terça-feira, 26 de abril de 2011

Legen....wait for it.... dary!

Síndroma emigrante

Enquanto transcrevo uma entrevista a um investigador português que está fora do país há 10 anos, dou por mim a escrever: "Por outro lado se houver um amarelo, um laranja, um azul e um vermelho, ticam as boxes todas" - e demorei algum tempo a perceber o que estava mal com esta frase.

Auto-análise

Tenho sempre esta dúvida sobre mim própria: não sei se exijo demasiado da vida ou se constantemente me contento com pouco.

domingo, 24 de abril de 2011

As palavras erradas

Acima de tudo ela tinha um problema fulcral com ele: palavras. Ele usava-as de uma forma que ela considerava obscena. Não porque fossem ordinárias ou ofensivas. Mas porque para ela as palavras eram como ingredientes, como alimentos, e ela era uma cozinheira virtuosa. Não misturava banana com arroz de tomate, tal como não dizia “as mulheres estão sempre a galar os homens”. Nunca usava a palavra “homem” ou “mulher” para alguém com menos de 40 anos. Tal como nunca jamais pronunciaria a palavra “sovaco” e muito improvavelmente “prazer”.
Sabia que era picuinhas, mas a maneira como alguém falava dizia-lhe muito. Por vezes apaixonava-se por expressões e repetia-as até se cansar. Adorava sotaques porque tornam as palavras mais adocicadas, ou divertidas, ou até sérias. Dá-lhes personalidade extra.
E ele.... ele tinha um sorriso radiante, um maneira de estar que lhe agradava e até coincidia nos gostos. Mas as palavras... tão poucas e sempre tão, tão... erradas. Feias. E não só. Algumas não são feias sozinhas, mas no contexto faziam-lhe tilintar os ouvidos.
Ela sabia, no entanto, como é difícil dizer a coisa certa na hora certa. Ela mesma sofria de nervosismo verbal. Mas não encontrava desculpa para a palavra escrita, para a mensagem de telemóvel, para o email, para o telefonema. Para o postal! Não, não havia desculpa. Tinham mesmo uma incompatibilidade verbal.
Hoje decidida a comprar uma prenda deixei-me passear pelas ruas de Glasgow, que agora se encheu de flores brancas e cor de rosa, com uma luz surpreendente. As pessoas andavam com ar domingueiro, aproveitando o sol, devagar, com ar bem disposto. E eu vi finalmente de onde vem o fascínio desta cidade. Passei não por um, mas por 20 cafés, bares, restaurantes, lojas que tentei memorizar, fazer nota mental de voltar. Subi (e desci) a University Avenue, com os edifícios que mais parecem palácios onde se escondem personagens do Harry Potter, as suas torres pontiagudas e portões em talha dourada.
Ao chegar a casa, finalmente ligando os pontos, finalmente sabendo como se vai de um lugar ao outro, lembrei-me de ti. E de como não tenho palavras para medir a pena de não estares a acompanhar mais esta aventura. Ias gostar desta cidade pouco óbvia, pouco fotografável. Ias gostar dos bares sempre com música ao vivo. Do parque, povoado de gente a ler, a beber, a conversar. Irias, com certeza, partilhar o meu entusiasmo pelo sotaque escocês. Talvez pudessemos competir pela melhor imitação.
Meto a chave na porta e pouso os sacos no chão. A minha casa desfuncional e suja, o chão que range, os tectos altos, os meus postais na parede. Não sabes de nada disto. Tal como nunca te sentaste a beber café no meu jardim em Cardiff. Se calhar foram muitas mudanças. Se calhar não conseguias viver com um pé em cada sítio. Mas eu, que dou os meus passos inseguros neste mundo eternamente novo, sinto a falta da tua companhia. Das tuas perguntas, das tuas explicações, da tua curiosidade. Tenho tanta pena de já não estares aqui.
Há petróleo na costa portuguesa? Para saber a resposta é comprar a Super Interessante de Maio, já nas bancas, e ler o meu fascinante artigo!

