Sábado estive no espaço evoé e amaldiçoei mais uma vez a minha ausência de talento artístico. Não foi pelo espectáculo - desde sempre que cada vez que entro numa sala de teatro sou invadida por um fascínio desmesurado - mas pelas pessoas. O espaço evoé é feito maioritariamente por estudantes de teatro. Também os há de cinema, de artes plásticas ou fotografia, música, há os que já não são estudantes e os que já têm cabelos brancos.
Olho para eles e as suas roupas hippies, para a forma como falam, como se riem e como se abraçam ao chegar, a forma como batem palmas e como se portam em palco... Olho para isso tudo e adoro. E sinto-me um bicho cinzento. Gostava de morar nas ruelas lisboetas, vestir roupa larga e colorida, só para pertencer a esse grupo que transpira arte por todos os poros.
Quando a maratona de pequenas peças acabou saí para a porta e fiquei a olhar lá para dentro. À luz da noite da cidade, o interior daquele pequeno espaço (quase uma garagem dos palcos) brilhava de vida. A música tinha subido um pouco o tom e os jovens actores invadiam o palco a pares, dançavam e riam. Cá fora giravam copos de sangria e balanços do espectáculo. Davam-se parabéns e abraços.
É engraçado ver como no mundo existem pequenas tribos em que a vida nos inscreve. Sábado a noite estava quente e eu despedi-me daquela tribo que nunca seria a minha, apesar de eu gostar de sonhar com isso.
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