Há uma data de coisas que não se percebem bem no mundo. Mas, pronto, essa também é a piada da coisa, não é?
Mas convenhamos, às vezes as circunstâncias apresentam-nos cada pessoa mais avariada, que eu desconfio do rumo da humanidade. É a isto que estamos entregues??
Recuando um pouco. Há uma altura em que achamos que os nossos pais são perfeitos, os mais fortes, os mais inteligentes e que estão sempre certos. Quando descobrimos que são pessoas normais, com podres, com falhas, com dúvidas, com falta de sensibilidade, o mundo é uma grande desilusão. Esse é geralmente o primeiro grande trambolhão da vida de uma pessoa mais ou menos normal.
A partir daí é sempre em frente. Há os amigos que perdem o juízo (ou nós é que o ganhamos), os colegas da faculdade que partilham a linha entre a genialidade e a loucura, os patrões com pinta surfer mas aparente falta de sentimentos e bom senso, os colegas de trabalho com humores tão instáveis que roçam casos clínicos. E no entanto foi um par de horas com um estranho que me fez temer pela sociedade. Porque aos outros doidos já estou eu habituada. Este assustou-me porque é uma pessoa real, com idade suficiente para se perceber que não vai mudar, com família, emprego, algum poder. Mandou bitates sobre meio mundo, falou dos jornais como se fossem batatas fritas, traçou-lhes uma estratégia de marketing de dar dores de cabeça. Falou, falou, falou. Deu sentenças. Quem são os melhores, os piores, os "potenciais". Conhece-os a todos, diz ele. É como se fosse o Big Brother. (delusional...). Disse tanta coisa que não tive capacidade de digerir tudo. Só mais tarde fui recordando. E tive pena de não lhe perguntar se ele nunca pensa na "bigger picture". Se no meio da estratégia das batatas fritas, nunca pensou que os jornais não se podem vender sem ética. Se nunca pensou que raio de país teríamos se todos pensassem como ele.
No dia seguinte recebi um mail dele. Era um elogio. Fiquei mal disposta.
1 comentário:
mas quem é esse personagem que fala com propriedade e sapiência sobre os jornais e jornalistas?
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