Em finais dos anos 90 ia todas as semanas à aldeia dos meus pais um professor de pintura. Os velhotes encontravam-se, faziam exposições, — estavam felizes. Mas isso era evidentemente um luxo, uma loucura “guterrista”, uma fantasia capaz de nos levar à falência (como dez estádios de futebol? ou como salvar bancos de investimento?). Não, não podemos. Em Portugal o que é civilizado é deixar os velhos abandonados e desocupados no fim das suas vidas.
Em Portugal, dizem-nos, não há dinheiro para os grandes projectos. Então e os pequenos projectos — arranjar as calçadas, cuidar dos jardins, melhorar o transporte urbano, pintar prédios, cuidar de aldeias, criar bibliotecas, manter museus abertos, fazer desporto amador, pôr creches no local de trabalho? Sim, eu sei. É tudo poesia. Peço desculpa por falar nisto."
Rui Tavares
1 comentário:
pois! muito forte. ainda há pouco tempo falámos dos jardins da minha aldeia, muito bonitos em comparação com o lar, que não está em grande estado. enfim...
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