Tenho uma enorme embirração com a palavra "afectos" e como agora serve para caracterizar tudo: um filme de afectos, um livro de afectos, um programa sobre os afectos. Frases como "temos que aprender a falar dos afectos" dão-me comichões no cérebro. No entanto foi nessa palavra - afecto - que pensei depois de ler compulsivamente posts de um recém descoberto blog.
Todos os posts acabam em pergunta e 80% são sobre o amor, no geral. Como sei que gosto de ti, como sei que gostas de mim, como sei se alguma vez vou gostar de alguém como A gosta de B? Como sei se um dia vou ser totalmente feliz? Como sei se os meus amigos são aquilo que parecem?
As palavras li-as por puro voyerismo, por curiosidade. Mas os textos deixaram-me a pensar. Não será esta problematização dos "afectos" o primeiro passo para os tornar complicados?
É claro que eles são complicados, mas quando se teoriza demais, põe-se o pé em folha verde. Quando alguém diz "quando a pessoa certa aparecer eu vou saber e não vou ter tantas dúvidas", apetece-me ir lá dizer: isso é nos filmes. Quando as pessoas dizem que ouvem Deus, também não é exactamente uma voz, presumo. Essa coisa cristal clear demora algum tempo, não é um passe de mágica perfeito. Há dúvidas - há mil dúvidas -, medos e um volta atrás mental constante. Faz parte do processo.
Mas isto sou eu a teorizar.
1 comentário:
é sim, sem dúvida. e isso de andar sempre a questionar, é chato para a outra pessoa
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