Hoje decidida a comprar uma prenda deixei-me passear pelas ruas de Glasgow, que agora se encheu de flores brancas e cor de rosa, com uma luz surpreendente. As pessoas andavam com ar domingueiro, aproveitando o sol, devagar, com ar bem disposto. E eu vi finalmente de onde vem o fascínio desta cidade. Passei não por um, mas por 20 cafés, bares, restaurantes, lojas que tentei memorizar, fazer nota mental de voltar. Subi (e desci) a University Avenue, com os edifícios que mais parecem palácios onde se escondem personagens do Harry Potter, as suas torres pontiagudas e portões em talha dourada.
Ao chegar a casa, finalmente ligando os pontos, finalmente sabendo como se vai de um lugar ao outro, lembrei-me de ti. E de como não tenho palavras para medir a pena de não estares a acompanhar mais esta aventura. Ias gostar desta cidade pouco óbvia, pouco fotografável. Ias gostar dos bares sempre com música ao vivo. Do parque, povoado de gente a ler, a beber, a conversar. Irias, com certeza, partilhar o meu entusiasmo pelo sotaque escocês. Talvez pudessemos competir pela melhor imitação.
Meto a chave na porta e pouso os sacos no chão. A minha casa desfuncional e suja, o chão que range, os tectos altos, os meus postais na parede. Não sabes de nada disto. Tal como nunca te sentaste a beber café no meu jardim em Cardiff. Se calhar foram muitas mudanças. Se calhar não conseguias viver com um pé em cada sítio. Mas eu, que dou os meus passos inseguros neste mundo eternamente novo, sinto a falta da tua companhia. Das tuas perguntas, das tuas explicações, da tua curiosidade. Tenho tanta pena de já não estares aqui.
1 comentário:
tenho de te ir visitar. não sou o "objecto poético" do texto, como diria a minha prof. de português há uns 10 anos, mas acho que também nos íamos divertir a descobrir essa cidade *
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