quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Avaliações

Hoje li uma crónica que me fez cerrar os punhos. Respirei fundo e continuei a folhear as páginas do jornal, mas às tantas foi mais forte do que eu e voltei atrás. A crónica é gira e divertida, um tanto irónica, e fala das avaliações de que somos alvo ao longo da vida.
Não pude deixar de ficar a pensar nisso... As notas da escola que tirei mais para os pais do que para mim, a média do secundário, a média da faculdade. O nosso valor somado, dividido e multiplicado, publicado em tabelas sem espaço para poesia. Durante muito tempo somos números, não somos exactamente o que aprendemos. É isso que os pais exibem orgulhosos, valemos números e nomes de cursos pomposos.
Agora que saí para o mundo real, a avaliação é diferente, é mais precisa e contundente, mas ao mesmo tempo mais ambígua. Já não serve ser bom, é preciso ser o melhor. Porque só o melhor consegue os lugares bons, os que valem a pena. Só que agora há várias escalas, há vários conceitos de bom, há várias lupas para o mesmo papel. Mesmo assim, acreditamos cá dentro que fomos feitos para vencer. Acreditamos porque não vemos o que fazemos como um simples ganha-pão. Acreditamos que devemos procurar a excelência.
Mas acreditar só não chega. É preciso senti-lo em todos os pontinhos do corpo. Porque haverá sempre quem nos diga que sonhamos muito alto, que não devemos arriscar, que a vida tem que se resumir a voos baixos mas seguros. Haverá sempre quem não veja mal naquilo que nos choca, haverá sempre quem ache que "assim já estás muito bem". E essas pessoas podem até ser aquelas de quem mais precisamos de ouvir palavras de incentivo, podem até ser aquelas que esperávamos que nos exigissem exigência (a redudância era necessária).
É por isso que a vontade tem que ser mais forte., é por isso que não nos podemos perder no mais ou menos. Porque agora já é a nossa vida, não são boletins da escola para fazer os pais orgulhosos. No fim, a nota que recebemos pelo que fizémos, será a nota correspondente ao nosso lugar no mundo, ao nosso papel. Será nota da nossa felicidade.

1 comentário:

Fátima disse...

as notas dizem tão pouco do que sabemos. sempre achei uma injustiça, uma nota por um teste. há inteligência de livros e há inteligência pura.. e essa é que usamos no trabalho! espero que essa nao me falhe..