Um casarão num meio do nada. Diria que o nada é verde, mas seria falso: o nada é castanho, amarelo, dourado, laranja, vermelho-sangue e também verde escuro, verde seco, verde-água, verde-vivo. No nada não há rede de telemóvel.
De Cardiff a Greynog são três horas e pouco de autocarro. A saída da cidade surge-nos uma paisagem deslumbrante, onde a serra é constantemente salpicada por ovelhas cinematográficas. Quilómetros e quilómetros sem ver vivalma. Aqui e ali uma quinta.
Chegar a esta casa vitoriana, rodeada de um imenso jardim, é parar no tempo. Professores e alunos desfizeram as malas e durante três dias não saíram dali. Aulas, apresentações e o grande papão da dissertação ocuparam-nos o tempo. Mas também jogos, passeios longos, fotografias (sequências de três, sempre sequências), jantares, almoços, festas privadas regadas com garrafas levadas às escondidas.
Em Gregynog tínhamos que finalmente decidir o tema da nossa dissertação. E foi perfeito. Nenhum outro sítio nos poderia trazer tanta inspiração. Em três dias fiz mais do que num mês inteiro. Houve risos, gritos, amizades novas, houve até lágrimas. Houve teatro e cantoria, muitos, muitos bolos. Perguntas privadas aos professores. E o Hugo Chávez usou toda a sua retórica para não ser expulso de um balão.
De volta a Cardiff, noto que uma coisa mudou: a árvore que cresce junto à minha janela mostra agora várias folhas amarelas. Como é belo o Outono.
sábado, 31 de outubro de 2009
quarta-feira, 28 de outubro de 2009
domingo, 25 de outubro de 2009
sábado, 24 de outubro de 2009
Obrigatório para jornalistas: documentário "Outfoxed"
Barack Obama abriu guerra à Fox News. Já ouvi comparações com José Sócrates e o caso TVI. Quem o faz só pode estar na total ignorância do que é a Fox, o canal que produz - não há outra expressão - puro lixo. Obama tem toda a razão. A Fox não faz jornalismo. Logo não há aqui questões de liberdade de expressão.
sexta-feira, 23 de outubro de 2009
Nao se deixem assustar pela falta de acentos - a culpa nao e minha
Ainda sobre a presenca do BPN no Question Time (porque aqui o tema esta on fire), uma excelente analise dos acontecimentos da noite no blog de Andrew Sparrow, jornalista (presumo) do Guardian, que seguiu o debate minuto a minuto no blog e finalizou com uma analise que vale a pena ler:
"...having watched the programme, I now feel that Griffin was exposed. He was embarrassed when confronted with some of his past on-the-record statements, at times he was unable or unwilling to defend himself (for example, when asked the memorable "which country would you send me back to?" question) and at least once (when talking about Holocaust denial legislation applying in the UK) he resorted to saying something totally untrue.
...
The BNP are now closer to the mainstream than they have been before and they have received priceless publicity, which must give them some electoral advantage. But at least people who have never before taken much interest in the BNP will now have a much clearer idea of the limitations of its leader.
...
But my "panellist of the night" award would go to Bonnie Greer for the way she gave Griffin a gently patronising lecture on British history."
http://www.guardian.co.uk/politics/blog/2009/oct/22/question-time-live-blog
"...having watched the programme, I now feel that Griffin was exposed. He was embarrassed when confronted with some of his past on-the-record statements, at times he was unable or unwilling to defend himself (for example, when asked the memorable "which country would you send me back to?" question) and at least once (when talking about Holocaust denial legislation applying in the UK) he resorted to saying something totally untrue.
...
The BNP are now closer to the mainstream than they have been before and they have received priceless publicity, which must give them some electoral advantage. But at least people who have never before taken much interest in the BNP will now have a much clearer idea of the limitations of its leader.
...
But my "panellist of the night" award would go to Bonnie Greer for the way she gave Griffin a gently patronising lecture on British history."
http://www.guardian.co.uk/politics/blog/2009/oct/22/question-time-live-blog
Lição do dia: nunca duvidar do direito à opinião - e da inteligência das pessoas em entendê-la
Nas últimas semanas um tema tem sido especialmente debatido: deve Nick Griffin, líder do BNP (British National Party), um partido oficialmente fascista e racista, partipar num painel de debate da BBC, chamado Question Time?