Guilty pleasure

Não consigo parar de cantar isto:

quarta-feira, 20 de abril de 2011

I (heart) Scotland

Ontem a minha companheira de casa, não só escocesa mas glaswegian de gema, disse: “I haven’t been in St Andrews since I was a wee lassie”.
Quase a abracei!

domingo, 17 de abril de 2011

Mundo da restauração - Parte II

Pois que estou de volta. Depois de mais uma fase de pânico "ó meu Deus como é que eu vou pagar as contas??" e de "e se não encontro um part-time??" as coisas encaminharam-se e cá estou de farda outra vez.
Ainda não contei a todos os meus amigos cardiffianos que é um restaurante espanhol. É que eles vão achar um piadão e eu tendo a evitar momentos em que as pessoas se riem de mim. Se bem que tenho que admitir a ironia da coisa. Passei o último ano e meio a explicar que não, não sou espanhola, que Barcelona é de facto muito bonita mas eu só lá fui de férias, que não tem de quê mas "gracias" não é "thank you" em português e que mesmo que o hino espanhol tivesse letra eu provavelmente não a saberia - porque eu não sou espanhola. Pois agora, lixas-te, vai lá trabalhar num restaurante de tapas, paella e vinho rioja.
Ora então, depois de uma experiência na terça-feira para ver se eu me safava, eis que ontem tive o meu primeiro turno. Uma pessoa pode pensar que quem já trabalhou num restaurante sabe trabalhar em todos. Isto não podia estar mais longe da verdade - digo eu e a minha vasta experiência de 6 meses no mundo da restauração e hotelaria.
O restaurante é giro que se farta, a camisa que me deram é à vontade uns 4 números acima mas a malta é muito simpática. Está tudo muito bem organizado, o restaurante tem zonas um, dois, três e quatro. E há equipas para fazer tudo. Há o pessoal da entrada (marcações, levar à mesa, e coisas dessas mais chiques - são os managers que tratam), há a equipa que leva a comida à mesa, a que leva as bebidas, há o pessoal do bar (que faz as bebidas) e os que tiram os pedidos dos clientes e levantam os pratos. E a cozinha, claro.
Ora na terça-feira explicam-me, então, isto tudo, passeiam-me pelas instalações e apresentam-me àquilo que até hoje é a minha grande dor de cabeça (e desconfio que será até ao último dia ): o número das mesas. 101, 102, 103 - "mas a 103, que é aquela grande, às vezes divide-se ao meio então passa a ser 103 e 113" - 104, 105, 115 - "ninguém sabe porque mas a seguir à 105 há uma 115" - 106, 107. Depois salta para a 200 - "aquela pequena no canto" que não está por ordem" e seque até... desculpem mas não sei porque algumas "mesas" das 2 estão no bar e eu perco-me. Além disso acho que a 201 é aquela grande que eu nunca encontro. Adiante: as 3 acho que dominei, fazem um L junto à parede, a do canto é a 305 - "o mais fácil é decorares os cantos e assim podes contar para a frente e para trás. Um pequeno quizz: esta qual é? Eu: 40...3? Chefe: 409. Decora". As 4 também não são muito difíceis depois de se aprender que seguem em cobra - wtf? - mas como são muitas eu cada vez que levo alguma coisa vou a contar: 402, 403, 404, 405, 406... 407! Ah, pois, bastava ver que a 407 é a do fundo. Eles bem me tentaram convencer que isto tem uma lógica.
Bem, mas já estou a pôr a carroça à frente dos bois. Estava a contar-vos então da minha experiência na terça-feira. Um dos managers, depois destas prévias explicações, diz-me "Isto hoje está muito calmo, não vai haver muito para fazer, mas ficas ali com o Keni - que mais tarde descobri que se escreve Queni e julgo que isso se explica por ser da Lituânia, ou pelo menos foi o que eu percebi - e vais fazendo o que ele faz". O Queni é uma jóia de rapaz, um tanto "professor" demais mas convenhamos que eu estava a precisar, e a coisa foi. Eu que estava habituada a um restaurante em que eu fazia tudo menos cozinhar, achei que aquilo era fácil: eu só tinha que tirar os pedidos das bebidas e da comida e colocar no computador. E ir tirando os pratos de tapas vazios e voltar a pôr a mesa quando os clientes saissem - e é um set básico, é só levar um prato para a mesa, que já tem os talheres e o guardanapo. Fácil, fácil.
