quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Um espírito livre

A cada página que avanço no livro “O lado selvagem”, mais me intrigo com Chris McCandless. Creio que muitos lerão este livro e dirão que era um rapaz egoísta.
Desapareceu sem rasto da vida dos pais dedicados, com quem discutia frequentemente sempre que lhe davam recomendações.
McCandless queria testar os seus limites. Parece-me que não se importava muito com as consequências das suas aventuras. Mesmo que o preço fosse a morte. Não perdoava faltas de carácter, desonestidade. Censurava fortemente o comodismo.
Por isso quando os seus pais lhe disseram que deveria ter mais cuidado nas suas próximas férias sozinho pelo país, das quais voltara 15 quilos mais magro, irritou-se.
Chris não era mimado, era obstinadamente independente. Um espírito livre. Procurava a essência da vida nos desafios. Era exagerado na sua rectidão. Não admitia fraquezas de espírito.
A universidade, a casa, o bairro onde vivia. Tudo isso o oprimia. Queria viver da forma mais crua possível, sentir o mundo na pele. Obsessivamente. Por isso quando partiu na sua aventura não disse nada a ninguém, não quis ser encontrado.
É impossível não pensar na família que sofria de preocupação. Por outro lado, toda a gente já se sentiu sufocado com a obrigação de viver em função dos sentimentos dos outros. Chris sabia que os seus pais nunca entenderiam a sua sede pelo inóspito, pelo gelo do Alasca, a incerteza de ter o que comer no dia seguinte, a vida nómada, o encontro com o desconhecido, o não ter raízes. Poucos entenderiam, mas era a sua escolha, era a sua felicidade.
Fico na dúvida se o devo censurar ou não. Afinal, tivesse seguido a vida que os pais queriam para ele, teria sido eternamente infeliz. Só podia estar bem no extremo, isso fazia-o sentir vivo.
Coloca-se a questão: até que ponto devemos comprometer a nossa felicidade pelo bem-estar dos outros?

12 comentários:

Rui Coelho disse...

Lendo os teus últimos quatro textos, ficam aqui alguns dados para que o próximo (ou algures mais à frente) seja verdadeiramente teu; como se percebe ser essa a tua vontade:

- O meu primeiro interrail custou-me 900 euros em 16 dias. Bebi muito, comi pouco, dormi sem lençóis e vivi tanto até chegar a portugal após um par de dias seguidos em viagem, e três sem tomar banho.

- O meu segundo interrail custou-me 1000 euros em 18 dias. Bebi pouco, comi muito, dormi sobre impecáveis lençóis e vi mais do que vivi. Regressei cheiroso, de avião, à menino.

Posto isto, e se tás de férias como me quer parecer, age duas vezes antes de pensares.

(Fala quem se morde por não poder fazê-lo este verão)

Anónimo disse...

Essa é uma questão pertinente, sem dúvida, mas é tão dificil responder a isso...
Muitas vezes digo mentiras aos pais qd estou nalgum sitio / com alguém / ou a fazer alguma coisa que eles n aprovariam e sinto-me tão mal, não por mentir, porque é uma mentira com uma boa intenção, mas precisamente por estar a fazer algo q eles n aprovariam!
E sei q n adianta explicar coisas que eles nunca, nunquinha, jamais perceberiam, porque não se enquadram na geografia de entendimento deles...
Mas de outra forma, como lhes devo tudo o q tenho e q sou, sinto-me como se tivesse a traí-los...aos principios deles, porque apesar de para mim serem coisas normais para eles sao inconcebiveis...
Isto para dizer que, acho q devemos por em causa a nossa felicidade sim pelo bem estar dos outros, pelo menos no caso das pessoas q amamos... mas como em tudo impera o bom senso, se meus pais n querem q eu fale com a pessoa x , e eles n vão saber q tive com ela, da para mentir/omitir... coisas sem importancia, agora sair de casa e dar-lhe um desgosto de morte... sim, devemos por em causa a nossa felicidade para contribuir para o bem-estar dos q amamos.

Anónimo disse...

Ah, e ha outra questão i, como ficariam os teus pais se fizesses uma coisa dessas? Consegues imaginar? Conseguirias ser feliz, imaginando o sofrimento deles?
Acho q só mesmo o rapazinho da história, eu cá, pelo menos n conseguia...

Anónimo disse...

ESTE ANÓNIMO é mesmo parvo, devia fazer sangue no cócó como eu para deixar de ter a mania...
Cresce e "aparence"!

i disse...

Infelizmente Rui, não, não tenho férias este ano sequer...

Anónimo disse...

(o anonimo das 18:52 e 18:56)
pelo amor de Deus, este blog de dia para dia anda mais mal frequentado... Que eu disse de mal, sua criatura inominavel?

Anónimo disse...

Menina I, parece-me que já está na hora de implementar censura nestes comentários, haja paciência!

Anónimo disse...

Que nojo!
...
Em relação à pergunta, parece-me óbvio que n devemos sacrificar a nossa felicidade em prol do bem estar alheio, nunca!
e sim o rui tem razão, faz o interrail, n te arrependes!

Anónimo disse...

um amigo meu recomendou-me este blog dizendo q a autora escrevia coisas interessantes, mas era uma mimada e "paozinho sem sal".
1ª visita ao blog, sim de facto a autora escreve bem, mas os comentarios a este blog, por favor!
começo a suspeitar q seja ele a deixar estes comentários, mas se é, parece-me apenas "dor-de-cotovelo", n ligues I.

Anónimo disse...

Epa,
n sei q mal tem dizer q o meu cócó sai com sangue... isto é mesmo verdade, e já estou bastante preocupado, já tenho anemia e tudo, pode ser algo grave, n deviam gozar...

Anónimo disse...

E Sergio, n sou teu conhecido, pk eu pessoalmente n te conheço de lado nenhum!

Anónimo disse...

Ninguém ta a gozar o facto de "fazeres cócó com sangue", mas sim o facto de dizer uma coisa dessas aqui!
É absolutamente inoportuno e ridiculo!
Vai ao médico!
Ou se calhar ao veterinário!