De todos os lados chegaram duras críticas à BBC por ter convidado Griffin, dizendo que era errado dar atenção e voz a um partido destes. O ponto de honra é, no entanto, que o BNP ganhou dois lugares no Parlamento Europeu.
Como jornalista senti-me um pouco confusa mas tendi a achar que a última coisa que este tipo de partido precisa é atenção. No entanto mudei totalmente de opinião. Acabei de ver o programa e Griffin é totalmente destruído. Não só porque as suas ideias são simplesmente atrozes - alimentado-se do medo, ignorância e preconceito dos brintânicos, apenas - , mas porque como político é fraco e incoerente. Não soube defender os seus pontos de vista, foi cobarde, e entrou em inúmeras contradições. Foi patético. Perdeu. E ainda bem.
Podem ver o debate em http://www.bbc.co.uk/iplayer/episode/b00nft24/Question_Time_22_10_2009/
Garanto-vos que não se vão aborrecer
De todos os lados chegaram duras críticas à BBC por ter convidado Griffin, dizendo que era errado dar atenção e voz a um partido destes. O ponto de honra é, no entanto, que o BNP ganhou dois lugares no Parlamento Europeu.
Como jornalista senti-me um pouco confusa mas tendi a achar que a última coisa que este tipo de partido precisa é atenção. No entanto mudei totalmente de opinião. Acabei de ver o programa e Griffin é totalmente destruído. Não só porque as suas ideias são simplesmente atrozes - alimentado-se do medo, ignorância e preconceito dos brintânicos, apenas - , mas porque como político é fraco e incoerente. Não soube defender os seus pontos de vista, foi cobarde, e entrou em inúmeras contradições. Foi patético. Perdeu. E ainda bem.
Podem ver o debate em http://www.bbc.co.uk/iplayer/episode/b00nft24/Question_Time_22_10_2009/
Garanto-vos que não se vão aborrecer
terça-feira, 20 de outubro de 2009
Saramago ou como "os comunistas comem criancinhas ao pequeno almoço"
Estou muito curiosa para ler o novo livro do Saramago. Além disso tem sido divertido ver o pessoal todo ofendido com as declarações sobre a Bíblia, como se o Saramago não tivesse sempre sido controverso. Mas o mais giro, o mais giro de tudo, é o argumento que tenho lido na blogosfera: Saramago só está a escrever sobre a Bíblia para vender mais. É verdade pá, o Nobel tem muitos problemas de vendas. É que nem vendeu livros suficientes para não mexer uma palha até morrer (também não faltará muito...).
segunda-feira, 19 de outubro de 2009
Hoje descobri que:
Se um aluno de uma universidade britânica alugar um livro na biblioteca sobre algo como Islão Radical ou Terrorismo, o nome desse aluno entra numa base de dados da polícia. E fica sob "observação".
Café, meu amor, volta
Eu sei que te tratei mal, que disse que estavas queimado, que tinhas pouca espuma, que o Nespresso é que era. Mas foi tudo da boca para fora, meu amor. Na verdade, não há ninguém como tu.
Se soubesses como o meu coração sofre quando misturo com água o pó castanho que guardo no armário. Ou quando, na faculdade, carrego no botão para o líquido aguado sair...
Mas o pior, o pior aconteceu sábado. Estava sol e as folhas cor de laranja caiam sobre a relva do jardim. Achei que podia ter outro que não tu e dirigi-me ao quiosquezinho do parque. Segurei o copo quente, fechado com uma tampa. Sentei-me na relva, pousei a mala e o casaco. Abri o livro sobre a relva. Tirei a tampa do frasco de esferovite. Foi aí que eu soube que nunca conseguiria amar nenhum outro. O meu café vinha com leite. E "coffee", aqui, é mesmo assim.
Se soubesses como o meu coração sofre quando misturo com água o pó castanho que guardo no armário. Ou quando, na faculdade, carrego no botão para o líquido aguado sair...
Mas o pior, o pior aconteceu sábado. Estava sol e as folhas cor de laranja caiam sobre a relva do jardim. Achei que podia ter outro que não tu e dirigi-me ao quiosquezinho do parque. Segurei o copo quente, fechado com uma tampa. Sentei-me na relva, pousei a mala e o casaco. Abri o livro sobre a relva. Tirei a tampa do frasco de esferovite. Foi aí que eu soube que nunca conseguiria amar nenhum outro. O meu café vinha com leite. E "coffee", aqui, é mesmo assim.
