Tenho uma colega – que não faz ideia da existência deste blog – que é uma profunda descrente nas pessoas. Basicamente acha que os homens são todos uns cabrões que têm como principal objectivo levar as meninas para a cama. Mesmo não particularizando na espécie masculina, ela acha que as pessoas em geral estão destinadas a desiludir-nos. Que ninguém é altruísta ou verdadeiramente fiável. Que nunca se pode confiar totalmente em ninguém. Que o amor não existe.
Esta visão dela, que já tem mais uns seis ou sete anos que eu, entristece-me. Se eu pensasse assim andava por aí a morrer aos cantos. Ela diz que eu não penso assim porque tive a sorte de nunca ser desiludida. Não é verdade: já sofri a maior desilusão masculina que é possível – claro que ninguém sabe do que estou a falar, mas acreditem, é verdade. Mas não posso ser tão vulnerável que tombe ao primeiro sopro. Por natureza tenho um espírito crente, acredito na bondade das pessoas e das suas intenções. E sei procurar à minha volta por exemplos felizes.
Esses exemplos podem ser raros mas não deixam de ser valiosos. Contam-se pelos dedos de uma mão mas chegam-me para acreditar que é possível estar apaixonado e ser correspondido. Acredito de facto que é possível confiar cegamente numa pessoa e manter essa confiança por um extenso período de tempo. Se as coisas são para sempre, isso confesso que já não sei, que me confundo e recuo nessa parte. Mas não ao ponto de deixar de tentar, de deixar de arriscar.
Com isto não quero dizer que não acho que as pessoas certas são difíceis de encontrar. É uma tarefa estóica. Mas não conseguiria sobreviver se entre mim e os outros existisse uma barreira de desconfiança sarcástica. Não conseguiria partir do princípio que todos me querem enganar. Isso seria o fim.
2 comentários:
Tens toda a razão. O final feliz, aquele que nos faz suspirar no fim dos filmes, tem de existir. Eu, que pouco sei, tenho a certeza disso. O amor existe e encontrar aquele que nos completa, que nos faz feliz e apenas nos faz desejar por mais um dia igual ao que já passou, é um sonho possível. Basta acreditar.
Também acho que temos de acreditar um bocadinho. Ou então passamos a vida no quarto que nem uns bananas com medo de tudo
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