sexta-feira, 30 de julho de 2010

António Feio

Ainda não falou dessa parte, da vivência íntima do problema. Só falou dos sintomas e do modo como lida com ele.

Acho que tenho reagido bem. Não senti pena de mim. Nem raiva, que é uma coisa frequente - porquê eu? Mas, também, desde miúdo achava que as pessoas morriam aos 50. Achava que os meus pais, quando tivessem 50 anos, eram velhos e morriam! [riso] Ficou qualquer coisa disso. Eu já vivi bastante. Se tivesse um acidente de automóvel [bate na madeira], um AVC, um treco desses e já fui, não ia mal servido. Não tive uma vida má. Não tenho nenhum problema em morrer. [pausa] Não me apetece muito. Mas se me dissessem: "Vais morrer amanhã!", "Olha, paciência."

Entrevista ao Público, Junho 2009

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