Gosto de mudar mas detesto mudanças. Arrumar tudo em malas e caixas. No início começa tudo organizado, depois começo a sentar-me em cima da mala, a forçar o fecho, a pôr roupa junto de cadernos e shampôs, uma misturada. É como na vida: os planos fazem sentido, a práctica é um caos.
Tenho um amigo que tem pastas com etiquetas que dizem "por fazer". Nunca vi ninguém assim. Acho-o insuportável, a vida toda em pastas e etiquetas. Mas vá, se calhar é melhor que o meu método: o não método.
Daqui a uns dias vou mudar-me e não tenho malas suficientes para guardar tudo. Uns dias depois volto a arrumar mala de viagem. Suspiro. Malas e arrumações sabem-me a ponto de viragem, a corte, a decisão.
Estou com saudades de Portugal, das esplanadas que amo de paixão, do Bairro Alto, dos pastéis de Belém, do café. Da praia de S. Pedro, dos caracóis, do cabelo salgado a secar nas costas. Do comboio (que está mais caro!), do Sushimoto, das avencas, da vista do Adamastor, do ponto de encontro no Camões. Dos Santos Populares agri-doce, de tocar no manjerico para lhe sentir o aroma. Das minhas pessoas.
Tenho saudades de Portugal, sim. Mas também tenho medo.
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