quarta-feira, 20 de agosto de 2008

A nacionalidade dos mortos

Sempre senti uma repulsa enorme pela obsessão mediática e social na busca pelos portugueses sempre que se dá alguma tragédia overseas.
O fenómeno já foi estudado e está legitimado. Aprendemo-lo na faculdade. Proximidade, dizem, faz parte dos valores notícia. Mas eu digo que há excepções para essa regra.
Perante o cenário aterrorizante do tsunami, metade da cobertura dedicou-se a colocar hipóteses rebuscadas sobre um português que talvez tenha ido lá passar férias.
A história repete-se sempre. Mais uma vez, agora com o acidente em Madrid, pelo menos cem mortos e já oiço o burburinho “De certeza que há portugueses”. Se as pessoas em questão tivessem familiares ou amigos a viajar para as Canárias, aí eu percebia. Agora assim… Parece que tudo respira de alívio quando não há portugueses.
Acho desprezível, miserável mesmo. Ora então, a morte de mil indonésios ou 90 espanhóis pouca mossa faz, o que importa é o compatriota desconhecido. Portanto, a vida humana tem mais ou menos valor consoante a nacionalidade das vítimas. Sinto mais a morte de alguém porque mora no mesmo país que eu? Que raio de lógica é essa?

3 comentários:

Rui Coelho disse...

olé.

Anónimo disse...

Olha que se for brasileiro também é uma morte mais importante, aliás, as notícias garantiam que não havia nenhum cidadão "luso-brasileiro" entre as vítimas.

Fátima disse...

pois, já me tinha lembrado disso. "ai deus queira que não houvessem portugueses no avião". hum? então e os outros? baahh. tou a imaginar a tua cara angustiada a dizer isto. hahah