Felicidade? It's overrated!
Hoje recebi um mail com uma crónica do jornalista João Pereira Coutinho, senhor com quem nem simpatizo muito. No entanto, não deixo de achar curioso ter sido este o tema de uma conversa de café que tive há três dias. Assumindo-me como filha desta geração obcecada com o sucesso, subscrevo a crónica apontado o dedo a mim própria: culpada.
"Não tenho filhos e tremo só de pensar. Os exemplos que vejo em aconselham temeridades. Hordas de amigos constituem as respectivas proles e, apesar da benesse, não levam vidas descansadas. Pelo contrário: estão invariavelmente mergulhados numa angústia e numa ansiedade de contornos particularmente patológicos. Percebo porquê. Há cem ou duzentos anos, a vida dependia do berço, da posição social e da fortuna familiar.
Hoje, não. A criança nasce, não numa família mas numa pista de atletismo, com as barreiras da praxe: jardim-escola aos três, natação aos quatro, lições de piano aos cinco, escola aos seis, e um exército de professores, explicadores, educadores e psicólogos, como se a criança fosse um potro de competição.
Eis a ideologia criminosa que se instalou definitivamente nas sociedades modernas: a vida não é para ser vivida - mas construída com sucessos pessoais e profissionais, uns atrás dos outros, em progressão geométrica para o infinito. É preciso o emprego de sonho, a casa de sonho, o maridinho de sonho, os amigos de sonho, as férias de sonho, os restaurantes de sonho.
Não admira que, até 2020, um terço da população mundial esteja a mamar forte no Prozac.
É a velha história da cenoura e do burro: quanto mais temos, mais queremos. Quanto mais queremos, mais desesperamos. A meritocracia gera uma insatisfação insaciável que acabará por arrasar o mais leve traço de humanidade. O que não deixa de ser uma lástima.
Se as pessoas voltassem a ler os clássicos, sobretudo Montaigne, saberiam que o fim último da vida não é a excelência, mas sim a felicidade! "
"Não tenho filhos e tremo só de pensar. Os exemplos que vejo em aconselham temeridades. Hordas de amigos constituem as respectivas proles e, apesar da benesse, não levam vidas descansadas. Pelo contrário: estão invariavelmente mergulhados numa angústia e numa ansiedade de contornos particularmente patológicos. Percebo porquê. Há cem ou duzentos anos, a vida dependia do berço, da posição social e da fortuna familiar.
Hoje, não. A criança nasce, não numa família mas numa pista de atletismo, com as barreiras da praxe: jardim-escola aos três, natação aos quatro, lições de piano aos cinco, escola aos seis, e um exército de professores, explicadores, educadores e psicólogos, como se a criança fosse um potro de competição.
Eis a ideologia criminosa que se instalou definitivamente nas sociedades modernas: a vida não é para ser vivida - mas construída com sucessos pessoais e profissionais, uns atrás dos outros, em progressão geométrica para o infinito. É preciso o emprego de sonho, a casa de sonho, o maridinho de sonho, os amigos de sonho, as férias de sonho, os restaurantes de sonho.
Não admira que, até 2020, um terço da população mundial esteja a mamar forte no Prozac.
É a velha história da cenoura e do burro: quanto mais temos, mais queremos. Quanto mais queremos, mais desesperamos. A meritocracia gera uma insatisfação insaciável que acabará por arrasar o mais leve traço de humanidade. O que não deixa de ser uma lástima.
Se as pessoas voltassem a ler os clássicos, sobretudo Montaigne, saberiam que o fim último da vida não é a excelência, mas sim a felicidade! "
Olga, traz a cenoura
Plagiando um post do 31 da Armada, deixo aqui um excerto do mais alto jornalismo que se faz em Portugal.
"Nunca assediei a patroa. Fui despedido e eles abusaram de mim porque sabia demais sobre ela." É desta forma que Luís Pereira, o pastor de 56 anos sodomizado com uma cenoura pelos patrões, começa o relato das piores 48 horas da sua vida”
“Atado e amordaçado, Luís Pereira conta que viu a sua roupa ser 'cortada à navalhada' e só pensou 'na Nossa Senhora de Fátima' quando ouviu o patrão a dizer para a mulher: 'Olga, traz a cenoura”.
