Se há coisa que atormenta o bom empregado de mesa é a gorjeta. Muito mais que uma questão financeira, a gorjeta é a recompensa pelo bom serviço. E às vezes eu juro que não percebo que raio fiz mal.
Antes de começar a trabalhar no restaurante, já a minha amiga se queixava. Eu dizia-lhe sempre o mesmo: às vezes as pessoas não deixam gorjeta porque não acreditam nisso, independentemente do serviço. Ou não têm dinheiro, como os estudantes. Ou estão mal dispostos, sei lá.
Mas quando me calhou a mim foi outra história. A coisa boa de se trabalhar num restaurante é que, ao contrário de um hotel, tem-se oportunidade de fazer conversa, de fazer pequenos mimos, por vezes de travar até uma pequena amizade com o cliente. E eu gosto muito de fazer isso - tirando, claro, quando estamos na chamada "hora do lodo", que é quando a casa está a abarrotar, já não há talheres e copos lavados e eu já não sei quem já comeu as entradas ou os pratos principais.
Uma pessoa sente quando os clientes estão satisfeitas, quando fazem uma piadinha, quando perguntam coisas sobre nós, quando agradecem muito, sorriem muito. Mas depois, nada de gorjeta! Mas e então? Mas o que é que eu fiz errado? Mãe, porque não gostas de mim? É todo um processo de rejeição emocional.
Emocional ou financeira, não sei qual das duas escolher. Acho que devíamos pôr uma nota nas mesas a dizer: "Tenho que dividir a sua gorjeta com quatro pessoas. E já viu bem que lhe trouxe pão extra e ofereci um chá "on the house". Pense nisso quando decidir que hoje é forreta!"
3 comentários:
Eu darei gorjeta no dia em que me derem dinheiro extra por fazer bem o meu trabalho = escrever uma boa noticia.
Pois, eu tenho de concordar com a Marina. Há um diálogo genial sobre isto no Reservoir Dogs, nos primeiros 10 minutos
suas forretas!!!
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