sexta-feira, 24 de abril de 2009

A Maternidade

O tempo tem passado depressa demais. A lista de coisas para fazer é imensa, os anos, tenho a sensação que não são assim tantos.
As pessoas decidiram todas que ter filhos é essencial. A minha mãe fala dos meus filhos por nascer. As pessoas dizem "quando tiveres filhos vais perceber". É tudo muito estranho e muito irreal. Não é que tenha algo contra a ideia, acho mesmo que um dia gostaria de os ter. Mas esse dia é outra vida. É inimaginável, é como dizer que um dia gostava mesmo de ir ao Japão. E gostava, mas não planeio, não sei quano vou nem sequer tenho a certeza que irei. E não gosto que as pessoas tomem isso por certo.
Tudo isto sempre foi pacífico para mim, até ao momento em que a maternidade passou a ser uma realidade observável. Não da senhora do café ou de um familar distante, mas de pessoas que conheço e trato como iguais. Como se fossem eu.
Nunca convivi com crianças nem as tenho na família. Mas não sei bem como sou leitora assídua de um blog que muito fala sobre a maternidade. Claro que são mais histórias divertidas, putos que são umas pestes e isso. Mas agora a autora está grávida. E fala disso, da barriga, do bebé, dos pontapés. E à minha volta toda a gente pega algum ao colo, fala das doenças, mostra fotografias, conta-lhes as birras. Pessoas como eu.
E aí uma pessoa percebe: é suposto termos x de anos para passear, experimentar, conhecer locais e pessoas, não ter amarras e horários, e depois paramos e temos filhos. Com uma pequena margem temporal, temos que o fazer. Se não o fizermos não somos exactamente normais. Somos solitários e essas coisas. Somos inacabados.
Tenho a sensação de que devia arranjar um calendário para marcar objectivos definidos, ano após ano. Para quando chegar a altura já estar "livre" de sonhos e vontades e poder dedicar-me a outra pessoa pequenina. No entanto, não consigo deixar de pensar: e se chegar essa altura e eu ainda não quiser ir ao Japão?

3 comentários:

Enolough disse...

Essa coisa do parar para ter filhos e ficar normal é muito estranha. E se as pessoas não quiserem filhos? Ficam "anormais" para sempre? E se o planeta não quiser que tenhamos filhos? (tipo a ilha do Lost)

Francisco Maia disse...

CLARO! És um génio! é essa a razão da doença!!!! SE o objectivo da ilha é o que sabemos, faz todo o sentido que não queira que eles tenham filhos! genial!

Fátima disse...

Eu penso que também não é preciso parar...existem os avós para deixar os filhos nas noites em que quisermos ir ao bairro com 30 anos =D