"Nos seus dois discos anteriores o projecto A Naifa ensaiava um curioso "gimmick": unir a guitarra portuguesa a linhas de baixo, voz e pequenos apontamentos digitais. A guitarra não soava a fado, antes a um meio caminho entre o riff e um postal pós-moderno de Alfama. O baixo estava mais próximo dos anos 80 que de qualquer tradição nacional, o canto não se decidia entre o redondo da pop e o melisma afadalhado e tudo isto fazia sentido. Havia igualmente um imaginário: liricamente, em vez da tragédia fadista, usava-se a melancolia parda dos poetas dos nossos dias. O estranho conjunto trazia a raiz para o nosso tempo, era felizmente desacertado, suavemente tosco, desconseguidamente delicioso."
João Bonifácio, in Público
Há textos que nos fazem perceber o quanto ainda temos a aprender. Quando eu souber escrever assim, seja qual for o tema, então sim, já sou profissional. Cheira-me que vai demorar.
2 comentários:
também quero escrever assim... :'(
confesso que não entendi tudo... e já li isto duas vezes! mas é um grande entendido em música, sim, também tenho de me "doutorar" nisso
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