terça-feira, 28 de setembro de 2010
Triste
Há duas semanas tocavam à porta, um a um. E às tantas quase não cabíamos na nossa sala minúscula. Não nos ouvíamos porque eramos tantos. E agora foram-se. Aos poucos vão-se até não ficar quase ninguém. E a vida fica chata, doméstica, dormente, repetitiva. Triste.
segunda-feira, 27 de setembro de 2010
domingo, 26 de setembro de 2010
sábado, 25 de setembro de 2010
quinta-feira, 23 de setembro de 2010
:)
É facto assente que com o tempo vão-se perdendo alguns amigos. As pessoas mudam, a distância faz mossa, arranjam-se amigos novos.
E com essa mudança ficam apenas alguns. Eu, aqui expatriada, tenho pensado nisso. Há pessoas de quem me considero amiga próxima e com quem nunca falo. Com outras (uma? duas? muito poucas) falo todas as semanas e sei, em termos gerais, o que se passa na vida delas. Isso é tão verdade que notei a diferença quando uma das minhas amigas foi de férias e deixei de saber dela por umas semanas. Isso aqui não é nada, há tantas pessoas com quem falo uma vez por mês.
Mas a sério, notei diferença. Notei o skype vazio, menos emails. E fiquei feliz. Muito feliz mesmo. Já lá vai muito tempo que não moro no mesmo país que a minha amiga, que não a vejo todos os dias, que não tenho aulas com ela ou tomo cafés ao fim de um dia de trabalho. A ausência dessas pequenas coisas faz muita mossa numa amizade, em qualquer tipo de relação. Mas a verdade é que certas amizades arranjam formas de sobrevivência, arranjam tempo, arranjam até, vejam só, dinheiro onde ele não existe.
E isto dá-me esperança.
Um grande beijinho para os meus amigos e família
Tenho muitas saudades vossas.
E com essa mudança ficam apenas alguns. Eu, aqui expatriada, tenho pensado nisso. Há pessoas de quem me considero amiga próxima e com quem nunca falo. Com outras (uma? duas? muito poucas) falo todas as semanas e sei, em termos gerais, o que se passa na vida delas. Isso é tão verdade que notei a diferença quando uma das minhas amigas foi de férias e deixei de saber dela por umas semanas. Isso aqui não é nada, há tantas pessoas com quem falo uma vez por mês.
Mas a sério, notei diferença. Notei o skype vazio, menos emails. E fiquei feliz. Muito feliz mesmo. Já lá vai muito tempo que não moro no mesmo país que a minha amiga, que não a vejo todos os dias, que não tenho aulas com ela ou tomo cafés ao fim de um dia de trabalho. A ausência dessas pequenas coisas faz muita mossa numa amizade, em qualquer tipo de relação. Mas a verdade é que certas amizades arranjam formas de sobrevivência, arranjam tempo, arranjam até, vejam só, dinheiro onde ele não existe.
E isto dá-me esperança.
Um grande beijinho para os meus amigos e família
Tenho muitas saudades vossas.
quarta-feira, 22 de setembro de 2010
Londrinos
Imensas pessoas, em Portugal, me disseram que os Londrinos são arrogantes e antipáticos. Eu, como vim para Gales, nunca tive grande oportunidade de confirmar. Aqui a simpatia é acima do normal, isso garanto.
Desde que estou no Reino Unido fui três vezes a Londres, por períodos muito, muito curtos, sempre de dois dias. Da primeira não tirei qualquer conclusão, não precisei de indicações e falei só português.
Da segunda vez fui por motivos diferentes. Fui a uma conferência, falei com pessoas, fiquei em casa de uma Londrina. Pior, perdi-me, com amigos, à noite. Nós, cada um com o seu sotaque, de mapa na mão. Encontrámos um senhor que só faltou comprar-nos um computador. Sacou do seu iPhone, procurou a rua, levou-nos a meio caminho, percebeu que tinhamos trocado o nome, ajudou-nos a encontrar a morada correcta. Tivemos com ele uns bons 20 minutos.
Claro que isto não quer dizer nada. Mas recentemente voltei a Londres e precisei de ajuda novamente. E a mesma coisa aconteceu. Quase idêntica. Na verdade o rapaz que nos ajudava levou-nos a meio caminho, deixando a sua bicicleta sem cadeado. E nós só dizíamos "deixe estar, olhe a bicicleta, nós percebemos onde é, não se preocupe". E ele nada.
Se calhar os Londrinos são antipáticos e arrogantes, mas por enquanto não tenho razões de queixa. Aguardem updates.