Bom. Fácil, fácil não terá sido. Esqueci-me quase sempre de tirar os menus depois dos pedidos e de cada vez que voltava para o computador o Queni dizia: "perguntaste se queriam pão e azeitonas?". Eu dizia "merda" para dentro e fazia cara de quem tinha realmente dito e ele mandava-me de volta à mesa para a pergunta standard. Eles nunca queriam. Não sei se foi do timing.
De qualquer forma a tarefa não era difícil e era fisicamente leve já que a única coisa que levamos são os pratos vazios e como são tapas vai-se levando um aqui, outro ali e no fim não há uma quantidade enorme para levantar. Quanto ao "estar calmo", achei o restaurante cheio já que todas as mesas estavam ocupadas. Mas isso foi porque ainda não tinha ido sábado.
Ora sábado ia com ar de quem já a sabia toda. "Desde que me coloquem nas mesmas mesas, está tudo bem". Sabia que ia ter que olhar para o mapa das mesas uma média de 45 vezes em cinco horas mas tudo bem. E fui repetindo para mim mesma "Deixem-me então levar os menus", "Gostariam que trouxesse pão e azeitonas?". Mas eis que o meu mundo sofre uma reviravolta.
"Hoje estás nas bebidas", é a primeira coisa que oiço quando entro. Pergunto-me o que isso quererá dizer. Queria dizer que tinha que estar junto ao bar e ir levando todas as bebidas que iam sendo pedidas - o restaurante é todo informatizado e quando os pedidos são postos no sistema o pessoal do bar recebe um papelinho que surge de forma mágica de uma maquineta.
Muito skill de tabuleiro necessário - eu sou uma nódoa na arte do equilibrismo mas já tenho alguma prática (e ainda sou uma nódoa, imaginem se não tivesse). Ok, I can do it. Saber onde ficavam o raio das mesas foi o exercício mental mais puxado que fiz durante 5 horas seguidas nos últimos anos, a sério que foi. Acabei com uma dor de cabeça surpreendente. Mas o pior não foi isso.
O pior, amigos, foi algo embaraçoso. Eu sou jovem, saudável, tenho (tinha) amigos. Estive por duas fases diferentes na universidade. Não tenho crenças religiosas ou morais que me impeçam de consumir alcool. No entanto, eu mal sabia abrir uma garrafa de vinho - com rolha. No Reino Unido as garrafas são todas com tampa de desenroscar e eu passava a vida com a lengalenga que Portugal é o maior produtor de rolhas do mundo e blá blá blá. E como aquelas tampas eram uma vergonha. Pois toma lá que te lixas. Acabas num restaurante espanhol e já não há cá abertura fácil. É para ver se aprendes a estar calada. A cena que se passou ontem foi realmente embaraçosa:
- "Bom, com o vinho já sabes, os nossos tintos da casa são estes, os brancos são estes. Deves abrir o vinho na mesa e colocar um pouco em cada copo para os clientes provarem primeiro. Está aqui o teu saca-rolhas."
- "Eu tenho que confessar que não tenho muita prática a abrir garrafas"
- "Ah, eu mostro-te"
Segue-se demonstração e eu a pensar "piece of cake". "Agora tenta lá". Toda a minha graciosidade, elegância e equilíbrio ali a convergir para uma única tarefa. Não sei se captaram a ironia.
Três pessoas diferentes vieram dar-me as suas dicas pessoais: rodas o saca-rolhas, não a garrafa, dobra a perna que ajuda, puxa pela ponta do cabo e não pelo meio. Eu absorvi aquilo tudo, benzi-me e esperei que os clientes estivessem concentrados demais nas suas conversas para repararem na ginástica que eu estava a fazer para abrir as garrafas.
Nada que um "aiii sabe que hoje é o meu primeiro dia" não resolva. E desta vez era mesmo verdade.
Quinta-feira há mais. Muchas gracias.