In Correio da Manhã
Acho que ninguém pode negar que é bom entretenimento. (Mas também acho que estamos autorizados a atirar fruta podre à cabeça dos ditos jornalistas - para acompanhar o grau de diversão)
"Nunca assediei a patroa. Fui despedido e eles abusaram de mim porque sabia demais sobre ela." É desta forma que Luís Pereira, o pastor de 56 anos sodomizado com uma cenoura pelos patrões, começa o relato das piores 48 horas da sua vida”
“Atado e amordaçado, Luís Pereira conta que viu a sua roupa ser 'cortada à navalhada' e só pensou 'na Nossa Senhora de Fátima' quando ouviu o patrão a dizer para a mulher: 'Olga, traz a cenoura”.
In Correio da Manhã
Acho que ninguém pode negar que é bom entretenimento. (Mas também acho que estamos autorizados a atirar fruta podre à cabeça dos ditos jornalistas - para acompanhar o grau de diversão)
domingo, 18 de outubro de 2009
Is the battle of the sexes over?
Afirmando-me como uma "anti-dia da mulher", aplaudo a excelente entrada do artigo de capa da Time. Porque é importante reconhecermos o que mudou:
"If you were a woman reading this magazine 40 years ago, the odds were good that your husband provided the money to buy it. That you voted the same way he did. That if you got breast cancer, he might be asked to sign the form authorizing a mastectomy. That your son was heading to college but not your daughter. That your boss, if you had a job, could explain that he was paying you less because, after all, you were probably working just for pocket money.
It's funny how things change slowly, until the day we realize they've changed completely."
"If you were a woman reading this magazine 40 years ago, the odds were good that your husband provided the money to buy it. That you voted the same way he did. That if you got breast cancer, he might be asked to sign the form authorizing a mastectomy. That your son was heading to college but not your daughter. That your boss, if you had a job, could explain that he was paying you less because, after all, you were probably working just for pocket money.
It's funny how things change slowly, until the day we realize they've changed completely."
Nancy Gibbs, in Time
O patriotismo
Faço parte de um grupo de pessoas que acha o patriotismo uma coisa um bocado ridícula. Aquilo das bandeiras, do hino e ai o meu país é tão fixe, a minha comida é a melhor e somos os mais simpáticos do mundo. Essas coisas que são perfeitamente adaptáveis a milhares de nacionalidades. Enfim... quando oiço o discurso patriótico rebolo os olhos e tenho logo vontade de fazer um comentariozinho irónico.
Admitamos: em Portugal ser patriota é um bocado out. (Felizmente). Mas a coisa muda de figura quando nos vemos confrontados com outros países. Porque a verdade é que é muito fácil fazer pouco do patriotismo dos nossos conterrâneos, mas gozar com o amor à pátria de outras nacionalidades pode roçar o ofensivo. Por isso mordo a língua várias vezes por semana.
Mas que é completamente patético, lá isso é.
Admitamos: em Portugal ser patriota é um bocado out. (Felizmente). Mas a coisa muda de figura quando nos vemos confrontados com outros países. Porque a verdade é que é muito fácil fazer pouco do patriotismo dos nossos conterrâneos, mas gozar com o amor à pátria de outras nacionalidades pode roçar o ofensivo. Por isso mordo a língua várias vezes por semana.
Mas que é completamente patético, lá isso é.
quinta-feira, 15 de outubro de 2009
Sinto um carinho especial por esta dorzinha de cabeça
Estou viciada na novidade. No começar de novo. Nas perguntas de circunstância, no constante explicar de todos os conceitos - linguísticos e semânticos. Neste engano que é acreditar que nos podemos reescrever, reinventar. Podemos dizer que fomos à lua e somos óptimos dançarinos. Os nossos segredos ninguém os sabe, somos livres. Estou viciada nesta ausência de julgamento, nesta liberdade de consciência. Neste you can be whoever you want to be. Que mentira - caio sempre em mim mesma.
Brindamos às vitórias e brindamos ao Berlusconi e dizemos Croeso porque é a única coisa que sabemos dizer. "Patata" vem acompanhada daquele gesto que junta os dedos da mão e a faz balançar para frente a para trás, lembrando o maior cliché da Itália. "Girl" é "geeerrrrl" e podemos dançar como a Shakira mas com reviravoltas nos pulsos a atirar para a espanholada, se bem que a intenção era dar um ar de índias. Tossimos, espirramos, temos frio, ensinamos passos de dança como se soubessemos do que estamos a falar. Rimos dos intrusos - nisto estamos juntos e desta loucura doce e embriagada ninguém nos tira.
