é possível dizer que o filme é anti-Bush. Não porque prenderam o homem errado, mas porque manipularam a opinião pública tornando-o irreversivelmente culpado, quando ainda não havia certezas.
Porque – spoilers! – o verdadeiro assassino é um ex-veterano de guerra para quem todo o sentido da vida residia em defender o seu país, lutar por uma causa nobre e honesta. Esse mesmo veterano perde o filho no Iraque, e perde também o orgulho naquela missão. Não há armas de destruição massiva, o Iraque é um palco de chacina onde os americanos não são anjos, mas demónios. Digo que é anti-Bush porque rói as bases. O homem que deu a vida à pátria culpa Bush pela corrupção do país, não vê outra solução senão matá-lo e matar-se a si depois.
Contra isto não discurso comovente que resista.

3 comentários:

Fátima disse...

fiquei sem saber se vou gostar ou não, apesar de não ter resistido a ler os spoilers. bem, acho que vou ver!

Marina disse...

O cinema aqui custa SEIS EUROS CON CINQUENTA (deve serpra pagar ao industria das dobragens) por isso parece que tenho de esperar que o chico saque isso da net.
Se bem que ver os assessores do bush a falar em espanõl deve ter a sua graça.
Tambem fiquei sem perceber se ia gostar ou nao. De qulaquer forma esse formanto "pseudo-60-minutos" costumam irritar me

Francisco Maia disse...

obrigado pela quantidade enorme de spoilers lololol

agora já sei que ele morre mas que não foi o muçulmano