Tenho uma mania embirrante de querer votar em eleições que não me dizem respeito. Nos EUA já toda a gente sabe. Na Câmara de Lisboa, podia adivinhar-se. Dispensava as eleições em Cascais, onde tanto me faz e pouco se passa e trocava-as por um voto na capital. Isso sim.
No ano passado estava a estagiar na Renascença quando foram as intercalares. Gostava da Helena Roseta, decidi que votava nela (sim, eu decido estas coisas). Depois, quando ela perdeu e o BE se coligou com o executivo, mandaram-me ligar-lhe para obter uma reacção. Liguei duas vezes sem sucesso, Tocava, tocava e nada. Enquanto esperava, entre a segunda e a terceira tentativa que nunca chegou a acontecer, a senhora da recepção sobe à redacção e pergunta “Quem é que tentou ligar à Helena Roseta?”. “Eu. Porquê?”. Bom, ao que parece a senhora ligou para lá e berrou até cair, sobre o facto de não pararmos de insistir nos telefonemas. Agradeci aos céus não me ter atendido…
Meses passados voltei a simpatizar com ela. Agora que trabalho na Grande Lisboa (secção do jornal, leia-se) recebo muitas propostas interessantes dos Cidadãos por Lisboa e volto a achá-la competente. Hoje voltei a ligar-lhe. Quando me preparava para marcar o número tive um arrepio. “Aposto que ela me vai tratar mal”, disse à minha editora. Ela riu-se e disse “claro que não”. Claro que sim. Ela é mesmo antipática e repete expressões como “oiça, eu não sei….”, “oiça, você sabe que…”. Mesmo assim a coisa ia normal. Perguntei o que tinha a perguntar. E depois… achei que devia arriscar e questioná-la sobre uma candidatura à Câmara. Big mistake. Como calculei que não me responderia, e não quis ser mal-educada, decidi fazer uma graça e disse: “Vou-lhe perguntar uma coisa mas não sei se me vai querer responder. Mas vou tentar”. Usei o tom mais amigável possível. Esperava uma gargalhada, um “então vá lá”. Levei uma descompostura. “Isto não é um concurso onde dá tiros no escuro para ver se eu caio. Não gosto de ser tratada assim”. Oh não… ela voltou a maltratar-me. Por acaso até me respondeu, mas desliguei o telefone com um sabor amargo na boca.
Continuo a achar que a Helena Roseta é competente, mas agora ainda tenho mais medo dela.
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