Somos felizes. Apesar desta dorzinha de cabeça.
Brindamos às vitórias e brindamos ao Berlusconi e dizemos Croeso porque é a única coisa que sabemos dizer. "Patata" vem acompanhada daquele gesto que junta os dedos da mão e a faz balançar para frente a para trás, lembrando o maior cliché da Itália. "Girl" é "geeerrrrl" e podemos dançar como a Shakira mas com reviravoltas nos pulsos a atirar para a espanholada, se bem que a intenção era dar um ar de índias. Tossimos, espirramos, temos frio, ensinamos passos de dança como se soubessemos do que estamos a falar. Rimos dos intrusos - nisto estamos juntos e desta loucura doce e embriagada ninguém nos tira.
Somos felizes. Apesar desta dorzinha de cabeça.
quarta-feira, 14 de outubro de 2009
Maitê Proençagate*
Eu não ia dizer nada sobre esse grande caso mediático que é a Maitê Proença a dizer disparates na TV. Ouvi dizer que até houve uma petição exigindo que ela pedisse desculpa a Portugal.
É pá, tenham lá paciência. Desculpa devia pedir o Sócrates por termos um ordenado mínimo que não chega para pagar a renda de um cubículo. A Maitê Proença é só uma tontinha ignorante que chama toda a gente de "meus queridos". Nada a difere das muitas tias que por cá (leia-se Portugal) habitam. Uma tia com muiiiiiiiito sentido de humor - um sentido de humor daqueles que nós não temos miolos para perceber. Felizmente.
P.S. Alguém me sabe explicar porque estamos a discutir uma peça que foi para o ar em 2007? Não captei. (burrice portuguesa? ou chico-espertice brasileira? venha o diabo e escolha)
*Ideia copiada de algum blog por aí - não me lembro qual. Só para dizer que não é minha, mas gostava que fosse.
É pá, tenham lá paciência. Desculpa devia pedir o Sócrates por termos um ordenado mínimo que não chega para pagar a renda de um cubículo. A Maitê Proença é só uma tontinha ignorante que chama toda a gente de "meus queridos". Nada a difere das muitas tias que por cá (leia-se Portugal) habitam. Uma tia com muiiiiiiiito sentido de humor - um sentido de humor daqueles que nós não temos miolos para perceber. Felizmente.
P.S. Alguém me sabe explicar porque estamos a discutir uma peça que foi para o ar em 2007? Não captei. (burrice portuguesa? ou chico-espertice brasileira? venha o diabo e escolha)
*Ideia copiada de algum blog por aí - não me lembro qual. Só para dizer que não é minha, mas gostava que fosse.
O Jaime gama
Estou a ver o Jaime Gama no Gato Fedorento. Aaaaa... Algo me diz que vai ser a próxima personagem a ser imitada pelo RAP.
terça-feira, 13 de outubro de 2009
Aparte do sotaque ou do aspecto, os britânicos são fáceis de identificar: são aqueles que se encontram para "tomar um chá" e não um café. Até quando são 9h da manhã e sono pesa - eu corro ao bar para buscar um café, eles um chá. Com leite.
Whatever rocks your boat, mate*.
*Cheers mate! (só queria ter uma desculpa para dizer esta frase)
Whatever rocks your boat, mate*.
*Cheers mate! (só queria ter uma desculpa para dizer esta frase)
Maya and the lions
Tal como previa, há muitos indianos aqui. No entanto a minha amiga indiana não quis fazer parte de um bando e decidiu que ia escolher os amigos pelo que são e não por serem do mesmo país que ela. Resultado: apesar de uma ou outra pessoa aparecerem de vez em quando, ela é a única indiana no nosso núcleo duro de amigos (é um grupo flutuante, ainda assim...).
Ela está lá todos os dias, a toda a hora. E nem me lembro que por vezes pode ser difícil para ela perceber de onde veem alguns dos nossos conceitos. Hoje a Maya saltitante baixou o tom de voz e disse-me perto do ouvido: "não quero soar racista ou assim, mas não percebo... porque é que vocês [europeus] dizem que alguns países têm "olive tone"? Vocês são todos brancos, não vejo diferença nenhuma". Sim, ela acha que os europeus têm todos basicamente o mesmo aspecto, não sendo capaz de dizer de que país veem. "Percebo", disse eu pensando que de facto os indianos saltam muito mais à vista e não há como enganar. "Bom, no sul da Europa as pessoas são mais morenas". "São iguais... a Eva [Espanha] não é morena". "O que quero dizer é que no sul da Europa a maioria das pessoas tem cabelo escuro, olhos castanhos e quando vão à praia ficam bronzeadas e não vermelhas".
