Eu tento controlá-lo, o texto. Mas é como dizem os escritores: as personagens ganham vida própria.
Não escrevo romances nem ficção, mas no que toca a reportagens, a regra também se aplica.
Quando o tema é complexo e difícil, eu faço listas. As fontes que tenho, vivas e em documentos. Depois os temas que quero abordar. Depois tudo junto numa nova lista de passo-a-passo. Abro com esta citação, avanço para o caso, meto esta fonte, aquele relatório, visão ampla, novo exemplo, novo tópico. Smooth. Na lista, claro.
E depois começo a escrever. Os primeiros pontos correm sempre bem - as minhas listas têm razão de ser. Mas depois aquela fonte disse isto e torna-se impossível que a seguir a essa frase não venha aquela outra. Tem de vir. E a coisa flui sem parar.
Quando encravo olho para a lista e percebo que lhe troquei a ordem. E agora não faz sentido. Os vários passos que levaram a uma conclusão estão todos trocados.
Reformulo a lista, tento domar o texto. Esse texto vivo, cheio de vozes, de pessoas, de experiências. De intenções - sempre as melhores, claro.
Vai ser uma longa noite.
Sem comentários:
Enviar um comentário