P.S. Todos os rapazes que trabalham neste restaurante são giros. O sistema das gorjetas é uma roubalheira e praticamente não as recebemos. Mas os rapazes são giros 'pa caraças. Valha-nos isso.

sábado, 16 de abril de 2011

É pá...

...detesto a palavra "tuga".

"Uma grande escola"

Hoje lembrei-me de uma lugar comum que volta e meia oiço no mundo do jornalismo. É esse de que se "aprende muito " a trabalhar num tablóide, que é "uma grande escola". Sempre achei isto uma idiotice pegada. Pior, acho perigoso. Aprende-se muito a acompanhar o trabalho dos melhores, não dos piores. Uma grande escola é estar num bom meio de comunicação, onde se respeitam as regras deontológicas, onde se desafiam os preconceitos da sociedade, onde se é rigoroso, onde se exerce a criatividade, onde se investiga, onde se reflecte sobre a actualidade e não apenas vomita factos sobre ela. Um tablóide pode ensinar-nos a lei do mais forte. Mas o jornalismo não é nem deve ser uma selva. E nós devemos tentar distanciarmo-nos do comportamento animal.

Profissional

Este ano faço 25. É idade de gente grande. Aos 25 já não somos miúdos, somos jovens mas adultos. E eu nunca pensei que aos 25 anos (ainda tenho 24 mas o que conta é a ideia) me sentisse tão inexperiente. Como jornalista não sei nada. Afinal o que é que eu já fiz? Muito pouco. Estou a anos luz de me sentir confiante a escrever seja o que for. Se não for escrever então esqueçam, nem sequer saberia por onde começar. Continuo a ter as mesmas dúvidas e a cometer os mesmos erros e a sentir-me como no primeiro dia de estágio. Gostava mesmo de me sentir profissional, principalmente neste mundo tão fascinante. Gostava de saber "é aqui que eu trabalho", de perceber o sistema - de ser parte do sistema - e de sentir que sei o que estou a fazer. De não precisar de perguntar, de pedir ajuda. Afinal o que aconteceu? O mesmo se passa com os meus part-times. Hoje começo a trabalhar num restaurante novo e toda a espera que me saia bem pois "já tenho experiência". Na verdade sinto-me tudo menos experiente. Não faço ideia do que faço, apenas tento ser simpática e prestável. Mas sou desajeitada e esquecida, dois dos maiores pecados de um empregado de mesa. Gostava de saber quando vou deixar de ser a eterna estagiária que está sempre a perguntar como é que se faz. Mesmo que não seja um estágio.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Hahahaha!

Mal posso esperar por isto!

Isto de fazer entrevistas a cientistas...

...é muito giro mas deixa-me o cérebro em papa.

Don’t be a pussy

Enquanto preparo o feed da semana que vem, pus-me a ler uma entrevista com a actriz Sofia Bush (One Tree Hill) e encontrei esta interessante citação, que veio em resposta a uma pergunta sobre o seu envolvimento em campanhas de direitos das mulheres:

“I find it really irritating when guys are teasing their guy friends and they’re saying, ‘C’mon, man up, don’t be a pussy.’ It’s like, really? It’s a vulgar, pornographic term out there for a women’s anatomy, and that’s what you call a guy who isn’t man enough? Why? Where did that come from? It seems like not a big deal at the end of the day; I hear it all the time and I understand that it’s not. But when you really start to think about what the subtext of it means, it’s interesting.”

*A entrevista estará disponível segunda-feira em http://www.streetnewsservice.org/

quarta-feira, 13 de abril de 2011

FMI, prepara-te

Desta vez a Pipoca teve mesmo, mesmo graça e acertou na mouche. Excelente post.

Moderninha

Quando o ano começou eu decidi que ia ser uma pessoa diferente. Bem, diferente não, mas digamos que uma improved version. Mais “Why not?”, bora lá, não tenho nada a perder – ou tenho, mas caraças, a vida são dois dias. E assim foi. Ainda é um work in progress mas está a ir.
O que eu não percebi foi que há mudanças que não vão lá com decisões racionais. Eu não sou moderninha. Tentei mas falhei. Tentei tanto que me irritei com a minha falta de personalidade. Então venho aqui dar um pequeno twist na minha definição desta resolução de ano novo : “Isto é o que temos, não gostas, tens bom remédio”.
Isto sim, sou eu a ser moderninha.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Street News Service no seu melhor