"I see", disse. I don't think she bought it.
Ela está lá todos os dias, a toda a hora. E nem me lembro que por vezes pode ser difícil para ela perceber de onde veem alguns dos nossos conceitos. Hoje a Maya saltitante baixou o tom de voz e disse-me perto do ouvido: "não quero soar racista ou assim, mas não percebo... porque é que vocês [europeus] dizem que alguns países têm "olive tone"? Vocês são todos brancos, não vejo diferença nenhuma". Sim, ela acha que os europeus têm todos basicamente o mesmo aspecto, não sendo capaz de dizer de que país veem. "Percebo", disse eu pensando que de facto os indianos saltam muito mais à vista e não há como enganar. "Bom, no sul da Europa as pessoas são mais morenas". "São iguais... a Eva [Espanha] não é morena". "O que quero dizer é que no sul da Europa a maioria das pessoas tem cabelo escuro, olhos castanhos e quando vão à praia ficam bronzeadas e não vermelhas".
"I see", disse. I don't think she bought it.
Balança
O que eu não gosto nos jornais (e revistas) britânicas*:
1. São, o que eles chamam, "Partisans" - apoiam oficialmente este ou aquele partido
2. Há demasiados tablóides
O que eu gosto nos jornais (e revistas) britânicas:
1. Tudo o resto.
* Notam como eu não digo "ingleses" porque o Reino Unido não é só Ingalterra? Estou convertida.
1. São, o que eles chamam, "Partisans" - apoiam oficialmente este ou aquele partido
2. Há demasiados tablóides
O que eu gosto nos jornais (e revistas) britânicas:
1. Tudo o resto.
* Notam como eu não digo "ingleses" porque o Reino Unido não é só Ingalterra? Estou convertida.
segunda-feira, 12 de outubro de 2009
Um tantinho anti-democrático, não?
Hoje, enquanto passavamos revista aos acontecimentos do fim-de-semana, a professora explicou que é possível que em 2010 se realizem os primeiros debates entre concorrentes a Primeiro-Ministro. Pois, é verdade, isso nunca se passou antes. Nunca, na história. Pus o braço no ar, achei que não tinha percebido bem, como não há debates??? Ms Hadwin explicou que no Reino Unido teme-se que a política caia demasiado na personificação dos lideres e que o importante devem ser as ideias do partido. No entanto, tendo em conta os resultados desastrosos do Labour, é possível que recorram aos debates nas próximas eleições, numa de tentar algo novo.
Fiquei a olhar para ela e balbuciei qualquer coisa sobre como os debates são o centro da discussão política em Portugal. Ela disse que esperava boas coisas dos debates - "é mau quando se avalia uma pessoa pelo facto de ela ser boa ou má em frente às câmaras, mas as pessoas já fazem isso de qualquer forma".
Crazy brits. That's all I'm saying.
Fiquei a olhar para ela e balbuciei qualquer coisa sobre como os debates são o centro da discussão política em Portugal. Ela disse que esperava boas coisas dos debates - "é mau quando se avalia uma pessoa pelo facto de ela ser boa ou má em frente às câmaras, mas as pessoas já fazem isso de qualquer forma".
Crazy brits. That's all I'm saying.
domingo, 11 de outubro de 2009
World music?
A mesa era comprida e olhando em volta contei sete pessoas. Países: Espanha, Itália, Alemanha, Escócia e Índia. Ninguém tinha ouvido falar de Fado.
