A sala está vazia, deserta como nunca. Lá fora restam apenas sobras de sol do dia que passou. Não sei explicar o porquê mas não me apetece sair daqui, quero prolongar este estranho momento, gravá-lo na memória.
Daqui a nada vou levantar-me, desligar o computador pela última vez. Vou deixar a minha fotografia de fundo e os meus autocolantes em torno da máquina. Depois percorro o corredor, novo para mim, apago a luz e fecho a porta. Digo adeus.
Na minha partida há um alívio muito grande. Mas também uma nostalgia doce. E um medo do futuro.
Aqui tive o meu primeiro emprego a sério. A minha pequena autoridade, as minhas pequenas vitórias. Também desilusões e revoltas. Também aqui vi como as pessoas podem ser mesquinhas e invejosas. Aqui senti o peito inchar de raiva, vi como esta é uma profissão em que temos de estar sempre a relembrarmo-nos do que é de facto importante. Levei a minha avante e fui passada à frente. Ri a sério e passei por vergonhas. Consolei e fui consolada. Conheci sítios e pessoas novos. Fiz amigos.
Agora é tempo de encaixotar a vida e seguir em frente. Para novos desafios, novas cadeiras, novas lutas. Acredito que será tudo melhor, sei que será tudo muito melhor. Ainda assim, são 20h40 e continuo sem vontade de me levantar desta cadeira.
*Cada vez que fecho uma porta lembro-me desta música.
2 comentários:
Vou ter saudades amiga... mas tenho a certeza que não precisas de ter medo do futuro porque ele vai sorrir para ti ;)
eu não me esqueço do teu primeiro emprego, está colado numa página da minha agenda =) *
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