Toda a vida me chamaram de certinha. Nem uma rebeldia, além de uns bateres mais fortes com a porta. Nem uma fuga raivosa de casa, nem baldas às aulas, nem negativas nos testes, nem gastar a mesada toda na primeira semana. Nem uns cigarros nas traseiras da escola, nem fugir de casa para sair à noite, nem curtes na discoteca. As mães queriam que as filhas fossem minhas amigas. Tão certinha, tão bem educada.
Hoje continuo a não entender porque as pessoas fazem coisas claramente estúpidas e perigosas, sem benefício óbvio. No entanto tentei aligeirar a conduta, ser menos "tensa", como costumam dizer. Não sei bem se funcionou. Continuo fascinada com a espontaneidade e a coragem das pessoas, com a sua facilidade em dar-se aos outros, com o seu estilo easy going. Invejo-os. Invejo os seus deliciosos vícios e a forma como sabem usufruir deles, sem remorsos. A mim, há sempre algo que me puxa para trás. Se calhar sou mesmo um caso perdido.
2 comentários:
é o teu jeito! e gostamos de ti assim =) eu já tive uns "rebel times" e não resultaram. sinto-me demasiado mal ao outro dia, quando acordo. ahahah
Já pensaste que há pessoas que não nasceram para ter vícios ou ser "não certinhas"? E que forçar isso é tão idiota como forçar as outras a serem certinhas (talvez ainda mais estranho porque forçar alguém a desacertar-se é uma ideia estranha).
Depois há ainda a questão de "o que é certinho?". Não será que as pessoas corajosas e espontâneas com o estilo easy going e deliciosos vícios sem remorsos são tão certinhas como tu? :)
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