sábado, 10 de outubro de 2009
sexta-feira, 9 de outubro de 2009
Portugal is not so bad
Num grupo de amigos totalmente internacional como é este que aqui formei, as conversas "políticas" duram quase 24 horas por dia. Todas as frases começam "no país x funciona assim", de forma a percebermos as diferenças entre nós. Eu tinha a ideia de que Portugal é uma vergonha: falhanço económico, política desastrosa, maus serviços. A verdade é que a maioria das vezes tenho que concluir que... Portugal não está assim tão mal. A maioria dos nossos políticos não diz asneiras no parlamento, não grita nem ofende pessoalmente os deputados, não estão envolvidos em casos de corrupção, não foram condenados por crimes - não na escala que tenho ouvido aqui. Os nossos media são essencialmente livres, os jornais e televisões não são detidos pelo Estado e, na verdade, quanto mais se disser mal do governo, melhor. Os nossos multibancos são óptimos e neles podemos fazer praticamente tudo. Em Portugal podemos fazer transferências bancárias internacionais pela internet e os bancos funcionam com prontidão e rapidez. As escolas e universidades públicas são boas e não é preciso ser-se rico para obter educação. Os filmes passam na língua original.
É óbvio que muitos destes factores postivos existem no Reino Unido. Mas eu (ainda) não tenho nenhum amigo inglês. Na nossa mesa multicultural, a única pessoa que geralmente relata um cenário parecido ao meu é uma rapariga alemã. E Portugal, como bem sabem, está longe de ser a Alemanha. Ou talvez não esteja assim tão longe - Portugal não é mau, é apenas invisível.
É óbvio que muitos destes factores postivos existem no Reino Unido. Mas eu (ainda) não tenho nenhum amigo inglês. Na nossa mesa multicultural, a única pessoa que geralmente relata um cenário parecido ao meu é uma rapariga alemã. E Portugal, como bem sabem, está longe de ser a Alemanha. Ou talvez não esteja assim tão longe - Portugal não é mau, é apenas invisível.
quinta-feira, 8 de outubro de 2009
Queixa formal
Venho por este meio expressar publicamente o meu descontentamento com o nome que os meus pais escolheram para mim. O seu carácter não-internacional torna-me uma boa candidata a um pseudónimo. Ainda não houve uma pessoa a quem eu dissesse o meu nome e não o tivesse que repetir várias vezes, corrigir a pronúncia, soletrar e sorrir conformadamente com uma tentativa vagamente semelhante.
Pai, mãe, assim não dá.
Pai, mãe, assim não dá.
segunda-feira, 5 de outubro de 2009
Settling down
Hoje lia o blog de um dos meus novos amigos, em que ele falava desse processo de "settling down". Olhei em volta e questionei-me se já estava finalmente instalada ou não. O dinheiro absurdo que estou a gastar indicará que não, parece-me. A falta de opções para o jantar, a ausência de utensílios domésticos, a pouca decoração, tudo indica o meu estado de "novata".
Ainda assim, algo diz "casa" aqui. Há qualquer coisa de extremamente reconfortante neste nosso constante explicar das palavras, este inglês tropeçado, cheio de "what???", muito gesticulado e recheado de onomatopeias.
Definitivamente não estou instalada, mas sinto-me confortavelmente integrada na minha condição de "international student".
Ainda assim, algo diz "casa" aqui. Há qualquer coisa de extremamente reconfortante neste nosso constante explicar das palavras, este inglês tropeçado, cheio de "what???", muito gesticulado e recheado de onomatopeias.
Definitivamente não estou instalada, mas sinto-me confortavelmente integrada na minha condição de "international student".
sábado, 3 de outubro de 2009
sexta-feira, 2 de outubro de 2009
Como dar cabo do sistema Flu Buddy em dois dias
Voltei a ver Sete Palmos de Terra. Sou feliz.
Entretanto todos os meus amigos adoeceram. Enquanto eu renasço das cinzas, eles caem um por um, vítimas dos meus germes letais. Todos, incluindo os meus dois flu buddies.
Entretanto todos os meus amigos adoeceram. Enquanto eu renasço das cinzas, eles caem um por um, vítimas dos meus germes letais. Todos, incluindo os meus dois flu buddies.
The british method - jamais possível em Portugal
Quarta-feira acordei com uma dor no corpo, uma tosse, garganta arranhada. Ao levantar o cortinado percebi que deixei uma fresta da janela - junto à qual fica a minha almofada - aberta. Fui para as aulas, aguentei-me. Passei a tarde em casa, tomei uns ben-u-rons e à noite dediquei-me a uma sessão de quizz internacional - espalhando assim os meus germos a todo o meu grupo de amigos.
