sexta-feira, 2 de maio de 2008

É banha da cobra?

Já discuti o assunto vezes sem conta, com pessoas "pró" e com pessoas "contra". Já levei com olhares paternalistas e às vezes até duvido das minhas funcionalidades cerebrais. Mas como todos temos ídolos (e eu tenho uma mão cheia deles), aqui vai um excerto da crónica de hoje do Paulo Moura, coisa que eu copiaria (se isso não fosse proibido) para uma carta de motivação do género "porque é que quer jornalista" (entre outras explicações, claro está).

"(...)Não tenho nada contra agências de Relações Públicas e Comunicação. Se se tratar de gente honesta (...), fazem um trabalho legítimo e útil. Muitas vezes têm acesso a informação de que o jornalista precisa, e a que não tem acesso. Os jornalistas não podem, nem devem, andar a fugir das agências de comunicação. Mas é sensato terem medo delas. Tudo o que nos dizem é motivado por algum interesse e nem sempre conseguimos saber qual. As suas artes não estão sob o nosso controlo, nem têm de estar. Não há portanto outra solução senão colaborar, mantendo embora um receio metódico.
Isso não impede os jornalistas de serem corajosos e íntegros. Têm de o ser, por uma razão simples: é isso que os define. O jornalista é o único comunicador desinteressado. Aquilo que escreve ou diz não obedece ao interesse de ninguém, excepto de quem lê ou ouve. Qualquer outra informação é interessada. Esta situação confere ao jornalista uma credibilidade específica e, por isso, torna-o alvo de todas as tentativas de pressão, ou de influência.
Um jornalista cobarde ou corrupto já não é um jornalista. E já não serve para nada. Nem para uma agência de Relações Públicas. Mas igualmente inúteis são os valentões. Numa guerra, não duram muito. Nos lugares realmente perigosos, os verdadeiros duros são homens cautelosos, que levam a sério o próprio medo."

Paulo Moura, in Público

3 comentários:

Enolough disse...

"Os jornalistas não podem, nem devem, andar a fugir das agências de comunicação. Mas é sensato terem medo delas. Tudo o que nos dizem é motivado por algum interesse e nem sempre conseguimos saber qual."

Assino isto. E estou com os jornalistas. O pior é quando até o cidadão tem de ter um medo metódico destes segundos. Se isto acontecer (e sabemos que acontece) temos uma democracia rota.

Muitas vezes vem tudo embrulhado no mesmo pacote, desde o jornal que apresenta publicidade misturada com notícias a ponto de não se perceber onde começa uma e acaba a outra; ou a revista que se dedica a vender caras, lugares, produtos e estabelecimentos com o nobre propósito de nos informar das escolhas disponíveis; ou o jornalista que recebeu o texto e assim o publicou, sem confirmar, duvidar, etc.

Felizmente vamos tendo jornalistas-guardiões em Portugal. Hás-de ser uma dessas que eu bem vejo, aprendiz de feiticeira :)

mchiavegatto disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
mchiavegatto disse...

ui ui ui!!!!! Nem imaginas como o paulo moura desceu na minha consideração com este artigo. Podias ter copiado qualquer um menos esse. uiiiiii fiquei mesmo desiludida... temos de falar sobre isso ele e o cunha vaz... uiiiiii houve a,i qualquer coisa.. deve lhe ter caido o mundo jornalistico em cima.