Cansei de pessoas perfeitas. Irritam-me. Fazem-me querer gritar, esbracejar,
esbofetear. Elas com aquele
arzinho superior, que nunca partiram um prato. Pior, as que dizem "eu já vivi, já fiz muitas asneiras e agora sei viver". Tudo mentiras! As asneiras que fizeram foi responder torto a um professor uma vez. Idiotas. Convencidos. Arrogantes.
Não bebem um copo a mais, não se metem numa relação incerta, não fazem figuras tristes. Não dizem
disparates. Acham que as raparigas devem usar cabelo comprido e vestir saias. Acham que homem que é homem não dorme em lençóis cor de rosa. Olham de lado quando as raparigas andam pela rua de sapatos na mão.
Odeio-os, os senhores
perfeitozinhos. Mordo a língua até fazer sangue quando falam. São sempre católicos e respeitáveis. NUNCA cometem excessos. Fazem sempre os trabalhos a tempo e horas. São sempre saudáveis. Atiram sempre a primeira pedra. Falam sempre dos outros com aquele ar "ai porque estavam
bêbedos naquela noite, ai porque estava aos beijos com aquela
miúda". Anormais. O estado perfeito é o casamento e sempre, sempre, "quero ser como os meus pais" seguido de um majestoso "os meus pais são os meus melhores amigos". Mais um
olharzinho de "se não sentes isto é porque
asneiraste na vida, seu
loser".
Filhos da
puta. Não fossem as suas vidas perfeitas que quase receio estragar, dava-lhes um pontapé para
caírem de cara na vida. Que ficassem bem
enlameados. Para perceberem que o mundo não são só pinturas na parede, que a arte não é só
Vermeer, também é Picasso, também são
graffittis, também são letras de música desconexa. Que o mundo existe à volta dessa linha que cozeram no chão. Seus tristes.
Vocês e as vossas vidas perfeitas.