Desde que estou no Reino Unido fui três vezes a Londres, por períodos muito, muito curtos, sempre de dois dias. Da primeira não tirei qualquer conclusão, não precisei de indicações e falei só português.
Da segunda vez fui por motivos diferentes. Fui a uma conferência, falei com pessoas, fiquei em casa de uma Londrina. Pior, perdi-me, com amigos, à noite. Nós, cada um com o seu sotaque, de mapa na mão. Encontrámos um senhor que só faltou comprar-nos um computador. Sacou do seu iPhone, procurou a rua, levou-nos a meio caminho, percebeu que tinhamos trocado o nome, ajudou-nos a encontrar a morada correcta. Tivemos com ele uns bons 20 minutos.
Claro que isto não quer dizer nada. Mas recentemente voltei a Londres e precisei de ajuda novamente. E a mesma coisa aconteceu. Quase idêntica. Na verdade o rapaz que nos ajudava levou-nos a meio caminho, deixando a sua bicicleta sem cadeado. E nós só dizíamos "deixe estar, olhe a bicicleta, nós percebemos onde é, não se preocupe". E ele nada.
Se calhar os Londrinos são antipáticos e arrogantes, mas por enquanto não tenho razões de queixa. Aguardem updates.
Mundo para dois
No outro dia lia este post e concluía que tenho a mesma sensação, apesar de não estar ainda perto dos 30.
"Parece que, de repente, todos se amam, todos já querem filhos, todos já querem namorar, todos já querem compromissos, todos já querem dar passos em conjunto."
Reparo, realmente, que toda a gente está apaixonada ou pelo menos a formar casalinho. E agora há qualquer coisa de diferente; há um "para sempre" implícito que não havia nos namoros de há uns anos. Toda a gente (sim, toda a gente) que conheço que está numa relação está à séria, está a ver-se a morar com essa pessoa, conhece os pais, faz programas em família e isso tudo. Estão a juntar os trapinhos, mesmo que ainda não oficialmente.
Se por um lado estou feliz pelo estado de graça dos meus amigos, não deixo de me desiludir. Afinal, caraças, tenho 24 anos. E eles por aí andam. E às tantas já só fazem coisas a dois e falam sempre em "nós".
Somos tão modernos mas não escapamos a isto. Com a maioridade vem o emprego, responsabilidade. E vem esta noção de que devemos arrumar-nos em casais pois é assim que seremos felizes. Não digo que isto é mentira. Também não digo que é verdade. Eu sou uma romântica da pior espécie e acredito em amor para sempre e tudo mais. Mas estranho ver como estão todos "a assentar" quando eu ainda tenho a cabeça nas nuvens.
"Parece que, de repente, todos se amam, todos já querem filhos, todos já querem namorar, todos já querem compromissos, todos já querem dar passos em conjunto."
Reparo, realmente, que toda a gente está apaixonada ou pelo menos a formar casalinho. E agora há qualquer coisa de diferente; há um "para sempre" implícito que não havia nos namoros de há uns anos. Toda a gente (sim, toda a gente) que conheço que está numa relação está à séria, está a ver-se a morar com essa pessoa, conhece os pais, faz programas em família e isso tudo. Estão a juntar os trapinhos, mesmo que ainda não oficialmente.
Se por um lado estou feliz pelo estado de graça dos meus amigos, não deixo de me desiludir. Afinal, caraças, tenho 24 anos. E eles por aí andam. E às tantas já só fazem coisas a dois e falam sempre em "nós".
Somos tão modernos mas não escapamos a isto. Com a maioridade vem o emprego, responsabilidade. E vem esta noção de que devemos arrumar-nos em casais pois é assim que seremos felizes. Não digo que isto é mentira. Também não digo que é verdade. Eu sou uma romântica da pior espécie e acredito em amor para sempre e tudo mais. Mas estranho ver como estão todos "a assentar" quando eu ainda tenho a cabeça nas nuvens.
Ainda me custa a acreditar que o Público tenha deixado ir o António Granado. Espero que entendam que, de facto, o tempo não volta para trás.
domingo, 19 de setembro de 2010
sexta-feira, 17 de setembro de 2010
Curioso
Não existe palavra inglesa para "cunha".
O mais parecido é "nepotism", que consiste na passagem de poder de pais para filhos.
O mais parecido é "nepotism", que consiste na passagem de poder de pais para filhos.
Um ano
Faz um ano que aterrei na ilha. Um ano, como voou. Um ano desde que disse adeus, fiz festas e jantares, promessas, larguei algumas lágrimas. Fiz malas e malas. Misturei medo, ansiedade com muito, muito entusiasmo.