(isto tem um objectivo, não estou a escrever um diário da gripe, prometo)
Durante a noite a coisa piorou. A minha febre deve ter atingido recordes e o efeito dos comprimidos não parecia durar muito. Depois me arrastar durante umas horas, sem alívio, decidi ir ao médico. Como não sabia se era preciso marcar uma hora, fui à procura de telefone na net (o panfleto anda por aqui perdido). É importante dizer que todos os estudantes são aconselhados a registar-se num médico assim que chegam - não é obrgatório, mas altamente aconselhado. Felizmente tinha-o feito, o que significa que tenho um médico só para mim.
No site da Cathays Surgery dizia em letras vermelhas e gordas SE TIVER SINTOMAS DE GRIPE NÃO VENHA, LIGUE! Pois é, esta informação está de facto por toda a cidade. Lá liguei, então. O médico foi extremamente atencioso, disse para não me preocupar muito, mas que os meus sintomas - febre, nariz entupido e tosse - eram compatíveis com a Gripe A. Frisou várias vezes que ficasse em casa, não fosse ao médico, nem às aulas, tomasse paracetamol, bebesse líquidos e descansasse. Apenas. E eu já a ouvir a minha mãezinha a chamar o 112 (que aqui seria 999). "Mas só isso??", perguntei. "Nem um antibiotico?". Não, explicou pacientemente, seja gripe A ou não, geralmente cura-se sozinha, apenas com um anti-viral para controlar a febre. "E a Tamiflu??". Só para quem tem problemas de coração ou respiratórios.
Não lhe contei do episódio da janela. Gosto de pensar que tive Gripe A e sobrevivi, já que hoje, ao segundo dia de quarentena, me sinto muito melhor.
Todo este processo fez-me perceber quão diferentes somos. Em Portugal poucos serão os que com suspeitas de Gripe A ficariam em casa, mesmo que fosse essa a indicação do médico. E muito menos com apenas um paracetamolzinho. Quando o médico me disse "É possível, sabe, estamos a ter um grande surto nestes últimos dias", imaginei logo as urgências a abarrotar. Mas parece que por aqui liga-se ao médico e fica-se em casa. Com muito cházinho.
(isto tem um objectivo, não estou a escrever um diário da gripe, prometo)
Durante a noite a coisa piorou. A minha febre deve ter atingido recordes e o efeito dos comprimidos não parecia durar muito. Depois me arrastar durante umas horas, sem alívio, decidi ir ao médico. Como não sabia se era preciso marcar uma hora, fui à procura de telefone na net (o panfleto anda por aqui perdido). É importante dizer que todos os estudantes são aconselhados a registar-se num médico assim que chegam - não é obrgatório, mas altamente aconselhado. Felizmente tinha-o feito, o que significa que tenho um médico só para mim.
No site da Cathays Surgery dizia em letras vermelhas e gordas SE TIVER SINTOMAS DE GRIPE NÃO VENHA, LIGUE! Pois é, esta informação está de facto por toda a cidade. Lá liguei, então. O médico foi extremamente atencioso, disse para não me preocupar muito, mas que os meus sintomas - febre, nariz entupido e tosse - eram compatíveis com a Gripe A. Frisou várias vezes que ficasse em casa, não fosse ao médico, nem às aulas, tomasse paracetamol, bebesse líquidos e descansasse. Apenas. E eu já a ouvir a minha mãezinha a chamar o 112 (que aqui seria 999). "Mas só isso??", perguntei. "Nem um antibiotico?". Não, explicou pacientemente, seja gripe A ou não, geralmente cura-se sozinha, apenas com um anti-viral para controlar a febre. "E a Tamiflu??". Só para quem tem problemas de coração ou respiratórios.
Não lhe contei do episódio da janela. Gosto de pensar que tive Gripe A e sobrevivi, já que hoje, ao segundo dia de quarentena, me sinto muito melhor.
Todo este processo fez-me perceber quão diferentes somos. Em Portugal poucos serão os que com suspeitas de Gripe A ficariam em casa, mesmo que fosse essa a indicação do médico. E muito menos com apenas um paracetamolzinho. Quando o médico me disse "É possível, sabe, estamos a ter um grande surto nestes últimos dias", imaginei logo as urgências a abarrotar. Mas parece que por aqui liga-se ao médico e fica-se em casa. Com muito cházinho.
quinta-feira, 1 de outubro de 2009
Nada dessas modernices
Aqui no Reino Unido não existe a terminologia "Gripe A" - pelo menos que me tenha apercebido. Em todos o lado há avisos contra a Swine Flu. E mai nada.
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