"Esperaria até os sentimentos tornarem-se irremediáveis, as urgências de ambos serem inadiáveis. Esperaria pela crença que o invadiu. Logo ele, tão cético. Crença naquilo que acelerou seu peito ao vê-la pela primeira vez. Mudaria de cidade, largaria emprego, anularia os compromissos firmados. As pessoas entenderiam. Os amigos apoiariam. Pelo amor. Quer motivo mais sublime? Pelo amor. Faria isso acreditando que o desejo de possuir todas as mulheres do mundo concentrava-se numa só: ela.
Era o que ele devia ter dito, devia ter feito. Mas seguiu a vida igual e os velhos planos, achando que uma hora ou outra tudo se ajeitaria. Passou um ano. Ela casou-se. Ele continuou na mesma cidade, com o mesmo emprego e os compromissos que não lhe diziam nada. Toda noite, religiosamente, ia fechando os olhos devagar ainda com aquela crença forte e inabalável."
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