Nem acredito que já fez um ano a minha vida de estrangeira. Que me sentei naquele auditório sem conhecer uma alma sequer. Tudo novo, as ruas, o quarto, a cozinha partilhada. Um ano desde que passei a dizer "Where are you from?" em vez de "Tudo bem?", como frase de apresentação. Um ano desde que ensinei dezenas de pessoas a pronunciar o meu nome correctamente.
Não é justo que o tempo nos trate assim. O tempo, não se deixem enganar, não passa sempre ao mesmo ritmo. Este ano tramou-me. Correu. E enquanto eu aprendia sobre a África do Sul, a Índia e a China, enquanto debatiamos fontes e ética, o tempo fez maratona. Tenho a certeza que fez batota porque ainda ontem comia o meu primeiro caril caseiro e agora já o faço em casa de olhos fechados.
Agora, vejam a crueldade, o meu cartão de estudante está prestes a expirar! Já não posso usar as impressoras e os computadores, já não saberei os códigos das portas. Agora vêem outros. Os novos membros desta Nações Unidas que eu amo profundamente.
Fez um ano em que eu vi a luz: as pessoas são pessoas, independentemente de onde vêm. Todas as diferenças culturais são menores face a a esse facto. São pessoas, indivíduos, e quando as metemos numa caixa, de nacionalidade, etnia, religião, etc, estamos a cometer um erro crasso.
Um ano. Deve ser mentira, o calendário só pode estar enganado. Um ano disto. Um ano de aperfeiçoamento falhado do sotaque. Um ano. Um ano. Um ano...
Nem acredito que já fez um ano a minha vida de estrangeira. Que me sentei naquele auditório sem conhecer uma alma sequer. Tudo novo, as ruas, o quarto, a cozinha partilhada. Um ano desde que passei a dizer "Where are you from?" em vez de "Tudo bem?", como frase de apresentação. Um ano desde que ensinei dezenas de pessoas a pronunciar o meu nome correctamente.
Não é justo que o tempo nos trate assim. O tempo, não se deixem enganar, não passa sempre ao mesmo ritmo. Este ano tramou-me. Correu. E enquanto eu aprendia sobre a África do Sul, a Índia e a China, enquanto debatiamos fontes e ética, o tempo fez maratona. Tenho a certeza que fez batota porque ainda ontem comia o meu primeiro caril caseiro e agora já o faço em casa de olhos fechados.
Agora, vejam a crueldade, o meu cartão de estudante está prestes a expirar! Já não posso usar as impressoras e os computadores, já não saberei os códigos das portas. Agora vêem outros. Os novos membros desta Nações Unidas que eu amo profundamente.
Fez um ano em que eu vi a luz: as pessoas são pessoas, independentemente de onde vêm. Todas as diferenças culturais são menores face a a esse facto. São pessoas, indivíduos, e quando as metemos numa caixa, de nacionalidade, etnia, religião, etc, estamos a cometer um erro crasso.
Um ano. Deve ser mentira, o calendário só pode estar enganado. Um ano disto. Um ano de aperfeiçoamento falhado do sotaque. Um ano. Um ano. Um ano...
quinta-feira, 16 de setembro de 2010
Papa
O Papa chega hoje ao Reino Unido, rodeado de polémica. Os media não falam de outra coisa: 77% das pessoas acha que o Estado não deveria pagar pela visita e 63% dizem-se completamente indiferentes à sua vinda. Os casos de pedofília são apontados como principal fonte de descontentamento.
É importante referir que o Reino Unido é uma nação maioritariamente protestante, e portanto não têm a mesma reverência ao Papa que os países católicos (no entanto cerca de 20% ou 30% da população é católica). Ainda assim, não deixo de observar como a opinião pública aqui é activa a forte. Sensível.
No espaço deste ano alguns eventos políticos causaram escândalo entre os cidadãos, obrigando à tomada de medidas. Quando se descobriu, por exemplo, que os deputados declaravam despesas a mais, recebendo subsídios que não lhes eram devidos, a reacção das pessoas, de total choque, obrigou a uma investigação formal que durou meses e obrigou os deputados a devolver cada cêntimo. Os escândalos têm consequências políticas porque o público é sensível a eles. Imediatamente aponta o dedo, faz barulho.