Porque esta semana temos um feed especialmente bom, com histórias de qualidade, e porque a nossa top story é assinada pela minha grande amiga Eva Fernández Ortiz, aproveito para fazer publicidade descarada. Merece. Protect your daughter, iron their breasts é um trabalho que não merecia estar na gaveta; tem tudo o que um bom jornalista deseja: pesquisa de campo, fontes oficiais, uma história desconhecida, interesse humano, números, e vozes pouco ouvidas. É sobre educação, saúde, género, pobreza, ignorância, diferenças culturais. E ela esteve lá, nos Camarões, a conhecer pessoalmente cada caso, não se baseou em press releases de lado nenhum.
Como disse, é uma boa semana para o Street News Service. Espreitem o site. Tem muita coisa interessante. Eu gosto especialmente de um artigo sobre casais que decidem dar o nó em Robben Island...

domingo, 10 de abril de 2011

Edimburgo

Foi amor à primeira vista. Tudo vou fazer para ficarmos juntos.


























Hoje é um daqueles dias em que, sem razão aparente, sinto que isto se vai tudo encaminhar.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Tenho arrepios quando leio isto

Ajuda a Portugal eleva-se a 80 mil milhões de euros

Isabel Arriaga e Cunha, em Gödöllö, Hungria

O programa de assistência financeira da União Europeia (UE) e do FMI a Portugal deverá elevar-se a 80 mil milhões de euros, incluindo uma vertente dirigida aos bancos, e, se tudo correr bem, será aprovada pelos ministros europeus das finanças na sua próxima reunião de 16 de Maio.

Estas decisões foram tomadas pelos ministros das finanças da zona euro e da União Europeia (UE) durante uma reunião cujas primeiras horas foram integralmente dedicadas à análise do pedido de ajuda formalizado ontem à noite pelo Governo.

A preparação do programa de ajustamento económico que constitui a contrapartida da ajuda vai “começar imediatamente”, afirmaram Jean-Claude Juncker, ministro das finanças do Luxemburgo e presidente do eurogrupo, e Olli Rehn, comissário europeu responsável pela Economia e Finanças.

O Programa de Estabilidade (PEC IV) apresentado pelo Governo em Março, mas rejeitado pela oposição, será “o ponto de partida” do programa de ajustamento, e terá de incluir “um ajustamento orçamental ambicioso”, reformas estruturais para, entre outros aspectos, eliminar a rigidez do mercado de trabalho e corrigir os desequilíbrios macroeconómicos, embora “salvaguardando a posição económica e social” dos cidadãos.


P.S Gödöllö, belo nome.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Stay hungry, stay foolish

"In the past 33 years, I've looked in the mirror every morning and asked myself 'If today were the last day of my life, would I want to do what I'm about to do today?' And whenever the answer has been 'no' for too many days in a row I know I need to change something" Dica do emot

Expressão do dia:

"Bailing out Portugal"

quarta-feira, 6 de abril de 2011

A frase feita está sempre lá a espreitar: "A vida continua". Como detesto esta frase. Nem sempre a vida continua. Sim, continuamos vivos, mecanicamente activos, mas quantas vezes a vida não pára? Quantas vezes não ficamos presos num acontecimento? Presos no tempo?
A vida continua mas eu não quero que assim seja. Não. Não quero que o meu novelo de histórias se desenrole da minha mão, como se tivesse vontade própria e eu não o pudesse deter. A minha história, a minha vida, sempre tão enrolada e intimamente envolvida com outros, não quer continuar. Quer voltar atrás, e dar nós nos fios do novelo.
Porque o pior é vermos como a vida realmente continuou para os outros. A vida que era também nossa já não nos pertence. Continuou. Foi-se. Já nada tem de nossa se não recordações...vagas. (fingertips have memories) E nós aqui, paramos no tempo, não deixando a vida seguir, continuar, apenas permitindo que ela escorra como água que não se consegue agarrar.

