quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Transportes públicos

Eu e os transportes públicos somos amigos íntimos. Não tão íntimos que corte as unhas no comboio, mas íntimos o suficiente para serem o único lugar onde escrevo longos romances mentais, de cabeça encostada no vidro. É neles que leio a maioria dos livros, revistas e jornais, e é neles que imagino guiões de filmes com a banda sonora do mp3.
São longas as dissertações nos transportes. Convidam-me sempre a pensar.
Conheço-lhes os truques. Gosto deles, na generalidade. Apesar dos momentos de desespero quando se perde um comboio por 30 segundos, quando o autocarro não chega à hora prevista ou quando a mudança de linha de metro tem humores (às vezes vamos muito bem, do Saldanha ao Marquês, do Marquês à Baixa, num instantinho, e depois amua e aí esperamos 20 minutos para fazer uma paragem).
Mas como acontece com tudo o que nos é próximo, começamos a ganhar irritações de estimação. Já nem falo dos loucos, são um facto adquirido. Todo o utente de transportes públicos já foi abordado por pessoas desequilibradas. Geralmente são momentos estranhos, mas cómicos (depois de ultrapassado o choque inicial). As histórias que podia agora contar...
Mas não são os loucos. Irritantes são aquelas pessoas que mal ouvem "Próxima paragem: Cais do Sodré" se levantam logo, apesar de demorar uns bons dois minutos até as portas abrirem. Acho ridículo que o façam, mas o problema nem é esse. É quando eu estou do lado de fora do banco e portanto tenho que me levantar para acalmar a sua aflição. Agarram apressadamente nos seus pertences e começam a olhar, a fazer movimentos insinuantes. Quando não estou nos meus dias deixo-me estar até que se levantem de vez ou peçam para sair.
Outra irritação de estimação são pessoas que levam música sem phones e nos obrigam a ouvir aquilo. Também há os que falar altíssimo ao telefone durante toda a viagem, impedindo qualquer tentativa de leitura. E claro, os rancorsos-do-restelo, que gritam impropérios quando aparecem aqueles senhores que tocam acordeão e cantam por umas moedinhas. Aí vêm todos os comentários xenófobos que me tiram do sério.

Como vêem, eu e os transportes somos assim: unha com carne.

P.S. Devido à enchente de comentários anónimos, vi-me obrigada a moderar os comentários para não baixar o nível do blog. Não obstante, prometo ser pouco rígida, podem comentar à vontade!

5 comentários:

Anónimo disse...

Eu cá, o q acho mesmo muito mau é qd as pessoas ralham umas com as outras por coisinhas de nada... do género um empurrão ligeiro ao sair, ou porq o metro está muito cheio!
tb ja apanhei uma velhota a ralhar com outra a altos berros, no autocarro, porq a senhora coitada levava um saco grande, e a 1ª dizia q o autocarro era para pessoas n para "carregos". A senhoire defendeu-se dizendo q precisava daquilo pa trabalhar, e a outra disse-lhe para apanhar um taxi, isto com o autocarro com meio da lotação, e indo a senhora de pé a um canto n incomodativo...
Estas coisas sim irritam!
E depois ha aquelas pessoas horrorosas (n quero ser preconceituosa, i, mas às vezes é preciso, q foram educadas sei la como ...)
e vão para os transportes ofender as pessoas.
Ja apanhei um, uma vez q fez montes de conversa, a para aí dois metros de distancia aos gritos, ao qual obviamente n respondi, e a pessoa em questão começou a chamar-me lixo em altos berros, isto é horrivel!
E mais, ja apanhei uns tipos, um dia num autocarro, a atirarem-se (fisicamente,mesmo) para cima de uma rapariga q estava sentada, à qual ninguem teve coragem de ajudar, pk estava toda a gente com medo!

Fátima disse...

ultimamente chegava ao comboio com tanto sono que não escrevia nada...mas na altura da faculdade, muitos posts do letras foram criados com os carris dos comboios como banda sonora. à tarde, a janela do comboio é a minha melhor amiga,e muitas vezes não resisto a adormecer...

Margarida disse...

A mim já me disseram que tinha um coração de pedra (não comprei a Cais) e que estava perdida como o resto da juventude (não reparei que ia uma velhota de pé). Já me confundiram com a "prima não-sei-quantas que estuda na Universidade de Lisboa", já me deram um murro no braço (não sei porquê, nunca percebi) e já leram o jornal em cima da minha cabeça.

Mas também já recebi um convite para ir ouvir um saxofonista não me lembro onde (porque acabei por não ir), já que o tal saxofonista, por acaso, estava a ler o mesmo livro que eu!

A vida nos transportes públicos é, de facto, mais emocionante do que no carro. Quando é que será que as pessoas vão perceber isso?

Anónimo disse...

Isto é tudo um pouco vulgar, ou é impressão minha?

Anónimo disse...

O q é vulgar? O post, o blog em si, ou os comentários? é q fikei sem perceber... :S