O mesmo se passa agora com o Papa. São inúmeros os programas de TV, as crónicas, os artigos, que falam dos casos de pedofília. Sabia o Papa deles? O que fez para os travar? Que atitude teve perante o seu conhecimento? Devemos mesmo pagar 12 milhões de libras para receber este homem com toda a pompa? A resposta é unanime: Não. Ainda assim o Estado, por óbvias razões políticas, seguiu em frente. Não duvido que essa atitude lhes vá custar votos.
E ao ler tudo isto, opinião trás de opinião, lembro-me da visita do Papa a Portugal. Lembro-me de estar de boca aberta em frente ao computador, a ver aquele mar de gente excitada, comovida, a aplaudir. Da total reverência ao Papa mais reaccionário até à data.
Não consigo evitar pensar que Portugal tem falta deste sentido cívico. Portugal não se indigna com nada. É um torpor. E isso é uma pena.
É importante referir que o Reino Unido é uma nação maioritariamente protestante, e portanto não têm a mesma reverência ao Papa que os países católicos (no entanto cerca de 20% ou 30% da população é católica). Ainda assim, não deixo de observar como a opinião pública aqui é activa a forte. Sensível.
No espaço deste ano alguns eventos políticos causaram escândalo entre os cidadãos, obrigando à tomada de medidas. Quando se descobriu, por exemplo, que os deputados declaravam despesas a mais, recebendo subsídios que não lhes eram devidos, a reacção das pessoas, de total choque, obrigou a uma investigação formal que durou meses e obrigou os deputados a devolver cada cêntimo. Os escândalos têm consequências políticas porque o público é sensível a eles. Imediatamente aponta o dedo, faz barulho.
O mesmo se passa agora com o Papa. São inúmeros os programas de TV, as crónicas, os artigos, que falam dos casos de pedofília. Sabia o Papa deles? O que fez para os travar? Que atitude teve perante o seu conhecimento? Devemos mesmo pagar 12 milhões de libras para receber este homem com toda a pompa? A resposta é unanime: Não. Ainda assim o Estado, por óbvias razões políticas, seguiu em frente. Não duvido que essa atitude lhes vá custar votos.
E ao ler tudo isto, opinião trás de opinião, lembro-me da visita do Papa a Portugal. Lembro-me de estar de boca aberta em frente ao computador, a ver aquele mar de gente excitada, comovida, a aplaudir. Da total reverência ao Papa mais reaccionário até à data.
Não consigo evitar pensar que Portugal tem falta deste sentido cívico. Portugal não se indigna com nada. É um torpor. E isso é uma pena.
Filme
Quando caminho pela rua de phones nos ouvidos vejo o mundo como um filme. As ruas pouco perfeitas, o lixo nos cantos, os carros que passam. Constato que o coração acelera quando os pés pisam algumas pedras. O coração é um ginasta profissional, estica e encolhe, alonga e dobra-se que nem roupa num simples passeio citadino. E eu vejo, tão claramente, como somos personagens, como fazemos parte desta produção barata de filme para adolescentes. Filme que nos consola após um dia de trabalho. Filme onde rimos, bebemos, cozinhamos, discutimos, fazemos as pazes. Filme com histórias de amor e de escândalo e de segredo. Filme com amigos-família, filme cheio, cheio de adeus, de despedidas terríveis, de incerteza. Filme de suspanse, em que cada dia é um dia e o seguinte um mistério. Filme de bolha de sabão, onde vamos de um sítio para outro, mas sempre os mesmos sítios. Filme depressivo e filme de alegria extrema. Filme de extremos. Filme de limbo.
domingo, 12 de setembro de 2010
quarta-feira, 8 de setembro de 2010
O urso
Não urso de idiota. Urso de grande, de ameaçador, de altivo.
E eu, que pequena e frágil encosto a cara à sua pata gigante de garras afiadas. Encosto a cara num gesto carinhoso, uma festa, um beijo. Qual cachorinho brincalhão que não entende o perigo. E abraço o urso grande e desajeitado. Ele olha-me desarmado e eu rio-me desta sua condição. De ser de ferro, de cara fechada, de seriedade feroz. E de ser de mel, de cara corada, de sorriso com covinhas.
Saudades.
E eu, que pequena e frágil encosto a cara à sua pata gigante de garras afiadas. Encosto a cara num gesto carinhoso, uma festa, um beijo. Qual cachorinho brincalhão que não entende o perigo. E abraço o urso grande e desajeitado. Ele olha-me desarmado e eu rio-me desta sua condição. De ser de ferro, de cara fechada, de seriedade feroz. E de ser de mel, de cara corada, de sorriso com covinhas.
Saudades.
quarta-feira, 1 de setembro de 2010
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