Cidades

Desde que me mudei para a Escócia tenho recebido várias mensagens entusiasmadas "Ena! Escócia, espectacular, vou-te visitar!". Eu percebo. A Escócia tem aquela mística. Mas não consigo deixar de pensar como Glasgow é apenas uma cidade grande e um pouco feiosa. É claro que sei que as pessoas fazem as cidades e é por isso que penso assim. Cardiff não é propriamente Praga, no entanto tenho-lhe um carinho desmesurado.
Quando penso no ano que passou nem consigo acreditar. Nas histórias que ouvi, que partilhei, na imensidão de coisas que aprendi, na pessoa maior e melhor que sou. Tudo graças a Cardiff, esse pano de fundo perfeito para a minha experiência internacional.
Já me perguntaram se foi tipo Erasmus. Eu diria que sim, vezes 10. Com menos farra mas com relações mais intensas, com Amigos de A maiúsculo. Erasmus foi a minha introdução ao melting pot do mundo, Cardiff foi um abrir de olhos sobre a humanidade.
É verdade que há poucos sítios para se ir em Cardiff e que chove muito. Mas fiz o meu primeiro boneco de neve e tive a polícia a bater-me à porta numa noite de guitarra e cantorias mais intensa. Cardiff viu-me pular de alegria pura, viu-me tremer de nervosismo, viu-me morrer de cansaço, viu-me chorar de desespero, viu-me ensaiar idiomas e treinar sotaques.
Cardiff ensinou-me a trabalhar num hotel e num restaurante e a produzir um jornal do zero. Cardiff vendeu-me café mau e caro demais e deu-me um cartão para entrar na universidade a meio da noite. Cardiff ensinou-me a arte de debater relações internacionais no meio de 25 nacionalidades. Cardiff assistiu comigo a maratonas de Regresso ao Futuro pela noite a dentro. Cardiff fez-me uma jornalista melhor.
Cardiff tem história. Tem a cara de muitos e queridos amigos, dos quais morro de saudades. Cardiff pode ser apenas uma cidade pequena, estudantil, mas as pessoas e os dias fizeram dela um dos meus lugares preferidos. Onde me sinto em casa.
Por isso quando as pessoas me dizem algo como "agora sim!" por estar na Escócia, não consigo evitar uma careta. Porque esta cidade não me abraça, não brinda com vinho barato e não me deixa ir a pé para casa.
Venham visitar-me. Mas não esperem que, tão cedo, troque o dragão pelo kilt.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

O pequeno Se

De vez em quando dou por mim presa nesse pequeno "Se". Se as coisas tivessem sido diferentes... se eu tivesse voltado antes, se tu tivesses arriscado, se tivessemos desenhado um plano. Seríamos imbatíveis? Seríamos realmente tão felizes quanto gosto de imaginar? Ou será todo este exercício de "ses" uma forma de enganar essa verdade amarga de que não havia volta a dar.
Nunca saberei. Mas não consigo deixar de ouvir essa voz baixinho que nas noites mais escuras me diz "E se...?"

domingo, 3 de abril de 2011

Fashion statement

Chamem-me retrógada mas sandálias abertas com collants é foleiro. Se é preciso usar collants é sinal que está frio e se devem usar sapatos fechados. Quando o senso de estilo falta, basta recorrer à lógica.

E tenho dito.

Uma descoberta brilhante

This is not porn, this is pure beauty. Para quem gosta de fotografia.

Tracey e Silly, vão adorar.

Botanic Gardens























sábado, 2 de abril de 2011

Scotland's national treat

O meu conhecimento da Escócia pouco passava dos kilts. Mas hoje eu sei algo absolutamente essencial: Tunnock's Caramel Wafer.

Vende-se em todos os supermercados, lojas e lojinhas por meia dúzia de tostões. E é considerado "Scotland's national treat". A embalagem é adorável, mantém um look muito vintage e o produto já me conquistou:

"The Tunnock's Wafer, correctly known as the Tunnock's Milk Chocolate Coated Caramel Wafer Biscuit, is a bar consisting of five layers of wafer, interspersed with 4 layers of caramel. The bar itself is coated in chocolate, made from condensed milk. The wafers are wrapped in red and gold coloured foil. Dark chocolate wafers, wrapped blue and gold, are also available."

Em cada barra individual pode ler-se "more than 5,000,000 of these biscuits made and sold every week".

A marca é 100% escocesa e existe desde 1980. Além dos Wafers - que me parecem ser os mais populares - têm também Snowballs, Caramel Logs e Teacakes. O site é adorável.

