quinta-feira, 16 de julho de 2009

O fim dos jornais

Talvez tenha nascido na década errada ou tenha um coração fraco. Não entendo as empresas nem os leitores. Revolta-me ver os bons projectos, os que se desdobram, reinventam, inovam, criam novos e diversificados conteúdos não sobreviver.
Não sei exactamente o que é uma sociedade sem jornais. E não entendo que as pessoas a concebam. A rádio e a televisão têm coisas maravilhosas, mas imediatez não lhes permite a reflexão. Essa que é feita pelos jornais. Alguns, pelo menos.
As coisas que eu aprendi em jornais e revistas são incontáveis. São mais do que as que aprendi na faculdade, de certeza. Sobre outros países e pessoas, sobre como funciona a economia, sobre ciência, sobre música, sobre teatro, sobre as lutas das diferentes classes. Sobre política e ambiente. O bom jornal não noticia apenas, explica. Vai mais além, explora. Descobre. Há pouco tempo numa acesa discussão sobre música, disse a um amigo que o assunto não mexia comigo, que cada um tem a sua "cena". Esta é a minha cena. Hoje soube que "o meu jornal", o que me acompanha no café, no comboio, no sofá, pode estar prestes a dar o último suspiro. É um jornal longe da perfeição, mas não há dúvida que é o melhor que temos. A sociedade ficará profundamente mais pobre se essa perda se sentir. E eu sinto o coração inchar de indignação e revolta porque isto não pode acontecer. É errado. Para mim, é mesmo trágico.
Se esta for a tendência do mundo, talvez tenha ingressado numa profissão extinta. Talvez morra na praia, como se diz. Mas vou contar um segredo: eu tenho uma teoria optimista. Os jornais vão bater fundo. Mais fundo ainda. A internet vai crescer até já não a suportarmos com toda a sua poluição. E depois... depois os jornais, como os vinis, vão voltar a ser cool. Vão ser vintage. Vão voltar às mesas dos cafés.
Só espero que até lá me mantenha à tona de água. Eu e todos os poucos projectos que impedem que nos sofuquemos em desinformação miserável.

2 comentários:

Sandra disse...

I, desculpa a sinceridade, mas não vejo essa possibilidade.
Os jornais morreram é um facto!
Não dá para pagar mais de 1 euro para ler as noticias do dia anterior! Como vês, nem os gratuitos as pessoas já querem, qq dia para a pessoa pegar no jornal gratuito dos moços que a entregam, este vai ter de vir com moedinha, e de 1 centimo n chega, n compensa o trabalho de o apanhar... desculpa a sinceridade, eu n tenho dinheiro para comprar um jornal por dia, ou mesmo tendo, em termos de custo-oportunidade parece-me um absurdo pagar por um monte de folhas q "folheio" em poucos minutos.
Inevitavelmente a Internet vai tomar as redes do jogo, já está a tomar!
Agora acho q não tens de ver isso como algo mau! Tens de te adpatar, ao mesmo q acaba com os jornais, cria uma imensidão infinita de outras possibilidades!
E pensa nas árvores coitadinhas!
Sabes quando era miúda queria ser professora, e um dia um prof disse q dali a uns anos já n iamos de livros para a escolha - algo q estará prestes a acontecer - na altura fikei chocadissima, pensei q seria da escola sem o cheiro dos livros, as folhas cheias de imagens e letras, os sublkinhados a cores, os post-its cheios de coisas, as notas em todo o lado!
Mas tem coisas tão positivas, temos de admitir! Eu ia tortinha pa escola, tal era a quantidade de livros, hoje pderia ser só uma pen...
Temos de nos adpatar é o q te digo, e tentar pôr as coisas q mais gostamos no contexto das coisas q agora aparecem! Não podemos párar o mundo!
Tudo se multiplica a cada segundo!
Tens noção que foram escritos mais artigos cientificos desde 2000 ate agora, do q me toda a anterior historia da humanidade?
Um grão de arroz + 1 sao 2, 2+2=4... mas qd chega a um biliao + um biliao? tudo se multiplica muito mais rapido! è o q esta acontecer!
Acho q qd chegar aos 80 anos, vou olhar pa o momento actual e rir rir, tal estúpidez qme vai parecer por exemplo a Internet!
O mundo não pára.

Fátima disse...

=') eu também acho que os jornais vão ser vintage. tal como os livros. adoro um bom livro de lombada estragada...