quinta-feira, 24 de abril de 2008

E se Alberto João Jardim fosse primeiro-ministro?

A discussão está instalada: quem será o próximo líder do PSD? Tenho seguido o assunto, não com especial entusiasmo porque não sou do PSD, mas tendo em conta que a pessoa escolhida vai estar a concorrer para o governo daqui a um ano. Vão surgindo candidatos (quando cheira a poder saem todos do buraco), uns já oficiais, outros ainda em boato.
Em zapping hoje de manhã passei pela SIC Notícias, onde estava a dar o Opinião Pública (aquele programa em que as pessoas ligam e dão a sua opinião), e vi que a convidada era a Raquel Abecassis, da Renascença, por isso fiquei a ver. A pergunta do dia era "Concorda com a candidatura de Pedro Santana Lopes?", mas naqueles minutos em que fiquei a ouvir, só se falou do Alberto João Jardim. As pessoas diziam que ele é que seria um bom primeiro-ministro, a Raquel Abecassis comentava que se ele se candidatasse (o que não aconteceu oficialmente, apesar da pressão de uma facção do partido) teria grandes hipóteses de ganhar a presidência do partido.

HEIN????
Eu não queria acreditar naquela discussão (em que o Santana Lopes não foi mais que uma desculpa para falar do Jardim). Quer vergonha.
Abri a gaveta da minha secretária e tirei de lá um recorte de jornal com dois anos, amachucado, que guardei para uma altura como esta. Não me venham cá dizer "ah mas a madeira é um espectáculo", "ah mas ele fez obra", "ah, mas toda a gente gosta dele lá". Vão plantar batatas.

«No tom que se lhe conhece há três décadas, Alberto João Jardim está preocupado com a destruição dos "valores da sociedade portuguesa", temendo que se venha a "assistir a casamentos de homossexuais". No ritual do Chão da Lagoa, que justifica o aportuguesar da expressão silly season (estação tola), o madeirense que já se fantasiou de Zulu pareceu querer dizer que o seu arquipélago é um sítio de gente sem "pecado". Ali nunca houve - pelo menos com o conhecimento do Governo Regional - ninguém com a orientação sexual de Oscar Wilde ou Adriana Calcanhoto.»

in Diário de Notícias (Agosto 2006)


«O presidente do Governo Regional da Madeira manifestou-se, domingo à noite, contra a entrada de imigrantes na ilha da madeira. No encerramento das festas "24 horas a bailar", em Santana, Alberto João Jardim, criticou a entrada em Portugal de imigrantes chineses, indianos e dos países da Europa de Leste. "Portugal já está sujeito à concorrência de países fora da Europa, os chineses estão a entrar por aí dentro, os indianos a entrar por aí dentro e os países de leste a fazer concorrência a Portugal... Está-me a fazer sinal aí porque? Que estão chineses aí? É mesmo bom que eles vejam porque não os quero aqui", disse o presidente do Governo Regional da Madeira.»

in TSF (Julho 2005)


Faço minhas as palavras de Miguel Sousa Tavares na última crónica no Expresso:
«Eu faço parte de um grupo, só aparentemente minoritário, dos que não acham o dr. Alberto João Jardim "engraçadíssimo". Não lhe acho mesmo piada nenhuma. Portugal já não é, felizmente, aquela tristíssima gente que vimos nas reportagens televisivas desta semana à espera da comitiva dos drs. Cavaco e Jardim. Aquilo é o Portugal no seu pior - inculto, ignaro, subserviente perante o poder, mendicante, reverente, alimentando a 'sopas de cavalo cansado' e vendendo o voto por um chafariz.»

Não é que ache que as pessoas na Madeira são incultas, nem acho que era isso que MST quis dizer. É que me irrita aquela coisa de "a Madeira é tão desenvolvida", quando me parece que a democracia lá não tem valor, e AJJ quer é manter o seu "povo simples e humilde", estilo "pobrezinhos mas lavadinhos". E isso para mim, é Portugal no seu pior.

Já imaginaram o que seria ter esta pessoa como chefe do governo? Imaginam a posição dele sobre qualquer coisa que não seja obras públicas? E política social? E cultura? E política externa (oh jesus que vergonha seria numa cimeira, num reunião da comissão europeia...)?
E a liberdade de expressão? Recordo que o único jornal do país que é estatizado é o da Madeira, onde os jornalistas piam baixinho quando se trata de política.

Não acredito que cheguemos a este ponto (mas também não achei que o Salazar fosse eleito como o maior português), mas aviso já, se o Alberto João Jardim chegar a primeiro-ministro, eu emigro.


(P.S. Não sei porque é que a formatação do texto muda. Sim, é bastante irritante).

5 comentários:

Fátima disse...

Pois. Não entendo porque é que lhe acham graça, é completamente idiota esse senhor. Eu também emigro se ele for eleito!

Margarida disse...

É porque o Alberto João Jardim não gosta do "espaçamento 1,5".

Anónimo disse...

A Adriana Calcanhoto é lésbica?????
Não obstante os teus argumentos há 2 coisas a considerar:
1- é o único político que diz a verdade que lhe vai na alma e di-la de forma verdadeira (mal-educada, desapropriada, irracional, ignorante às vezes, ainda assim, verdadeira)
2- ele não, mas quem?

Anónimo disse...

Vim aqui ter por acaso e fiquei fã. Não posso esquecer uma frase que o "rei da Madeira" disse: "Pelo menos a Madeira não está no roteiro gay", isto referindo-se a Lisboa.
O que nunca ninguém disse a esse palhaço é que, exceptuando a Madeira, nem Lisboa nem o resto do país constam do roteiro pedófilo. Há muito que caiu no esquecimento que a Madeira, graças à pobreza na qual crescem imensos miúdos, ficou mundialmente famosa por numerosos casos de vídeos de pedofilia e pela ligação ao caso Marc Dutroux (ironias!!!). Já agora, o que será feito do católico padre Frederico? Não estou a criticar a Madeira nem os seus habitantes, apenas a recordar uns estranhos esquecimentos do tio Jardim.

Unknown disse...

Gostava de saber quando é que vais emigrar, já estamos em 2009.

Acho que a Ferreira Leite não está a tomar bem conta do recado, por isso acho mesmo que vais emigrar é triste ma sé a verdade pura.

Primeiro - Ministro Alberto João Jardim

p.s - Mal por mal deixem lá tar o Socrates