Faz um ano que aterrei na ilha. Um ano, como voou. Um ano desde que disse adeus, fiz festas e jantares, promessas, larguei algumas lágrimas. Fiz malas e malas. Misturei medo, ansiedade com muito, muito entusiasmo.
Nem acredito que já fez um ano a minha vida de estrangeira. Que me sentei naquele auditório sem conhecer uma alma sequer. Tudo novo, as ruas, o quarto, a cozinha partilhada. Um ano desde que passei a dizer "Where are you from?" em vez de "Tudo bem?", como frase de apresentação. Um ano desde que ensinei dezenas de pessoas a pronunciar o meu nome correctamente.
Não é justo que o tempo nos trate assim. O tempo, não se deixem enganar, não passa sempre ao mesmo ritmo. Este ano tramou-me. Correu. E enquanto eu aprendia sobre a África do Sul, a Índia e a China, enquanto debatiamos fontes e ética, o tempo fez maratona. Tenho a certeza que fez batota porque ainda ontem comia o meu primeiro caril caseiro e agora já o faço em casa de olhos fechados.
Agora, vejam a crueldade, o meu cartão de estudante está prestes a expirar! Já não posso usar as impressoras e os computadores, já não saberei os códigos das portas. Agora vêem outros. Os novos membros desta Nações Unidas que eu amo profundamente.
Fez um ano em que eu vi a luz: as pessoas são pessoas, independentemente de onde vêm. Todas as diferenças culturais são menores face a a esse facto. São pessoas, indivíduos, e quando as metemos numa caixa, de nacionalidade, etnia, religião, etc, estamos a cometer um erro crasso.
Um ano. Deve ser mentira, o calendário só pode estar enganado. Um ano disto. Um ano de aperfeiçoamento falhado do sotaque. Um ano. Um ano. Um ano...
1 comentário:
Oh... tenho saudades tuas!
vê se ficas por aí mais tempo para eu te ir ver =)
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