domingo, 16 de janeiro de 2011
Faz quase um mês que me sentei à mesa daquele restaurante indiano, com os pés molhados e o cabelo mais desalinhado do que era suposto. Ali sentada senti pela primeira vez que o meu coração se tinha movido para a boca. E enquanto tentava disfarçar com um sorriso, sentia o músculo ensanguentado, a bater, a rolar entre os meus dentes, a roçar na minha língua, a impedir o ar que queria passar na garganta. Pensei que iria vomitar o meu coração ali mesmo na mesa. Seria uma grande falta de educação, mas por momentos achei de facto que não iria conseguir conter tamanha massa de carne em ebulição de sair disparada, deixando-me assim sem o órgão que me mantém viva. Olhando para trás sei que foi mesmo por um triz.
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