Um pequeno pormenor que gostei de descobrir. E agora com licença, vou desembrulhar um Tunnock wafer.

Quando a ficção podia ser realidade

Eu sei que isto foi uma piada do Dia das Mentiras - uma absolutamente brilhante - mas parece-me boa ideia. Porque não? Futuro governo: aproveitem a dica!

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Nem tanto ao mar, nem tanto à terra

Se a minha experiência profissional não é propriamente extensa, é suficiente para saber que o local de trabalho é muito mais do que um sítio onde se trabalha - se me permitem a repetição. É também cenário de muita conversa, onde se geram amizades e ódios. Estão contempladas variadas pausas para cafés, cigarros, água, almoço, "reuniões" e muita fofoca. Comenta-se a actualidade, contam-se episódios engraçados, desabafa-se sobre a vida e claro, reclama-se dos colegas. É assim em todo o lado. Ou achava eu. No meu novo trabalho (estágio) as pessoas são super simpáticas. Não tenho nada a apontar. Mas ainda me custa a aceitar que ninguém pára para tomar café - vamos buscar o dito, trazemo-lo para a secretária e pronto. Pausa para o almoço também não existe propriamente. As pessoas saem para comprar uma sandes e voltam para a comer em frente ao computador. Saliento: não há no meu local de trabalho mau ambiente. É um espaço bastante descontraído. Mas as pessoas usam 95% do tempo para efectivamente trabalhar. De acordo com a minha experiência em Portugal, pelo menos duas horas do dia são usadas para "lazer" - e duas horas é uma estimativa bem por baixo. E disto tudo não sei o que pensar. Entendo bem agora como desperdiçamos tempo em Portugal, como se engonha aos quilos - sem contar com o tempo que se usa em frente do pc a escrever no facebook, ler blogs ou ver vídeos no YouTube. Mas a verdade é que o 'British style' também me parece um exagero. O trabalho também é - e deve ser - um espaço de socialização e é importante estabelecer uma relação com os nossos colegas. Ou isso ou eu é que não conheço mais ninguém em Glasgow e gostava de gastar algum do meu precioso horário a fazer fofoca.

D. Sebastião, se é para voltar, agora é a hora

E não é que o José Manuel Fernandes escreveu um artigo de opinião no Guardian?

Deep down, Portugal feels it has been playing catch-up for the last two centuries. After the loss of Brazil in 1820, and the failure to follow up on the promise of the industrial revolution, intellectuals began to speak of an "under-developed" Portugal – to contrast with the developed country of the previous centuries. It was around the same time that we saw the rise of "Sebastianismo" in Portuguese culture – that is, the longing for the reawakening of a national saviour figure, as the last ruler of the "golden dynasty", King Sebastian, had been, a sentiment kept alive by writers such as the 20th-century poet Fernando Pessoa.

Com um final arrepiante. De ler.

Novo blog!

Eu sempre gostei de escrever. Desde de que tenho memória, a palavra escrita foi sempre o meu presente de eleição. Poucos dos que me são próximos não terão uma cartinha, postal, nota, papel qualquer escrito por mim. Ainda hoje acredito que a melhor coisa para oferecer são palavras e nada me faz mais feliz que guardar papel escrito por outros. Se na infância tinha diários e na adolescência enchia as gavetas com desabafos a caneta, à medida que fui crescendo os meus rabiscos passaram a ser virtuais. Primeiros documentos de word guardados em pastas perdidas. Depois, a blogosfera e o sentido que faz ter alguém que nos leia. Escrever é, então, para mim, como respirar. Faz parte de estar vivo. Não é um sonho, um desejo, é uma necessidade. Hoje inicio a minha primeira contribuição para um blog de ficção. Os 7 Cronistas Cronicos, que muitos de vocês já conhecem, mudou de formato. A partir de agora iniciamos um processo criativo de produção de histórias. Um conto por semana, dois parágrafo por dia, cada dia uma visão diferente da história. A narrativa vai evoluir de forma imprevisível, sem sabermos como irá acabar, sem combinarmos qualquer rumo. Espero estar à altura. Os meus novos companheiros de escrita de certeza que estão.